Dinâmico e com elementos de tensão ao melhor estilo slasher possível, Pânico na Floresta é uma narrativa mais recente, mas tributárias de diversos outros filmes de horror do passado. Apesar de Quadrilha de Sádicos e O Massacre da Serra Elétrica se apresentarem como as referências mais evidentes, há bastante coisa do esquecido O Terror Final no filme da família de degenerados e suas armadilhas mortais no interior de uma floresta cheia de perigos. Além do elo familiar na matança, o filme dos anos 1980, recentemente lançado no Brasil pela Versátil em sua coleção Slashers, traz personagens incautos em meio ao espaço dominado pelos monstros que decidem ceifar as suas vítimas com sanguinolência. Dirigido por Andrew Davis, o grande problema dessa narrativa de referência é o seu ritmo irregular. Além da ação, que demora mais de meia hora para emplacar, um erro fatal na condução de um slasher, a produção ainda mantém um tom morno ao longo de seu desenvolvimento, com personagens desinteressantes, o que impede qualquer catarse, mesmo que em seu desfecho, haja elementos de originalidade. Com breves 82 minutos de duração, a trilha de corpos estabelecida é mínima e a condução é muito preguiçosa.
Em sua abertura, um jovem casal perde o controle de sua moto em uma floresta, resultando na morte de um deles, que é logo encontrado pelo outro antes dela também ser assassinada em uma armadilha mirabolante. É o aviso: há algo de muito mortal nessa floresta frondosa. Semanas depois, um grupo de campistas chega ao local, e ao longo das interações iniciais, escutam uma história macabra, ao redor de uma fogueira, ao estilo Sexta-Feira 13 Parte 2, sobre uma adolescente que ficou louca após ser estuprada. A narrativa provoca inquietação enquanto o grupo tenta se divertir, mas eventos sinistros começam a ocorrer, como o desaparecimento de alguns integrantes e um clima de tensão cresce à medida que um assassino se revela. Conforme a narrativa avança, os campistas enfrentam uma série de perigos, incluindo a morte de um membro do grupo, a descoberta de elementos perturbadores em uma cabana abandonada e a confirmação de um assassino camuflado e de alta periculosidade. Após tentativas frustradas de escapar e de resgatar as vítimas, o grupo se vê lutando pela sobrevivência em um ambiente hostil, onde o algoz (ou os algozes) domina o espaço.
Lento para um slasher, mesmo com alguns elementos visuais interessantes e uma atmosfera de suspense que funciona entre um momento e outro, O Terror Final fica abaixo da média por conta de sua letargia. Financiado por Samuel Z. Arkoff, um produtor que buscava aproveitar o sucesso de outros filmes de terror da época, onde narrativas sangrentas e sombrias como Halloween: A Noite do Terror e Sexta-Feira 13 promoviam filas do lado de fora das bilheterias das salas de cinema, o slasher em questão fica devendo aos seus correlatos no quesito ação, mas como já mencionado, antecipou muitos elementos de tramas do tipo mais contemporâneas. Com a produção sob a responsabilidade de Joe Roth e um roteiro desenvolvido por três escritores, incluindo Ronald Shusett, as filmagens ocorreram em 1981 nas florestas do norte da Califórnia e no sul do Oregon, mas o lançamento só foi possível após dois anos, em 1983, por causa de problemas na burocracia da distribuição. Aqui no Brasil, seu lançamento tardio é de nicho, e as análises em torno de sua existência são praticamente inexistentes.
Em linhas gerais, O Terror Final tenta escapar de alguns lugares comuns do subgênero slasher da época, mas é uma trama que acaba presa em suas “próprias armadilhas”, um amado trocadilho estabelecido ainda enquanto assistia ao filme de terror cheio de potencial desperdiçado. Com cenografia assinada por Aleka Corwin, profissional que além da cabana na floresta e outros poucos elementos, possui pouca coisa para nos entregar na formação estética da narrativa, o que se destaca na visualidade é a boa direção de fotografia composta pelo próprio diretor Andrew Davis. Alguns movimentos e enquadramentos ajudam na construção da ambientação do slasher. A trilha sonora de Susan Justin é pouco expressiva, acoplada nos momentos errados, se apresentando como uma textura percussiva de pouca colaboração para a trama, elementos que, justapostos, entregam um terror abaixo da média, mas ainda melhor que muita coisa desqualificada nesse subgênero, amontoada na época.
O Terror Final (The Final Terror, Estados Unidos – 1983)
Direção: Andrew Davis
Roteiro: Jon George, Neil D. Hicks, Ronald Shusett
Elenco: John Friedrich, Donna Pinder, Adrian Zmed, Akosua Busia, Daryl Hannah, Lewis Smith, Ernest Harden Jr.
Duração: 82 minutos
