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Crítica | The Walking Dead – 7X07: Sing Me a Song

por Ritter Fan
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  • Observação: Há spoilers do episódio e da série. Leiam a crítica de todas as demais temporadas, dos games e das HQs, aqui. E da série spin-off, Fear the Walking Dead, aqui.

Sing Me a Song é apenas o segundo episódio da temporada a abordar diversos núcleos diferentes simultaneamente (o primeiro foi Go Getters, que trouxe Jesus de volta), mas é o primeiro a realmente equilibrar cada uma de suas narrativas diferentes, ainda que a que envolveu Negan e Carl seja a que foi claramente construída para ser a mais relevante. E isso é uma boa notícia depois do fraco Swear, ainda que Scott M. Gimple não tenha realmente se desfeito dos maneirismos impostos pela presença de seu mais novo “super” vilão.

Como já disse algumas vezes, apesar de Negan ter tido uma estreia esmagadora em The Day Will Come When You Won’t Be, sua super-exposição em The Cell e especialmente em Service já havia conseguido esvaziar completamente o impacto de sua presença e revelado a atuação monocórdia de Jeffrey Dean Morgan (ótimo, mas cansativo no papel e não exatamente por culpa dele). E, agora, Negan volta a ganhar destaque e o que vemos em Sing Me a Song é só a confirmação de que o personagem é como um balão desinflado: outrora imponente, mas que agora é uma versão esmirrada do original. Ele se tornou, muito rapidamente, uma paródia ele mesmo. Sei que os leitores do quadrinhos mais uma vez devem ter ficado felizes por ver as cenas de suas HQs ganharem vida nas telinhas, mas digo e repito: nem tudo que funciona em uma mídia funciona em outra e a transposição do vilão das páginas para a série tem sido equivocada e, na falta de uma expressão técnica mais adequada, chata pacas.

Afinal de contas, se olharmos apenas para a interação entre ele e Carl, não há nada ali que avance a história. O espectador recebe um novo tour do QG dos Salvadores em que vemos o harém de Negan e a “cerimônia do ferro” pela primeira vez, elementos narrativos que já haviam ficado nas entrelinhas, mas que, agora, ganharam suas versões explícitas caso alguém ainda não tivesse entendido. Ou seja, nada de sutilezas, nada de sugestões. O negócio é tratar o espectador como alguém que precisa ver tudo desenhado na sua frente para entender cada detalhe, como alguém que precisa ser levado pela mão para passear por cada representação visual do que se passa na cabeça de Negan. Muito sinceramente, no frigir dos ovos, nada apresentado aqui acrescenta algo ao que já sabíamos. E o mesmo vale para a sequência dos dois de volta à Alexandria, com uma nova interação com Olivia e a descoberta de Judith pelo sorridente e debochado Negan. Como em Swear, se 90% dessas sequências fossem eliminadas, a história não mudaria em nada.

Mas, pelo menos desta vez, o roteiro de Angela Kang e Corey Reed nos leva a outros lugares, a outras pessoas. Nada terrivelmente interessante, mas as sequências lidando com Spencer e Gabriel, Rosita e Eugene, Rick e Spencer e Michonne solitária conseguem, no agregado, serem bem mais instigantes do que a lenga-lenga com Negan. Os diálogos entre Spencer e Gabriel e Rosita e Eugene foram fortes e bem escritos, ainda que de certa forma redundantes no grande esquema das coisas. A covardia de Spencer e Eugene são ressaltadas, o que pode dar a entender que eles são os próximos a verem Lucille bem de perto.

Rosita continua com seu plano – que, confesso, nem sei se é um plano de verdade – para matar Negan, assim como Michonne. E tudo pelas costas de Rick que, junto com Aaron, parece ser o único preocupado em entregar a Negan o que é de Negan. Ainda que as sequências com os dois tenham sido mais repetição do velho “procura comida, acha comida”, confesso que fiquei curioso sobre o que vai acontecer agora com os dois. Será que eles acharão algo no centro daquele lago que realmente tenha valor para entregar à Negan? Ou, melhor ainda, algo para enfrentar o vilão? Espero, apenas, que não seja uma sequência tipo “fase de videogame”, com pula lago, luta contra zumbi, abre porta etc. somente para nada realmente relevante acontecer, pois seria o fim da picada narrativa para Gimple que não está sabendo sair da mesmice no que prometia ser sua grande temporada.

A grande vantagem é que, talvez com exceção de Negan e Carl, nenhum dos núcleos ganha tempo de tela o suficiente para tornar enfadonha sua respectiva jornada, mérito do roteiro de Kang e de Reed e da direção de Rosemary Rodriguez, estreante na série, mas já experiente em episódios de TV, que consegue lidar com todas as diversas situações de maneira organizada, sem grandes arroubos de criatividade por certo, mas também sem confundir o espectador. Com Rosita e Michonne tentando matar Negan, Jesus infiltrado na Salvadoresland, Daryl potencialmente fugindo de seu cárcere e Rick e Aaron encontrando o pote de ouro no fim do arco-íris, pode ser que o midseason finale estendido coloque a temporada novamente no prumo.

Tomara que Gimple acerte e consiga estancar a debandada de espectadores desde o segundo episódio da temporada. Caso contrário, nem Negan salvará a série.

The Walking Dead – 7X07: Sing Me a Song (EUA, 04 de dezembro de 2016)
Showrunner: Scott M. Gimple
Direção: Rosemary Rodriguez
Roteiro: Angela Kang, Corey Reed
Elenco: Andrew Lincoln, Norman Reedus, Lauren Cohan, Chandler Riggs, Danai Gurira, Melissa McBride, Lennie James, Sonequa Martin-Green, Josh McDermitt, Christian Serratos, Alanna Masterson, Seth Gilliam, Alexandra Breckenridge, Ross Marquand, Austin Nichols, Tovah Feldshuh, Michael Traynor, Jordan Woods-Robinson, Katelyn Nacon, Corey Hawkins, Kenric Green, Ethan Embry, Jason Douglas, Tom Payne, Xander Berkeley, Jeffrey Dean Morgan, Khary Payton, Steven Ogg, Debora May, Sydney Park, Mimi Kirkland, Briana Venskus, Nicole Barré
Duração: 45 min.

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