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Crítica | Final Fantasy IV

por Guilherme Coral
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estrelas 4,5

Mesmo com o grande sucesso de Final Fantasy III, lançado somente no Japão, a necessidade de inovação para a franquia era evidente. O que víamos até a terceira entrada era uma repetição dos acertos e, infelizmente, de alguns dos erros dos games anteriores. Veio, então, Final Fantasy IV (lançado como FFII nos EUA) com a proposta de utilizar os melhores elementos dos jogos anteriores e inovando ao mesmo tempo.

Irei começar pelos acertos reciclados dos antecessores. A progressão em levels se mantém, dessa vez contudo, a necessidade de grinding diminuiu consideravelmente – é possível passar por todo o jogo sem problemas, contanto que não se fuja das lutas constantemente. Os encontros com monstros se manteve da mesma maneira: pode ocorrer em quase todos os locais fora das cidades. A vantagem é que o número de encontros diminuiu, então nada de horas de batalha através de uma simples travessia.
As famosas classes dos jogos anteriores retornaram e são atreladas a um personagem específico. Uma white mage o será até o fim do jogo, por exemplo (salvo alguns específicos que tem sua classe alterada por motivo da progressão da trama).

Seguindo o exemplo do segundo game da série e indo além, Final Fantasy IV apresenta um grande foco na história. Nele vemos personagens mais profundos e repletos de dúvidas, com motivações bem definidas. Cecil Harvey, o herói do jogo, chega a ser quase shakespeariano em seu constante dilema – o típico “ser ou não ser”. O mesmo vale para seu amigo, Kain Highwind, que oscila entre a lealdade para com seu amigo ou para com seu reino. A trama é ainda mais complicada pela personagem Rosa que é amada por ambos.

Cecil e Kain na versão de iOS

Cecil e Kain na versão de iOS

O início do game já nos coloca dentro das dúvidas de Cecil. Vemos o assassinato de inocentes em Mysidia (referência a FFII, lembra?) pela força militar do reino de Baron, os Red Wings. Esse exército, nada mais é que comandado por Cecil, que veste uma armadura inteiramente negra. A morte dos mysidianos afeta o herói e também as tropas sob seu comando e surge aí a dúvida em relação aos motivos do rei. A premissa era tirar o Cristal de Mysidia devido ao risco que ele apresentava a Baron.

Aflito, Cecil indaga ao seu rei, após o termino da missão, sobre seus motivos. O rei, contudo, fora alvo de palavras venenosas de seu conselheiro, que coloca Cecil como um possível rebelde. O líder dos Red Wings é, então, tirado de seus direitos de comando, recebendo uma missão para provar sua lealdade ao reino. Ouvindo essas acusações ao cavaleiro negro, Kain se aproxima e se oferece para ajudar o amigo. Partem os dois, portanto, na missão a eles conferida.

A história progride a partir desse ponto em uma constante descoberta do mal por trás do reino de Baron e à redenção de Cecil. O cavaleiro negro se torna um paladino branco, literal e simbolicamente. É um roteiro similar a FFII em seu tom mais sério e adulto – morte é um elemento constante. Pela primeira vez na série vemos um arco romântico do personagem principal, fator que retorna em diversas outras entradas.

A versão de PSP

A versão de PSP

Ao longo do desenrolar da trama, novos personagens entram na equipe enquanto outros saem, podendo chegar a um limite de cinco integrantes. É importante ressaltar que o equilíbrio do equipe é sempre mantido.

Pela primeira vez na série, as magias não mais podem ser compradas. Ao invés disso as recebemos com o passar dos levels ou até mesmo através da história. Essa é uma simplificação bem-vinda à franquia, já que somente alguns personagens podem de fato utilizar magias. Diminui, também, a necessidade de realizar infindáveis batalhas para conseguir dinheiro (que agora serve para passar a noite na taverna, comprar itens e equipamentos).

A maior inovação de Final Fantasy IV, contudo, é seu novo sistema de batalha, o active-time battle. Dessa vez cada personagem possui uma barra que se preenche com o passar do tempo. Quando ela está completa podemos escolher a ação do personagem. Essa mudança confere uma dinâmica totalmente diferente às batalhas, ao ponto que sabemos com mais exatidão o momento do nosso ataque e devemos fazer as escolhas mais rapidamente. Esse elemento, que altera totalmente a jogabilidade em comparação a seus antecessores, se mantém até FFIX (retornando com versões similares em FFX-2, FFXIII e FFXIII-2), se tornando um dos símbolos da série. O sistema de batalha, contudo, apresenta uma falha. Muitas vezes é preciso alternar entre os personagens durante a batalha e devemos fazer isso inúmeras vezes até alcançar o desejado.

O active-time battle em ação

O active-time battle em ação

A trilha de Nobuo Uematsu mais uma vez nos surpreende, exibindo temas profundos que garantem o tom da narrativa do jogo. Em FFIV é introduzida a trilha sonora dinâmica, que altera a música de acordo com o drama, ao contrário do que víamos nós games anteriores: cada cenário detinha uma música específica. Devo colocar em destaque três peças musicais que marcam o game positivamente: a música tema, o tema de batalha 1 e o Theme of Love.

Não posso finalizar esta crítica sem antes falar das diferentes versões disponíveis atualmente para o game. As duas principais são: a versão de PSP e a de NDS/iOS/Android. A primeira exibe gráficos em modelos desenhados como no original, enquanto que a segunda conta com modelos e cenário totalmente refeitos em 3D. Além disso, a trilha sonora é rearranjada, substituindo os tons em midi da original. A versão de NDS/ iOS/ Android ainda conta com algumas animações dubladas. Para iOS, o jogo teve o texto traduzido para o português (se esse for o idioma escolhido pelo jogador), com áudio em japonês.

Final Fantasy IV representa um grande salto para a franquia, sendo, sem dúvidas, um dos melhores da série. É um jogo obrigatório para qualquer fã de RPG, contendo uma ótima história, desenvolvimento de personagens e jogabilidade, proporcionando diversas horas de diversão. É também uma ótima porta de entrada para qualquer um que deseje conhecer Final Fantasy.

Final Fantasy IV
Desenvolvedora:
 Square
Lançamento: 19 de Julho de 1991 (Japão), 23 de Novembro de 1991 (EUA)
Gênero: Rpg de Turnos
Disponível para: SNES, WonderSwan Color, PS, GBA, PSP, Wii Virtual Console, PSN, iOS, Android

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