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Crítica | Blind (2014)

por Melissa Andrade
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Não apenas de filmes americanos nossos cinemas têm sido tomados ultimamente, o que podemos enxergar como uma verdadeira vitória e evolução. Principalmente se procuramos algo completamente fora do padrão convencional.

Blind é um filme norueguês com proposta interessante e que o faz grudar os olhos na tela, enquanto perambula a esmo por um apartamento junto com Ingrid, a personagem principal que por um acaso do destino, está cega.

A câmera o conduz por um filamento de sentidos que precisam ser absorvidos da mesma forma que Ingrid se habitua dentro de sua própria casa. Um apartamento espaçoso, minimalista e completamente branco, em contraste total à cegueira dela que é escura e a deixa perdida e confusa. Mesmo sendo casada, ela passa seus dias solitários a espera de que seu marido chegue para lhe proporcionar alguma companhia. Sua única distração é fazer chá com uma certa dificuldade, nos causando tensão e seu notebook com o qual ela consegue ouvir músicas e permanecer imóvel em uma cadeira até a noite. Em meio aos dias que parecem não ter fim, Ingrid vai narrando algumas histórias que se misturam à dela e à do marido conforme a trama vai caminhando e fica difícil saber até que ponto é tudo real ou simplesmente parte da imaginação de Ingrid.

As transições que foram brilhantemente construídas pelo diretor Eskil Vogt, que também assina o roteiro, conseguem prender o espectador de tal forma que chegamos a nos esquecer de Ingrid um pouco.

Enquanto ela está ali, sentada, imóvel, enfadonha, sua mente divaga com diversos pensamentos principalmente sobre o que seu marido faz quando não está em casa. Preocupada com a distância que tem se formado entre os dois, começa a fantasiar sobre prováveis encontros e essa nova realidade se mistura à dela, sendo impossível distinguir onde uma se separa da outra. E isso acaba se tornando algo difícil também para Ingrid, que passa a se enclausurar mais e mais no apartamento e desiste por completo da vida fora daquelas paredes brancas.

SPOILER

E graças a esse trabalho impecável de Vogt, nós também ficamos confusos até nos darmos conta de que Ingrid é uma escritora e todos os acontecimentos estão, na verdade, dentro da sua cabeça. Mas, até isso realmente ficar claro, todos os personagens são reais e Morten, o marido, está mesmo a traindo com Elin que é uma mãe solteira com filho e que também reencontrou seu amigo solitário de faculdade Einar que tem problemas.

Tudo isso fica mais evidente quando o filme está próximo ao fim e todas as cenas que mudam de forma drástica passam a ter completo sentido. Primeiro Elin tem um filho que logo se transforma em uma filha. A decoração do quarto muda e a mãe, que estava ali fazendo a cama da criança com tema de carros, precisa mudar toda a roupa de cama. Einar hora está sentado em um café com Morten, hora os dois estão tomando café no ônibus. Situações confusas que equivalem ao escrever e apagar de uma história ainda sendo criada.

FIM DO SPOILER

Blind, com toda simplicidade e elenco pequeno, porém, igualmente forte, é um filme extremamente bem elaborado e que merece toda atenção.

Blind (Blind – Noruega  2014)
Direção: Eskil Vogt
Roteiro: Eskil Vogt
Elenco: Ellen Dorrit Petersen, Henrik Rafaelsen, Vera Vitali, Marius Kolbenstvedt, Stella Kvam Young, Isak Nikolai Møller, Jacob Young, Nikki Butenschøn, Erle Kyllingmark, Tim Nansen
Duração: 91 min.

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