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Crítica | Perry Rhodan – Livro 18: Os Rebeldes de Tuglan, de Clark Darlton

por Kevin Rick
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 18/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Reginald Bell, Alban, Daros, Rathon, Gucky, John Marshall, Karolan
Espaço: Tuglan
Tempo: 1975/1976

Se os dois livros anteriores criaram problemas que pouco agregam para o progresso da narrativa geral em busca da eternidade, e tampouco funcionaram como expressivas histórias contidas, sendo bem mais enrolações tediosas do que uma leitura pertinente e burlesca a qual estamos acostumados na série, o Livro 18 dá uma aula de como utilizar o molde de uma aventura mais ordinária. Os Rebeldes de Tuglan é relevante e impacta o Universo, além de entregar alguns dos melhores momentos cômicos de toda a saga de Perry e companhia.

Essa evolução de qualidade acontece majoritariamente pela inserção do rato-castor clandestino na narrativa, sendo posteriormente conhecido como Gucky. O personagem funciona como o estopim de múltiplas variações no encadeamento da série, tanto de mudança de dinâmica no grupo com um alienígena/mascote, a adição de um alívio cômico mais natural que o de Bell – que vinha sendo agradável, mas ainda muito insosso dada a personalidade sisuda do personagem -, e, principalmente, o acréscimo da imprevisibilidade não apenas por fatores externos ao grupo, mas dentro do convívio da Terceira Potência.

Nos primeiros livros a Thora exercia muito bem esse papel, apesar de ser em um viés de antipatia – ainda que os embates entre ela e Perry conseguiam ser divertidinhos -, de uma personagem no meio do grupo que poderia a qualquer instante ter decisões aleatórias que criariam conflitos. Esse tipo de elemento abre portas para os autores trabalharem o inesperado da aventura de formas mais heterogêneas, não tendo que seguir sempre a mesma cartilha.  Ainda acho que Thora, e em menor medida Crest, são mantidos em um papel de oposição, só que, digamos, de um modo mais controlado, burocrático e político – completamente interessantes pensando em atritos posteriores entre a Terra e Àrcon, mas de pouco efeito na atual busca d’O Imortal.

Gucky vem para quebrar o molde. A partir do momento que a ótima “prosa recreativa” de Darlton descreve o personagem carismático fuçando entre caixas, querendo brincar com os humanos e se divertindo à beça como uma criança em uma aventura, o leitor só pode abrir um sorrisão no rosto e adorar o personagem desde sua introdução. Gucky dá um respiro ao livro, não apenas comicamente, mas na questão da imprevisibilidade que citei. Logo no início da história, ele muda as coordenadas da Stardust-III, que iria para o Sistema Vega, e acaba caindo em um conflito político no planeta de Tuglan, parte do Império Galáctico de Àrcon.

Dessa forma, diferente do estilo narrativo de vários livros até aqui, nos quais as aventuras eram resultado de alguma busca de um objeto ou Ser da Terceira Potência, o décimo oitavo livro é quase um filler, uma mudança de percurso inesperada que entrega uma fantástica história “paralela” à trama principal, ao mesmo tempo que enriquece a mitologia do Perryverso ao nos dar mais contexto de outros planetas sob as asas de Àrcon, assim como sua imposição e decadência são vistas de diferentes perspectivas universais.

Assim, Os Rebeldes de Tuglan ganha essa carona episódica e ordinária, e digo isso no melhor sentido possível. Clark Darlton (meu autor favorito da série) se aproveita bastante da história autocontida para focar mais em Tuglan, em Gucky e na trama mais objetiva (do livro em si, não do arco), do que necessariamente na busca da eternidade ou nos próprios protagonistas. O fato dele iniciar o livro com Gucky, assim como mudar a chegada de Perry e companhia num planeta desconhecido ao explicar de antemão os conflitos políticos entre dois irmãos opostos, ditam o tom mais focado na divertida aventura corriqueira. Apesar de não ter o tempo para se aprofundar na sociedade “tuglaniana” como aconteceu em Ferrol, Darlton condensa com bastante cuidado e organicidade o lado político, o conflito familiar, as pequenas migalhas sobre a decadência de Árcon, e, claro, o maravilhoso humor e carisma dado por um rato-castor inesquecível e brincalhão. Os Rebeldes de Tuglan é um tremendo respiro narrativo, tanto no campo inesperado da aventura episódica quanto na adição de um bem-vindo humor. Que venha mais Gucky!

Gucky, o inteligente ser peludo do planeta Vagabundo, colocara Perry Rhodan em sérias dificuldades. Porém ninguém podia recriminar Gucky, pois ele, decisivamente para a regularização compensando seu erro. E, em última instância, aquele interlúdio em Tuglan deu a Perry Rhodan oportunidade de provar perante os arcônidas suas honestas intenções. E agora Rhodan se aproxima inapelavelmente de seu objetivo – onde O IMORTAL o aguarda…

Perry Rhodan – Livro 18: Os Rebeldes de Tuglan (Die Rebellen von Tuglan) — Alemanha, 05 de janeiro de 1962
Autor: Clark Darlton
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Maria Madalena Würth Teixeira
Editora no Brasil: Ediouro (1976)
110 páginas

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