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Crítica | G.I. Joe: Retaliação

por Iann Jeliel
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G.I. Joe: Retaliação

G. I. Joe: A Origem de Cobra não obteve o mesmo sucesso que seu primo, a adaptação de brinquedos da Hasbro – vulgo Transformers –, obteve. Nem sequer em lucros ou elogios da crítica. No entanto, os produtores não queriam desistir da franquia, tampouco descartar os vários ganchos de continuidade colocados pelo primeiro filme. Assim, G. I. Joe: Retaliação surge como uma espécie de reebot que verborragicamente reimagina os eventos de A Origem de Cobra para continuar a história a partir de novos personagens e algumas mudanças radicais no enredo.

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SPOILERS MODERADOS

As mudanças são rapidamente apresentadas nos primeiros minutos do filme. Descobrimos que não é Ripcord (Marlon Wayans) o melhor amigo de Duke (Channing Tatum), mas sim Roadblock (Dwayne Johnson). A equipe que salvou Washington foi, na verdade, composta pelos dois, mais Lady Jay (Adrianne Palicki), Flint (D.J. Cotrona) e Snake Eyes (Ray Park) – descartando Scarlett (Rachel Nichols), Heavy (Adewale Akinnuoye-Agbaje) e até mesmo o General Hawk (Dennis Quaid). Duke e toda aquela sua história com Baronesa (Sienna Miller) e seu irmão Rex (Joseph Gordon-Levitt) que se transformou no Comandante Cobra (Luke Bracey) não aconteceu ou, no mínimo, é uma origem que não importa mais dramaticamente para essa história, visto que Duke morre nos primeiros minutos de projeção.

A origem de Destro (Christopher Eccleston) também fica como irrelevante e o personagem acaba afastado do filme – com a possibilidade de voltar numa continuação –, sendo substituído por Firefly (Ray Stevenson) como principal capanga de Cobra. Storm Shadow (Lee Byung-Hun) não morre como ficou subentendido e nem se explica como ele voltou (apenas aceite). O gancho do presidente dos EUA (Jonathan Pryce) sendo trocado por um impostor permanece, e é, inclusive, a principal premissa da narrativa.

FIM DOS SPOILERS
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Dentre tantas mudanças apresentadas, a mais significativa é o clima “realista” proposto pela direção de Jon M. Chu. Não existe mais aquele quartel ultra tecnológico e enfeitado do primeiro. Os G. I. Joe deixam de ser super-soldados e espiões secretos para serem forças especiais militares verossímeis, o que justifica serem exterminados rapidamente pelo governo controlado pelos vilões. Esse fato, inclusive, leva a história para um tom mais dramático, consequentemente sério. É nesse ponto de diferenciação que Retaliação encontra suas maiores virtudes e problemas.

Com a pegada mais pé no chão de sobrevivência, a ação possui um senso maior de vulnerabilidade dos personagens, numa pegada bem “filme de brucutu anos 80”, que é como ele quer se vender mesmo. The Rock e Bruce Willis não foram chamados para compor elenco à toa. Os astros, além de estarem nos posters principais para garantir um maior sucesso de bilheteria, trazem consigo essa atmosfera old school, de resolver situações complicadíssimas na marra, no braço musculoso segurando armas de grande porte.

Chu valoriza essa pancadaria “raiz” distribuindo espaçadamente seus momentos durante o enredo, numa filmagem com menos cortes e mais próxima do rosto dos personagens, de modo a sentirmos cada soco dado ou recebido. Para os momentos de artes marciais com os ninjas, a câmera abre um pouco para uma melhor compreensão da coreografia, onde inserções pontuais de câmera lenta dão aquele sentimento poético sobre as lutas. Não sendo presente a todo momento e usando majoritariamente efeitos práticos, a ação se torna mais limpa, bonita, embora continue espalhafatosa – aquela sequência das montanhas que o diga – e também canastrona. Empolga, tem um senso de agitação crescente interessante, mas inevitavelmente existem momentos de pausa que não funcionam.

Qualquer tentativa de desenvolvimento de personagens aqui é falha, e não faltam tentativas de sequências intimistas que tentam dizer algo além de seus estereótipos. Isso fica evidente no núcleo de jornada de redenção de Storm Shadow, com direito a um retcom bizarro nos flashbacks do primeiro filme, para ser plausível vê-lo lutando ao lado de Snake Eyes. Fora que o menor senso de descompromisso prejudica as inserções de humor, tornando-as forçadas, mesmo com o carisma dos atores principais. Prefiro o tom mais boboca e mentiroso de A Origem de Cobra, mas Retaliação, apesar desses problemas  – e do fato de ser mais um filme de ação do The Rock do que dos G. I. Joe –, ainda segue como uma adaptação divertida dos Comandos em Ação.

Versão Estendida

SPOILERS!

Para home-video e streamings, Retaliação ganhou uma versão estendida, com 12 minutos extras de filme. Em sua maioria, essas cenas são extensões das sequências de ação presentes na versão de cinema, adicionando mais tiros, explosões, pessoas morrendo, golpes nas lutas corpo a corpo. Contudo, essa versão traz suas cenas relevantes, com o intuito de fornecer um panorama mais completo da tentativa falha de desenvolvimento emocional dos personagens. Destaco inicialmente, uma sequência de bar, logo no início, que estabelece a conexão de amizade entre Duke e Roadblock, visando nos fazer sentir mais a perda dele, pouco adiante.

Há outra cena, mais para a metade do filme, que é um prólogo daquela vista nos cinemas, onde Lady Jay tira seu vestido vermelho enquanto conversa intimamente com Flint. Antes desse diálogo, Flint discute com Roadblock, ou seja, aquela interação tinha como objetivo fornecer conexões mais fortes entre os três. Existe também, mais cenas envolvendo Snake Eyes e Jinx (Elodie Yung), visando complementar o mini-arco dramaticamente irrelevante de aprendiz e mestre entre os dois. Também vale comentar brevemente de outras duas que dão coerência ao sequenciamento da história: a primeira mostra o processo de cirurgia em Storm Shadow na montanha, depois de receber uma grave queimadura – poderia ter tido outra mostrando como ele sobreviveu, não?; e a segunda mostra o momento em que o Comandante Cobra chegou no local onde estavam realizando a reunião de nações contra as armas nucleares. 

É aquilo: a versão estendida não muda em nada a experiência que foi obtida nos cinemas, mas continua sendo um filme divertido, ainda que com os mesmos problemas da versão original.

G.I. Joe: Retaliação (G.I. Joe: Retaliation | EUA, 2013)
Direção: Jon M. Chu
Roteiro: Rhett Reese, Paul Wernick
Elenco: Dwayne Johnson, Jonathan Pryce, Lee Byung-Hun, Elodie Yung, Ray Stevenson, D.J. Cotrona, Adrianne Palicki, Channing Tatum, Ray Park, Luke Bracey, Walton Goggins, Arnold Vosloo, Joseph Mazzello, Nick Erickson, RZA, Ravi Naidu, Matt Gerald, Bruce Willis, Nathan Takashige
Duração: 110 minutos – 122 minutos (Versão Estendida)

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