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Crítica | Os Dinossauros Vagam Novamente

Documentário expõe o legado de Jurassic Park e sua renovação com a franquia Jurassic World.

por Leonardo Campos
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Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, sob a direção de Colin Trevorrow e com a produção executiva de Steven Spielberg, não apenas reinventou a franquia clássica, mas também estabelece um novo paradigma para o uso de tecnologia cinematográfica na construção de narrativas fantásticas. A produção do documentário Os Dinossauros Vagam Novamente, com seus 16 minutos de duração, se destaca como uma valiosa aula sobre a linguagem cinematográfica contemporânea. Em sua narrativa breve, são explorados os desafios enfrentados pela equipe de produção, incluindo o elenco, que teve que mesclar seu talento dramático com as exigências de atuar em um ambiente repleto de telas verdes e animatrônicos. Este ambiente representa não apenas uma técnica, mas uma forma de arte que requer uma profunda conexão emocional e habilidade dos atores para tornar críveis essas interações com criaturas que, embora virtuais, são feitas para despertar uma sensação realista no público.

Um dos aspectos mais notáveis de Os Dinossauros Vagam Novamente é a forma como ele discute a evolução dos efeitos especiais desde o lançamento de Jurassic Park em 1993. A produção do novo filme não apenas revisita a nostálgica visão de Spielberg, mas a aprimora através de uma nova tecnologia que permite a criação de dinossauros com características mais intricadas e detalhadas. Essas adições tecnológicas estão longe de serem meros enfeites; elas transformam os dinossauros em personagens dinâmicos capazes de expressar emoções e interagir de maneira complexa com o enredo. Essa humanização virtual dos dinossauros traz à tona um dilema ético emocional que permeia a franquia: a vida, mesmo que feita digitalmente, provoca empatia e questionamentos sobre a natureza da criação e do controle que os humanos têm sobre as criaturas que uma vez dominaram a Terra.

O documentário também destaca a inclusão de dinossauros que não puderam aparecer em 1993 por limitações tecnológicas, mas que agora têm a chance de brilhar. Esta evolução leva ao destaque dos velociraptores, que agora ocupam um papel central na narrativa, muito além da visão limitada que tinha sido apresentada originalmente. Em contraste, o icônico Tiranossauro rex, que sempre foi a figura mais emblemática da franquia, agora encontra-se num papel secundário até seu grande retorno no clímax do filme. Esse contrastante papel dos dinossauros reflete as mudanças nas expectativas do público e nas histórias que os cineastas desejam contar, revelando um amadurecimento na forma como os personagens, sejam eles humanos ou criaturas do passado, são retratados na tela.

Um dos antagonistas mais intrigantes introduzidos em Jurassic World é o Indominus rex, um dinossauro híbrido que representa o ápice da mistura de genética aplicada à ficção científica. Criado a partir de um genoma complexo que combina várias espécies de dinossauros e até mesmo de animais modernos, o Indominus Rex não é apenas uma novidade estética, mas uma reflexão sombria sobre a ambição científica e as implicações éticas da manipulação genética. O personagem, como produto da mente do Dr. Henry Wu, serve como um alerta sobre a voracidade da exploração tecnológica: a promessa de progresso e lucro pode, em última análise, resultar em criações que desafiam o próprio conceito de controle humano sobre a natureza. Essa narrativa intrigante convida o público a refletir sobre a interação entre avanço científico e suas consequências, um tema que ressoa profundamente na cultura contemporânea.

Em suma, Os Dinossauros Vagam Novamente nos fornece uma visão impactante sobre o desenvolvimento da representação de dinossauros no cinema, destacando como a evolução tecnológica não apenas lança novas luzes sobre antigos conceitos, mas também oferece espaço para uma reflexão ética que torna a narrativa mais rica. As discussões sobre atuação e a realização dos efeitos especiais não são meras curiosidades, mas componentes cruciais que moldam nossa compreensão dos dinossauros como personagens significativos dentro da história. Assim, essa breve produção não apenas presta homenagem a uma franquia que continua a fascinar público de todas as idades, mas constrói uma ponte para o futuro das narrativas cinematográficas, onde a linha entre real e virtual se torna cada vez mais tênue e complexa. O que se estabelece é uma nova era de possibilidades emocionais e morais nas histórias que contamos sobre o passado, apresentando não apenas os dinossauros como criaturas extintas, mas como reflexões sobre a ambição humana e a natureza da criação.

É muito emocionante ver o envolvimento da equipe, deslumbrada com o processo ficcional proposto pela franquia. No geral, funciona também como excelente aula de linguagem cinematográfica. Outra atração desta vez é o monumental Mosassauro.  A criatura de destaque em Jurassic World foi um gênero de lagarto aquático carnívoro do período Cretáceo, viveu entre 70 e 66 milhões de anos atrás. Este magnífico predador, que podia atingir até 17 metros de comprimento e pesar cerca de 10 toneladas, se alimentava principalmente de uma variedade de presas, incluindo tartarugas, peixes grandes e até outros mosassauros menores. O nome Mosasaurus, que significa “lagarto do Mosa”, é uma referência ao rio onde os fósseis foram encontrados pela primeira vez. Muitas características de sua anatomia, como uma poderosa força de mordida de 13K, superavam até mesmo os enormes carnívoros terrestres da época, como o T-Rex.

No contexto contemporâneo, o Mosassauro é retratado na franquia como um predador voraz, particularmente atraído por tubarões, mas que também ataca outras criaturas, incluindo humanos. Os fósseis desse gigante foram descobertos em diversas partes do mundo, como América do Norte, Europa, África e Antártida, evidenciando sua adaptação a uma ampla gama de climas oceânicos, de tropicais a subpolares. Como um dos principais predadores de seu habitat, o mosassauro possuía um papel ecológico significativo, influenciando a estrutura e a diversidade dos ecossistemas marinhos. Paleontólogos acreditam que ele tinha um impacto profundo, pois sua presença sinaliza alterações na fauna local, incluindo a competição com outros grandes predadores, como o Prognathodon e o Tilossauro, que compartilhavam presas semelhantes. Essas interações sugerem que o Mosassauro não apenas dominou os oceanos onde habitava, mas também contribuiu para a complexidade das redes alimentares da época, caracterizando-se como um componente essencial do ecossistema marinho Cretáceo.

É o que descobrimos em Os Dinossauros Vagam Novamente: inovação e pesquisa no cinema.

Os Dinossauros Vagam Novamente (Jurassic World: Dinosaurs Roam Once Again, 2015)
Direção: Frank Marshall, Colin Trevorrow
Roteiro: Colin Trevorrow
Elenco: Steven Spielberg, Michael Crichton, Frank Marshall, Derek Connolly, Colin Trevorrow, John Schwartzman, Bryce Dallas Howar, Omar Sy, Chris Pratt, Vincent D’Onofrio, Patrick Crowley
Duração: 16 min.

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