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Crítica | The Legend of Zelda: A Link Between Worlds

por Guilherme Coral
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estrelas 4,5

A Link to the Past foi o terceiro game da franquia The Legend of Zelda. Lançado em 1991, para SNES, ele abandonou o side-scrolling utilizado em The Adventure of Link, voltando às origens da série com sua câmera vista de cima. O game foi recebido positivamente e foi um dos grandes responsáveis pela grande popularidade da série.

Agora, 22 anos depois, foi lançado A Link Between Worlds, que funciona como uma sequência do jogo de 1991. Os elementos em comum entre os dois entrarei em detalhes ao longo desta crítica. O game de 3DS se passa seis gerações após os eventos de A Link to the Past.

A Link Between Worlds se inicia com Link sendo acordado por Gulley, o filho do ferreiro do qual Link é aprendiz. Desde já somos dados uma missão: entregar uma espada para o capitão, no castelo de Hyrule. Logo no início da trama já somos apresentados ao vilão, Yuga, um mago aficionado por beleza que tem o poder de transformar pessoas em pinturas. Pouco mais tarde descobrimos seus planos de capturar em pinturas todos os descendentes dos sete sábios (sages) e a própria princesa Zelda.

No primeiro combate com Yuga somos apresentados ao melhor elemento do jogo: a possibilidade nos transformarmos em uma pintura (através de um equipamento que ganhamos no início do jogo). Enquanto estamos mesclados com a parede podemos nos movimentar para a esquerda e direita e nos tornamos invulneráveis.

Com essa habilidade Prison Break teria meio episódio

Com essa habilidade Prison Break teria meio episódio

Ao saber das intenções malignas de Yuga partimos em busca dos três pingentes (Poder, Sabedoria e Coragem) que possibilitam nosso herói a portar a espada que derrota o mal: a famosa Master Sword. A história do game é simples, mas com interessantes e inesperados plot twists. As informações nos são dadas aos poucos e mesmo aqueles que não tiveram oportunidade de jogar A Link to the Past conseguirão entender tudo sem o menor problema.

Nessa jornada somos auxiliados pelo simpático Ravio, um mercador que se instaura na casa de Link e ali monta sua loja. Ravio é um dos melhores personagens do jogo e funciona em diversos momentos como um alívio cômico, juntamente de uma bruxinha Irene que nos transporta para localizações específicas (como um fast-travel).

Após a parte inicial do jogo somos introduzidos a Lorule, um universo paralelo de Hyrule que se encontra em total decadência. É um mundo hostil que leva a primeiro plano o clima sombrio que constantemente paira sobre A Link Between Worlds. É o Dark World do jogo de 1991 e um similar ao mundo de Ocarina of Time após sermos congelados no tempo.

Alguns dos personagens encontrados em Hyrule possuem seus equivalentes em Lorule. Zelda, por exemplo, é Hilda. Esses, contudo, não são iguais à sua contraparte. Hilda é uma princesa com um linguajar mais formal e transmite um clima mais pesado em seus diálogos, que aumentam ainda mais a sensação de desgraça passada pelo mundo sombrio de Lorule.

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The Legend of Hilda & Zelda

A transição entre esses dois mundos é feita através de diversas rachaduras que aparecem por todo o mapa. Podemos atravessar essas fendas nos mesclando com a parede – denotando que somente Link e Yuga podem fazer essa travessia. Uma das grandes diversões no jogo se dá na exploração, em descobrir como determinada parte de Hyrule se encontra em sua contraparte decadente.

Como em todos os games de Zelda, o que não podia faltar são as dungeons, também popularizadas como templos (principalmente graças a Ocarina of Time). São nesses que A Link Between Worlds se destaca. Todos os dungeons estão repletos de divertidos e criativos puzzles, enigmas a serem desvendados. Cada um deles faz uso de um item em específico e da habilidade de se tornar uma pintura. É realmente preciso parar e pensar em diversos momentos do jogo. E o melhor: esses desafios em nenhum momento ficam repetitivos.

Ao contrário dos jogos anteriores da franquia, os itens são alugados na loja de Ravio, não mais conseguimos eles nas dungeons. O aluguel dura até Link cair em batalha, momento no qual podemos escolher sair do jogo ou continuar. Em determinado ponto do jogo é aberta a possibilidade de comprar cada um dos itens por um preço exorbitante, mas não se preocupe: conseguir altas quantias de Rupees (a moeda de Zelda) não é nada difícil.

O sistema de aluguel de itens se encaixa perfeitamente com a mecânica do jogo e com um estímulo à criatividade do jogador, ao ponto que em várias situações mais de um item pode ser utilizado para desvendar o enigma. Todos esses equipamentos alugáveis estão disponíveis desde o início do jogo (à exceção de um).

Não, a Majora não está à venda

Não, a Majora não está à venda

Não se desespere, contudo, as dungeons ainda nos recompensam com o clássico heart container, que aumenta nossa vida em um coração e um item de upgrade de personagem. Há, portanto, ao longo do jogo um aumento do dano exercido por Link e diminuição da vida perdida por ataque sofrido, dentre outras melhorias.

Em A Link Between Worlds a barra de energia ganhou uma maior utilidade. Cada uso de qualquer item alugado gasta uma porção de energia. Se mesclar com a parede também diminui gradativamente a quantidade de energia. Essa barra se recarrega rapidamente com o tempo, funcionando como um equilibrado limitador das potencialidades do herói, tornando o jogo nem muito fácil nem muito difícil.

Existe, porém, uma quebra desse equilíbrio de dificuldade assim que entramos em Lorule. Até conseguirmos os primeiros upgrades para Link, os inimigos encontrados no mundo sombrio são de uma dificuldade muito superior aos encontrados em Hyrule. Essa quebra de expectativa do pulo do confortável para o difícil acaba atrapalhando a dinâmica do jogo. Não se preocupe, contudo, acabamos nos adaptando à essa dificuldade e ela vai gradativamente diminuindo com a progressão nos templos.

Entramos agora em um outro grande ponto positivo do game. As dungeons não possuem uma ordem específica para serem realizadas. É possível passar por cada uma delas em qualquer ordem. Essa liberdade se estende para o mapa, que é inteiramente acessível (salvo algumas localidades que requerem certo item).

Eu não lembrava desse canyon aqui...

Eu não lembrava desse canyon aqui…

Além da história principal do game, que se dá através da progressão pelos dungeons, existem também algumas side-quests. A mais notável delas é encontrar todos os filhotes maiamais para a Mother Maiamai. Existem 100 maiamais e a cada dez entregues temos um item de nossa escolha melhorado (desde que ele tenha sido comprado e não apenas alugado). Infelizmente a melhoria do item não afeta o jogo de maneira significativa, tirando grande parte do objetivo dessa longa, porém divertida, missão.

Um outro elemento opcional de A Link Between Worlds são as batalhas contra Shadow Links. Basicamente são batalhas contra Links personalizados por outros jogadores que encontramos através do streetpass do 3DS. Durante essas lutas utilizamos dois itens da nossa escolha contra um inimigo portando itens predefinidos por um jogador. Esse é um elemento inteiramente opcional, mas imperdível que definitivamente melhora a experiência do game, afinal, quem não se divertiu em lutar contra o Dark Link de Ocarina of Time?

Os gráficos do jogo fazem um bom uso das capacidades do 3DS sem fugir muito da estética de A Link to The Past. Espere, portanto, personagens “miniaturas” e um Link de cabelo castanho claro, ao contrário do loiro que vemos em Ocarina e Wind Waker. O tamanho dos personagens, entretanto, não tira a expressividade de cada um deles, que possuem personalidades bem construídas.

A trilha sonora de Ryo Nagamatsu é impecável, composta quase que inteiramente de arranjos das músicas de A Link to the Past, do mestre Koji Kondo. Elas se encaixam meticulosamente em cada ponto do jogo, contribuindo de maneira expressiva para o drama e o tom épico que o game adquire conforme progredimos nele.

Em uma época de overdose de remakes, sequencias, prelúdios, The Legend of Zelda: A Link Between Worlds, chega mostrando que pode ser uma sequência tão criativa e cativante quanto o original. O game expande a mitologia de A Link to The Past e garante diversão do início ao fim. Como um bom livro irá dar aquele sentimento de tristeza após o término, exigindo um replay imediato. Não é um jogo carente de erros, mas esses são ofuscados por todas as suas inúmeras qualidades.

The Legend of Zelda: A Link Between Worlds
Desenvolvedora:
 Nintendo
Lançamento: 22 de Novembro de 2013
Gênero: Aventura
Disponível para: Nintendo 3DS

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