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Crítica | The Flash – 6X15: The Exorcism of Nash Wells

por Giba Hoffmann
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  •  SPOILERS deste episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

Embora não desenvolva os ganchos preparados pelo episódio anterior no sentido específico que eu mais esperava (leia-se: com Barry Allen tomando as rédeas da situação pós-morte da Força de Aceleração), The Exorcism of Nash Wells consegue manter a boa qualidade dessa sequência de episódios e exemplificar do que a série é capaz, desde que a produção se esforce minimamente para desenvolver seus potenciais.

O que é legal é que esse episódio mostra aquilo que eu sempre defendo em relação a essas séries da CW: não é nem preciso dispensar o foco dramalhão-motivacional que pauta as produções do canal (voltadas a um público adolescente, imagino — faz tanto tempo que nem sei mais dessas coisas) para tornar a coisa mais palatável para um público mais amplo incluindo, é claro, o nerdão que no fundo preferiria estar assistindo a um bom episódio de desenho ou lendo um gibi do personagem. O capítulo traz, afinal de contas, uma enxurrada de cenas focadas na rememoração de sofrimentos passados e filosofadas profundas dos personagens sobre seu estado emocional. Mas, pelo menos para mim, a coisa funciona por dois motivos: 1. as cenas emergem de maneira orgânica e tem ressonância temática com o foco do episódio (a perda que Nash (Tom Cavanagh) sofreu no passado) e 2. elas não entram no roteiro em detrimento do desenvolvimento das outras subtramas.

Por falar nelas, quantas! Só não digo que a série chega a ter coisa demais acontecendo ao mesmo tempo porque o ritmo do episódio consegue sustentar cada um dos núcleos muito bem, sendo que cada um deles explora terrenos já conhecidos para o público que se mantém firme e forte no seriado até hoje. Fazendo um bom uso tanto da personagem de Cecile (Danielle Nicolet) quanto de várias tecnobugigangas já estabelecidas no passado da série, o resgate psíquico de Nash consegue ter tempo para explorar dramaticamente o seu passado que, embora não tenha me surpreendido, conseguiu me ganhar pela execução bem acabada das reações emocionais dos personagens. As sequências do passado de Nash, além de fazerem crescer o personagem, mostram um pouco do que é perdido em parte com o fim do multiverso — a total liberdade de explorar cenários totalmente distantes da usual Central City.

Na frente de casa, a subtrama envolvendo a Mestra dos Espelhos e sua disputa com o clã de meta-assassinos com poderes de luz (a descrição faz parecer mais maneiro do que de fato é!) trouxe excelentes sequências de ação, com destaque para os efeitos visuais dos poderes de Sunshine (Natalie Sharp). A dinâmica do Team Flash central — Barry, Cisco (Carlos Valdes) e Caitlin (Danielle Panabaker), claro! — consegue sustentar muito bem ambas as histórias da semana, e o Velocista Escarlate consegue bancar duas resoluções heroicas muito bacanas em tempo recorde. Sério, acho que já tivemos sequências de dez episódios que não tiveram um momento sequer para Barry quanto ele teve nos vinte minutos finais desse capítulo.

E isso foi uma virada e tanto, já que no comecinho do episódio eu comecei a perder fé de que continuariam com a boa fase para Barry. Não curti muito a primeira cena de discussão sobre a criação de uma nova Força de Aceleração: aquele é o Barry que pra mim já deu, com um chororô do tipo “Mas a gente precisa fazer isso, gente, não interessa que vocês não saibam, vocês não sabem o que eu to passando! E eu vou usar drogas de aceleração sim, por que, alguma coisa de mal da veio disso?”. Me poupe, vá, seu Allen!

Por sorte, essa sombra do passado não deu mais as caras ao longo do episódio, e a atuação heróica dele nas duas frentes compensou a escorregada mostrando um pouco do Barry ideal: reagindo rápido com soluções inusitadas e, de preferência, sem falar com a voz embargada de choro. Ironicamente, tivemos até uma boa dose de choro no confronto com Thawne — mas, veja bem, choro mesmo, justificado e sustentado de forma orgânica pelo roteiro (e, na medida do possível, pela atuação), e não o chororô daquele momento inicial. Mais do que espantar a assombração acelerativa-negativa de Eobard Thawne, o capítulo consegue dar mais um passo no verdadeiro exorcismo que a série necessita: da caracterização torta que o personagem principal teve que sofrer ao longo dos anos.

The Exorcism of Nash Wells trouxe boas doses de ação, comédia (Cecile se preparando para o exorcismo / nocauteando Wells com um tabuleiro de Ouija!) e — claro — altas doses de personagem. Embora essa mistura tenha dado as caras de forma constante em toda a história da série até hoje, a fase atual tem conseguido fazer a mistura funcionar de forma mais empolgante e intensa, servindo aos personagens e ao enredo com desenvolvimentos orgânicos cujo payoff acontece no tempo de exibição mesmo. Uma história onde o Team Flash derrota Thawne mais uma vez é mil vezes mais interessante do que “teaser nº 16 do retorno do vilão no final de temporada”, e felizmente é o que tivemos aqui.

The Flash – 6×15: The Exorcism of Nash Wells — EUA, 17 de março de 2020
Direção: Eric Dean Seaton
Roteiro: Lauren Barnett, Sterling Gates
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Jesse L. Martin, Tom Cavanagh, Carlos Valdes, Danielle Panabaker, Danielle Nicolet, Efrat Dor, Victoria Park, Kayla Compton, Patrick Sabongui, Natalie Sharp
Duração: 43 min.

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