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Crítica | Doctor Who: Excelis Dawns

Iris reencontra o 5º Doutor.

por Luiz Santiago
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Confesso que só me interessei em ouvir esse primeiro episódio da Excelis Saga porque ele traz ninguém menos que Iris Wildthyme como personagem, e eu tenho um pequeno projetinho de conhecer todas as aparições dessa maravilhosa personagem (uma das minhas favoritas absolutas) no Universo de Doctor Who. E para ser sincero, Iris é a única coisa que verdadeiramente vale os 90 minutos de duração dessa trama. E sim, eu sei que esta é “apenas” a primeira parte de uma tetralogia, mas a gente sabe como funciona a Big Finish ou qualquer outra produtora que investe em obras de continuidade a longo prazo. Os enredos são pensados para serem suficientes em si mesmos e, quando vistos num escopo dramático maior, fazerem sentido também nesse amplo campo.

Artaris é um planeta cheio de surpresas. Dele, não conhecemos muita coisa, a princípio, porque o roteiro de Paul Magrs foca apenas num microcosmo. Um convento no topo de uma montanha, onde está, já há algum tempo, uma nova irmã chamada Iris, que tem causado certo furor entre as congregadas. É um começo hilário, evidentemente, e funciona muitíssimo bem para apresentar a Deusa-Humana-Time-Lady, a Madre Superiora e as informações que precisamos para entender do que se trata a busca que Iris, o Doutor e Grayvorn (guerreiro e governante nativo de Artaris. Um megalomaníaco que buscava o controle total do planeta) fazem aqui. A relação inicial entre o Senhor do Tempo e Grayvorn é pautada por aquele tipo de parceria passivo-agressiva que não funciona muito bem quando uma das partes tem a personalidade do 5º Doutor, por isso todo esse aspecto da trama só conseguiu me irritar a prestação.

O espectador ri quando Iris recebe a missão da Madre Superiora, ao lado da Irmã Jolene, de procurar a tal “relíquia inestimável” e impedir que Grayvorn coloque as mãos nela. Algumas sugestões do que essa relíquia representa nos são dadas, mas o mistério maior sobre a peça, mantido durante toda a trama, ajuda a criar uma boa expectativa. Quando uma horda de zumbis aparece e alguns problemas com a TARDIS-ônibus de Iris atrapalham a viagem, o enredo começa a patinar, não sabendo como lidar com os personagens. As linhas escritas para Iris mantêm-se intocáveis (e vale dizer que a interpretação deliciosa de Katy Manning ajuda muito), mas chega um momento em que falta algo mais intenso para nos dar um nível maior de interesse pelo que se passa.

Iris e o 5º Doutor. Arte de Roger Langridge para a DWM #316.

Para o Doutor, os eventos de Excelis Dawns ocorrem durante a parte final de Frontios. Aqui, o Time Lord lembra-se da morte de Adric, em Earthshock, e há uma conversa muito bonita dele com Iris sobre o fato de estar mudando, de estar mais cuidadoso e “mais chato” em relação à segurança das pessoas à sua volta. Confesso que não percebi essa mudança de forma sólida e imediata na série, pelo menos até Frontios, já no meio da 21ª Temporada. Mas essa posição atenta e um certo complexo de culpa guiando as decisões do personagem são mesmo vistos nos três arcos finais da temporada. Todavia, pelo menos para mim, não foi absolutamente evidente. Minha análise para essas mudanças ocorre apenas aqui, em retrospecto, como uma derivação da conversa tida no presente episódio.

O gancho que o roteiro deixa para o próximo episódio da saga, Excelis Rising, é bastante óbvio: estava claro que Grayvorn (pelo menos ele) iria sobreviver! Afinal de contas, o autor não ia passar tanto tempo investindo em informações e desenvolvendo um antagonista de peso para simplesmente matá-lo no final da primeira parte da saga, não é mesmo? De minha parte, porém, tenho zero curiosidade de saber o que acontece no desenvolvimento dessa história. Ela realmente não me pegou. Devo pular imediatamente para a quarta parte, que, novamente, traz Iris e suas estripulias para o centro das atenções. Se não for uma boa história, pelo menos terá momentos divertidos, como essa aqui.

Doctor Who: Excelis Dawns (11 de fevereiro de 2002)
Direção: Gary Russell
Roteiro: Paul Magrs
Elenco: Peter Davison, Katy Manning, Anthony Head, Posy Miller, Patricia Leventon, Billy Miller
Duração: 90 min.

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