Home TVEpisódio Crítica | Chucky 3X07: There Will Be Blood

Crítica | Chucky 3X07: There Will Be Blood

Uma segunda chance.

por Felipe Oliveira
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Desde o terceiro episódio, o empolgante Jennifer’s Body, que a terceira temporada de Chucky não apresentava um capítulo tão carregado de ideias e facetas para serem exploradas. É fato que Mancini reservou um ano criativo para continuar explorando sua longínqua criação, e aqui parece ter sido um dos exercícios mais divertidos para colocar a qualidade da série em prova. Diferente dos títulos inspirados em filmes de terror, a pré season finale pega emprestado o nome do clássico do faroeste There Will Be Blood apenas como uma pista do que o Good Guy poderá fazer agora que possui habilidades paranormais num plano astral.

Antes dos números sanguinolentos, o episódio se apresenta com uma abertura poderosa: uma interação entre Chucky em sua forma humana e com Damballa na forma do boneco. A melhor chance do serial killer descarregar sua insatisfação por ter seus sacrifícios rejeitados pelo deus que a tanto tempo serviu foi aproveitada com um diálogo nível Chucky vs Chucky, uma maneira do Good Guy enfrentar alguém a altura. Um detalhe bem pensado é por Mancini concentrar a ideia do que o boneco poderia fazer em um espaço que estivesse sob seu comando e imaginar um reino espiritual somente na Casa Branca, visto a dimensão dos crimes cometidos ali. Ou seja, Chucky se infiltrou na Casa com uma intenção, fracassou e desintegrou para um juízo final, logo, ali também se abriu um limbo para a última sentença e não faria sentido ser em outro lugar.

De um possível aceno ao O Iluminado – que se revela ser um truque de Charles Lee Ray – na sequência do elevador, o “haverá sangue” do título assume a forma de uma imprevisibilidade perversa nas mãos do boneco, que transforma até mesmo um ritual espírita em um banho de sangue. Mais uma vez, o episódio fez um ensaio sobre o maior ato de sacrifício de Chucky para ter sua remissão, a diferença é que o Good Guy estava em grande vantagem para movimentar o que quisesse. Enquanto Panic Room introduziu a ideia de elementos sobrenaturais, There Will Be Blood aumenta a escala, revelando que as vítimas de Chucky no palácio presidencial tentavam denunciar as ações do boneco. Mas, muito melhor que isso, foi ver Charles sendo usado em doses pontuais como uma entidade se manifestando como numa típica trama americana de lugares amaldiçoados.

A montagem foi eficaz para a sacada funcionar, mas foi ótimo como Mancini prezou por uma sátira ao subgênero ao trazer para o episódio a presença de dois médiuns – o que foi a gag sobre a Taylor Swift chamá-los sempre que termina um namoro? – e em momentos cruciais como a sessão espírita ter Charles zombando da voz distorcida de quando alguém é possuído. A segunda chance por remissão estava valendo qualquer coisa, e Charles tinha poder de fazer chover o sangue que derramou na Casa Branca. Imaginar a série numa dimensão paranormal é um número diferente, e Mancini fez isso ao seu modo, sem parecer que estava forçando algo externo a um slasher que sempre conduziu, e sim, experimentando novos caminhos para seu serial killer favorito.

E There Will Be Blood terminou organizando o cenário para a season finale, deixando para o suspense a execução de Tiffany e a ida de Jake ao reino espiritual. As  escolhas de Mancini para este episódio conseguiu mostrar até mesmo que o trio de protagonistas ainda possuem relevância e para isso tira de cena Charlotte e seu filho Henry, que só serviu para camuflar as manobras de Chucky pela Casa Branca. Por um momento, ver a interação do trio convergindo por um objetivo faz lembrar da primeira temporada e de que a história não se trata mais de Chucky manipular uma criança inocente – afinal, nem ele vê mais graça – e sim dos desafios com que Mancini quer injetar nesse universo.

Sangue Negro (There Will Be Blood – EUA, 2024)
Direção: Amanda Row
Roteiro: Josh E. Jacobs
Elenco: Zachary Arthur, Bjorgvin Arnarson, Alyvia Alyn Lind, Devon Sawa, Brad Dourif, Lara Jean Chorostecki, Jackson Kelly, Callum Vinson, Michael Therriault, Gil Bellows, Rachael Ancheril, Richard Waugh, Fiona Dourif, Jennifer Tilly, Marium Carvell, Caleb Horn
Duração: 45 min

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