Home FilmesCríticasCatálogos Crítica | Cães Assassinos (2005)

Crítica | Cães Assassinos (2005)

Cães selvagens fazem grupo de jovens vivenciar jornada de horror.

por Leonardo Campos
895 views

Por ter o nome de Wes Craven estampado largamente nas peças da campanha de divulgação aqui no Brasil, Cães Assassinos é um filme que promete, mas não entrega o que esperamos. Se olhado pelo viés do cineasta na cadeira de produtor executivo, criamos expectativas, no entanto, o resultado é frustrante, mas não menos divertido e funcional enquanto puro entretenimento. Na época, Craven, geralmente genial, encontrava-se numa fase pouco iluminada de sua carreira. Após Pânico 3, desempenho menos interessante da franquia de Ghostface, o diretor acertou com Voo Noturno, suspense cheio de estilo e muito bem desenvolvido, além de encantar com um dos episódios de Paris, Eu Te Amo. Fora esses exemplares, o diretor voltaria a brilhar e demonstrar o seu talento no derradeiro Pânico 4, de 2011, último filme lançado antes de seu falecimento. Se na posição de diretor foi assim, imagina na produção? Foi o caso de Pulse e Cães Assassinos, narrativas com potencial desperdiçado pelo texto dramático e pela execução irregular.

Sob a direção de Nicholas Mastandrea, Cães Assassinos é um filme que mescla traços do horror ecológico com narrativa de confinamento para nos apresentar a história escrita pela dupla formada por Peter Wortmann e Robert Conte, material que rende os 96 minutos de muita adrenalina e perseguição envolvendo humanos e cães com sede de sangue. Na trama, os irmãos John (Oliver Hudson) e Matt (Eric Lively) herdam uma cabana do tio, situada numa ilha ideal para prática de atividades turísticas. Eles decidem partir para o local, acompanhados de um grupo diverso, sem esperar por algo nada agradável que os toma de assalto: cães ferozes geneticamente modificados, parte de uma experiência de treinamento bizarra que ocorreu no local há algum tempo. Quando o casal de turistas Luke (Nick Boraine) e Jenny (Lisa-Marie Schneider) é atacado logo na abertura clássica, sabemos que não será nada fácil para os jovens a luta pela sobrevivência diante desta situação macabra e intensa.

Completam o grupo: a forte e dinâmica Nick (Michelle Rodriguez), namorada de Matt e empreendedora de algumas ações importantes para a batalha diante dos cães ensandecidos; Sara (Taryn Manning), uma das primeiras a se tornar ferida. Noah (Hill Harper), um personagem negro estereotipado, algo típico dos filmes de terror prévios ao filosófico e politizado cinema de Jordan Peele (há algumas exceções anteriores, mas não cabe a reflexão aqui). Hospedados na casa inicialmente agradável, eles precisam lutar bastante e enfrentar as consequências de uma narrativa que garanto, não é tão otimista quanto se espera, fuga dos clichês que a torna menos irregular do que poderia ter sido. Um reinado de horror e violência os acomete, numa trama que preza pela tensão ao utilizar cães reais, em vez de CGI bizarro, algo recorrente nos filmes do segmento. Sem mostrar a ameaça de forma concreta em sua abertura, algo nos padrões do diretor de fotografia de Spielberg em Tubarão, Cães Assassinos cria mistério no preâmbulo, para aumentar a exposição de suas criaturas mais adiante. Mais uma vez, para um filme do estilo, o problema é o texto.

Filmado em meio ao espaço cenográfico do design de produção eficiente de Johnny Breedt, a narrativa conta com a direção de fotografia ensolarada e intensa de Giulio Biccari, também funcional em seus deslocamentos pelos espaços apertados dos cenários claustrofóbicos. Os elementos sonoros, cabe ressaltar, são muito importantes para o estabelecimento da atmosfera de tensão proposta por Cães Assassinos: a trilha sonora de Marcus Trumpp e o design de som de Jonathan Miller, ambos adequados para as propostas orçamentárias do filme. Não chegam a ser trabalhos considerados “obras-primas” do cinema, mas cumprem o seu dever se nos colocar mais para dentro da tensão “exalada” pela história. Os efeitos visuais, supervisionados pela equipe de Anton Voster, também fazem o dever de casa, ficando apenas os diálogos e o desenvolvimento dos personagens abaixo dos padrões exigidos para um filme do tipo. Ademais, destaque para as cenas externas de ação, definitivamente o que há de melhor na produção.

Cães Assassinos (The Breed, EUA/África do Sul/Alemanha – 2006)
Direção: Nick Mastandrea
Roteiro: Peter Wortmann, Robert Conte
Elenco: Eric Lively, Hill Harper, Lisa-Marie Schneider, Michelle Rodriguez, Nick Boraine, Oliver Hudson, Taryn Manning
Duração: 91 minutos

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais