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Crítica | Star Trek: Strange New Worlds – 2X10: Hegemony

O dilema de Pike.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

Mesmo numa temporada com altos e baixos, Strange New Worlds continua sendo um deleite semanal, passando por episódios de viagem no tempo, drama de tribunal, crossover com desenho animado e até musical! Como era de se esperar, o episódio final da temporada é mais denso e narrativamente ligado a grande efeitos à galáxia, diferente da abordagem íntima e em menor escala que assistimos por grande parte dessa segunda temporada. Com o retorno dos Gorn em uma espécie de sequência para os eventos de All Those Who Wander, vemos a Enterprise investigando uma colônia atacada na fronteira da federação, em que o U.S.S. Cayuga capitaneado por Batel acabou ficando na linha de fogo.

O primeiro elemento que me agrada no episódio é a posição de mais destaque dada a Pike, que vem sendo criminalmente subutilizado na temporada. É um episódio com diversas escolhas difíceis para o capitão, como obedecer ordens da Federação ou seguir seus instintos corajosos, e entre sacrificar ou salvar Batel, que em dado momento do episódio está “grávida” com ovos Gorn, à la Hemmer. Os dilemas e a carga pessoal com Batel criam um ótimo palco para Mount brilhar como líder da Enterprise em situações impossíveis, com destaque para o cliffhanger que torna o episódio duplo.

No mais, Hegemony também sai um pouco da abordagem de “um episódio por pessoa”, com a trama dando espaço para muitos personagens no melhor estilo de trabalho em equipe da série que vimos em Memento Mori. A façanha de Ortegas, o bloco espacial de Spock e Chapel e os momentos informacionais de La’an fazem parte de um bom conjunto, com todos dedicados em salvar seus companheiros, até mesmo os mais escanteados como Una e M’Benga. Temos um grupo em terra, outro tentando descobrir a interferência de comunicação, uma dupla salvando o dia no espaço e por aí vai. Nesse sentido, a introdução de Scotty (Martin Quinn) é fenomenal, já utilizando sua engenhosidade para ajudar na missão, em uma interpretação extremamente carismática de Quinn, que parece entender o equilíbrio entre sagacidade e humor do personagem.

Interessante, também, como é um “grande” episódio para o elenco. Não digo necessariamente épico, mas de alto valor de produção, momentos de muito escopo e características de blockbuster, passando pela destruição de naves e destroços no espaço, a proeza de pilotagem de Ortegas e a fantástica batalha sem gravidade de Chapel e Spock com um Gorn, sendo que aquele shot da nave pegando fogo em direção ao planeta enquanto o casal se abraça no espaço é uma das mais lindas sequências de pura ficção cientifica da série. O desfecho deixa as portas abertas para uma batalha entre naves que pode ser um início grandioso para a terceira temporada.

Tenho, porém, algumas reclamações com o núcleo na colônia. A produção recicla mais uma vez elementos da franquia Alien, mas dessa vez sem o mesmo nível de tensão que vimos em Memento Mori e mais próximo da falta de suspense de All Those Who Wander, com muitas sequências fracas e pouco cuidado narrativo para incorporar elementos de horror de forma efetiva. Sangue, figurantes morrendo e monstros estão lá, mas sem muito envolvimento atmosférico com a audiência. A falta de personalidade é complicada também, com muitas cenas copiadas diretamente da franquia dos xenomorfos, como o recuo do bebê Gorn frente à Batel ou a Chapel se esgueirando na nave. O fato de que sabemos que muitas das figuras em tela irão sobreviver tira o risco da morte para a maioria do elenco, razão pela qual a participação de Batel é vital, já que ela realmente tem chance de bater as botas.

Em uma temporada inconsistente, mas que também erra por ser corajosa, Hegemony é uma ótima finalização de temporada com uma trama mais densa e grandiosa para nos deixar ansiando pelo próximo ano. No equilíbrio entre o episódico e o sequencial do seriado, a season finale resgata os principais antagonistas da série e circula alguns bons arcos narrativos, principalmente para o tópico recorrente de relacionamentos da temporada. Penso que os répteis têm espaço para não serem apenas monstros genéricos, algo insinuado no diálogo de Pike com April, e posteriormente do capitão com La’an, o que pode trazer mais personalidade para essa briga na próxima temporada, que promete começar de maneira bombástica com a revelação do que Pike decidiu. Nos vemos na terceira temporada!

Star Trek: Strange New Worlds – 2X10: Hegemony (EUA, 10 de agosto de 2023)
Desenvolvimento: Akiva Goldsman, Jenny Lumet, Alex Kurtzman (baseado em personagens criados por Gene Roddenberry)
Direção: Maja Vrvillo
Roteiro: Henry Alonso Myers
Elenco: Anson Mount, Ethan Peck, Jess Bush, Christina Chong, Celia Rose Gooding, Melissa Navia, Babs Olusanmokun, Rebecca Romijn, Martin Quinn, Carol Kane
Duração: 62 min.

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