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Lista | Top 10 – Os Melhores Álbuns de Caetano Veloso

por Luiz Santiago
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Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, nascido em Santo Amaro, Bahia, em 7 de agosto de 1942, é um dos principais cantores da nossa MPB. Sua trajetória de gravações começou no ano de 1967, com o álbum Domingo, que gravou juntamente com Gal Costa. Na presente lista, eu elenco os 10 discos que julgo serem os melhores da carreira do cantor. Tive alguns perrengues na hora de montar a versão final, especialmente para os discos pré 1987, mas acabei fazendo as pazes comigo mesmo nessa versão final. Das listas de favoritos ou TOP-alguma-coisa-de-favoritos que eu já fiz, esta talvez seja a que menos arrependimentos tenho. A propósito, dois amigos meus viram essa lista assim que eu terminei e enviei para eles, para receber os devidos xingamentos. Ambos me perguntaram por quê eu não havia colocado Araçá Azul na lista. Minha resposta chocou os meninos e talvez irá chocar alguns de vocês, simpáticos ao disco: eu não gosto nem um pouquinho desse projeto. Pronto, falei. Que comecem os bonequinhos de vodu…

Dito isto, quero chamar a atenção para o fato de que nas tracklists de cada álbum eu vou colocando entre parênteses o nome de alguns compositores e parcerias. Sempre que não tiver isso, a composição é do próprio Caetano. Vale também chamar a atenção para o critério de escolha aqui: constam apenas os álbuns solo e de estúdio do artista.

Agora vamos lá! Dê a sua opinião e faça você também a sua versão dos 10 melhores discos de Caetano Veloso nos comentários! Fiquem ODARA!

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10. Velô (1984)

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Lançado em junho de 1984, pela Philips Records, Velô é um traço definitivo de mudança para o cantor, que passaria a tomar outros rumos de produção geral em seus discos. Isso e também a concepção das letras e variação de arranjos a partir de seu projeto de estúdio seguinte. Sobre a icônica Podres Poderes, que abre o disco, Caetano falou: “Podres Poderes é uma canção de explicitação do imaginário que está por trás desse desejo – uma crítica à nossa incompetência e à teimosia em manter essa incompetência como um escudo contra a responsabilidade. É o meu tema. Além do esforço para furar esse cerco que faz com que o Brasil, até hoje, apesar de tudo pelo que passamos, ainda tenha essa esmagadora maioria de pessoas sem acesso aos bens materiais e culturais“.

Segue a lista de músicas do projeto: Podres PoderesPulsar (Caetano, Augusto de Campos), Nine Out of TenO Homem VelhoComeuVivendo em Paz (Tuzé Abreu), O QuereresGrafitti (Caetano, Antonio Cicero, Waly Salomão), SorveteShy Moon (com participação de Ritchie) e Língua (com participação de Elza Soares).

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9. Cores, Nomes (1982)

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Lançado em março de 1982, Cores, Nomes se tornou uma grande marca na carreira de Caetano por ter uma maneira ainda mais inteligente de trabalhar brasilidades e temas de linguagem, símbolos e signos que nos rodeiam. A faixa Sina, composta por Djavan, trouxe um novo vocábulo para a língua informal e musical do Brasil: o verbo “caetanear“. Foi também nessa época que o cantor se envolveu em uma polêmica com o escritor José Guilherme Merquior, que na verdade nunca fora muito elogioso em relação a Caetano. Farpas foram trocadas e o álbum acabou surfando um pouco no destaque da briga.

Segue a lista de músicas do projeto: QueixaEle Me Deu um Beijo na BocaTrem das CoresSete Mil VezesCoqueiro de Itapoã (Dorival Caymmi), Um Canto de Afoxé Para o Bloco do Ilê (Caetano e Moreno Veloso), Cavaleiro de JorgeSina (Djavan), Meu Bem, Meu MalGênesisSonhos (Peninha) e Surpresa (Caetano e João Donato).

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8. Outras Palavras (1981)

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Lançado em março de 1981, pela Philips Records, Outras Palavras deu início a uma nova década musical na carreira de Caetano, mas parece não ter caído nas graças do público (o que torna paradoxal o fato de este ser um dos discos mais vendidos do cantor) e nem do próprio artista, cuja opinião sobre o trabalho não é exatamente muito positiva. Outras Palavras, porém, é sensacional, apesar de possivelmente ser a produção “menos baiana” de Caetano até aquele momento. Este, talvez, seja um dos motivos de seu desgosto em relação ao disco.

Segue a lista de músicas do projeto: Outras PalavrasGemaVera gata, Lua e Estrela (Vinicius Cantuária), Sim / Não (Bolão, Caetano), Nu Com a Minha MúsicaRapte-me CamaleoaDans Mon Ile (M.Pon, H.Salvador), Tem Que Ser VocêBlues (Péricles Cavalcanti), Verdura (Paulo Leminski), Quero Um Baby Seu (Paulo Zdanowski, Luiz Carlos Siqueira) e Jeito de Corpo.

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7. Muito – Dentro da Estrela Azulada (1978)

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Lançado em 1978, com produção de Caetano e Roberto Santana, Muito, cujo subtítulo é Dentro da Estrela Azulada, é um álbum que mistura caraterísticas de raízes culturais e familiares de Caetano com o produto musical (e as impressões pessoais) de suas viagens. A ideia, no entanto, desagradou a MUITA gente. O álbum foi um fracasso de vendas e de crítica, mas é curiosamente um dos mais interessantes do cantor em termos de faixas que são ao mesmo tempo simples, fáceis de se vender e, se você parar um pouquinho mais para ouvir, perceberá uma profundidade que desmente a aparente simplicidade da audição rápida. Só de pensar que uma faixa lindíssima como Terra não ganhou, na época, a distribuição que merecia, dá uma dor enorme no coração.

Segue a lista de músicas do projeto: TerraTempo de EstioMuito Romântico, Quem Cochicha o Rabo Espicha (Jorge Ben), Eu Sei Que Vou te Amar (Tom Jobim, Vinicius de Moraes), MuitoSampaLove Love LoveCá JáSão João, Xangô Menino (Caetano e Gilberto Gil) e Eu Te Amo.

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6. Transa (1972)

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Lançado em janeiro de 1972, pela Polygram, esse disco faz parte da jornada de exílio de Caetano, no período da ditadura militar. Exilado em 1969, o cantor pelejou para conseguir voltar ao país e assistir à missa de comemoração dos 40 anos do casamento de seus pais, em 1971. Ele ficou por um mês no país e foi praticamente sequestrado pelos militares para interrogatório e solicitação de que fizesse uma música elogiando rodovia Transamazônica, então em construção. Caetano se recusou. Novamente exilado, ele começou a produzir um novo disco, cujo nome, por cinismo, foi Transa, mas nada tinha a ver com a rodovia… Em entrevista, o cantor disse: “Chamei os amigos para gravar em Londres. Os arranjos são de Jards Macalé, Tutti Moreno, Moacyr Albuquerque e Áureo de Sousa. Não saíram na ficha técnica e eu tive a maior briga com meu amigo que fez a capa. Como é que bota essa bobagem de dobra e desdobra, parece que vai fazer um abajur com a capa, e não bota a ficha técnica? Era importantíssimo. Era um trabalho orgânico, espontâneo, e meu primeiro disco de grupo, gravado quase como um show ao vivo“.

Segue a lista de músicas do projeto: You Don’t Know MeNine Out of TenTriste Bahia (composição em parceria com Gregório de Matos Guerra), It’s a Long WayMora na Filosofia (de Monsueto Menezes e Arnaldo Passos), Neolithic ManNostalgia (That’s What Rock’n Roll Is All About).

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5. Caetano Veloso (1968)

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Lançado em janeiro de 1968, pela Philips Records (mas gravado em 1967), com produção de Rogério Duprat, esse disco daria as bases para a Tropicália, cuja grande realização aconteceria alguns meses depois, com o maravilhoso e histórico álbum coletivo Tropicalia ou Panis et Circencis. Um verdadeiro chacoalhão na MPB.

Segue a lista de músicas do projeto. Lado A: TropicáliaClariceNo Dia Em Que Eu Vim-me EmboraAlegria, AlegriaOnde AndarásAnunciação. Lado B: SuperbacanaPaisagem ÚtilClara (com participação de Gal Costa), Soy Loco Por Ti, AméricaAve MariaEles. Na versão reeditada do disco, em 2012, foram colocadas duas faixas bônus no disco: Jesus No TemosI-di-Min Copacabana. Nesse disco, os parceiros de composição de caetano são: Capinam, Gilberto Gil, Ferreira GullarRogério DuarteTorquato Neto.

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4. Qualquer Coisa (1975)

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Depois de dois anos sem publicar um trabalho solo, Caetano Veloso voltou à cena com dois discos lançados ao mesmo tempo, em julho de 1975: Joia e Qualquer Coisa. Sobre o projeto, o cantor disse em entrevista: “Ia ser um álbum duplo, porque eu tinha muito material. Aí resolvi fazer dois discos, cada um com um título. O Joia era a minha relação com o trabalho limpo, pequenas peças bem acabadas, com a liberdade de Araçá Azul. Não tem nem bateria no Joia, um instrumento do qual eu não gostava. Cada faixa era uma joia. Qualquer Coisa era o vale tudo, bateria, confusão. O manifesto do Joia e o manifesto do Qualquer Coisa, lidos juntos, tem um batimento engraçado. O Joia foi o único que reouvi em CD. Soa tão bonito… Adoro o silêncio do CD. Gosto de Na Asa do Vento e em Minha Mulher é maravilhoso o relaxamento meu e de Gil ao violão, que não encontro em outra faixa de Joia. Qualquer Coisa é que era relaxado. Gosto da faixa Qualquer Coisa, mas na gravação a canção ficou presa. O Roberto Carlos reclamou que eu não tinha dado pra ele Qualquer Coisa. Devia ter dado. Ia cantar tão lindo, tão profissional. É curioso. A letra mais abstrata do Brasil, cheia de referências, um título de filme de Rogério Sganzerla, todo mundo cantou. Qualquer Coisa vendeu muito mais que Jóia. Uma coisa assim de 60.000 contra 30.000.

Segue a lista de músicas do projeto: Qualquer CoisaDa Maior Importância, Samba e Amor (Chico Buarque), Madrugada e Amor (José Messias), A Tua Presença MorenaDrume Negrinha (versão de Drume Negrita, de Ernesto Grenet), Jorge de Capadócia (Jorge Ben), Eleanor Rigby (McCartney, Lennon), For No One (McCartney, Lennon), Lady Madonna (McCartney, Lennon), La Flor de la Canela (Chabuca Granda) e Nicinha.

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3. Bicho (1977)

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Lançado em 1977, pela Philips, Bicho teve um processo de gravação experimental, vindo depois que Caetano passou um mês em Lagos, na Nigéria, juntamente com Gilberto Gil. Alguns elementos de música local podem ser percebidos aqui e apareceriam, de maneira refigurada, em produções futuras do cantor, já marcado por esse momento. Sobre o início do processo de composição, Caetano disse: “Acabada a excursão dos Doces Bárbaros, de novo, sozinho, recomecei a compor. E é principalmente das canções que surgiram nesse período que se compõe o repertório desse novo disco. A primeira que pintou foi a que veio a se chamar “Gente”. Fiz primeiro a música, pensando em colocar sobre ela uma letra qualquer. Depois de pronta eu achei louca. Hoje acho que “Gente” é uma canção linda e emocionante e louca como os Doces Bárbaros e a considero uma homenagem à experiência que os Doces Bárbaros foram para mim.”

Segue a lista de músicas do projeto: OdaraTwo Naira Fifty KoboGenteOlha o Menino (Jorge Ben), Um ÍndioA Grande BorboletaTigresaO Leãozinho e Alguém Cantando.

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2. Cinema Transcendental (1979)

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Contemplação. Visão do mundo, das coisas, das pessoas. Zen. Essas são as primeiras impressões que nós temos assim que terminamos a audição de Cinema Transcendental, lançado em 1979 pela Verve. Sobre o disco, Caetano disse: “É um trabalho com A Outra Banda da Terra, todo produzido por mim, na contramão das lantejoulas de Los Angeles. […] Gosto dessa fase. Era um tempo alegre. Tem Beleza Pura, inspirada num refrão do Eleomar – “viola, alforria, amor, dinheiro não”. É como os pretos da Bahia, tem tudo, dinheiro não. Hoje está na moda. É anti-yuppie, chega a ser óbvia.

Segue a lista de músicas do projeto: Lua de São JorgeOração ao TempoBeleza PuraMenino do Rio, Vampiro (Jorge Mautner), Elegia (Péricles Cavalcanti e Augusto de Campos), Trilhos UrbanosLouco por VocêCajuínaAracaju (Tomás Improta, Vinícius Cantuária e Caetano), Badauê (Môa do Katendê — assassinado em 8 de outubro de 2018, com 12 facadas, por um apoiador de Jair Bolsonaro, depois de uma discussão onde Môa declarou apoio a Fernando Haddad) e Os Meninos Dançam.

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1. Caetano Veloso (1969)

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Lançado em agosto de 1969, pela Philips, esse, que é chamado de o “enigmático disco da assinatura de Caetano” — uma clara homenagem ao “álbum branco”, dos Beatles — trouxe um grande mar de experimentos e uma clara maturidade do cantor na composição, mesclando com grande elegância MPB, tropicalismo, rock psicodélico, música experimental e uma assinatura musical que seria reconhecida e elogiada ao longo de toda a sua carreira. A produção do disco é de Manoel Barenbein.

Segue a lista de músicas do projeto. Lado A: IreneThe Empty BoatMarinheiro Só (música tradicional da Bahia, com arranjo do cantor), Lost in the ParadiseAtrás do Trio ElétricoOs Argonautas. Lado B: Carolina (de Chico Buarque), Cambalache (de E. S. Discépolo), Não IdentificadoChuvas de Verão (de Fernando Lobo), AcrílicoAlfomega (de Gilberto Gil). Nesse disco, os parceiros de composição de caetano são: Rogério Duarte e Rogério Duprat. Na versão reeditada do disco, em 2012, para o público japonês, foram colocadas quatro faixas bônus no disco: Torno a Repetir, Cinema OlympiaHino do Esporte Clube BahiaCharles, Anjo 45.

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