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Crítica | G.I. Joe: Duke (minissérie)

Reapresentando heróis e vilões clássicos.

por Ritter Fan
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A longa licença da IDW Publishing concedida pela Hasbro para publicar quadrinhos dos Transformers e G.I. Joe acabou em 2022 e foi adquirida por Robert Kirkman para seu rico selo Skybound, dentro da Image Comics, responsável pelos sucessos absolutos The Walking Dead e Invencível. Como parte da negociação com a Hasbro, o título principal de G.I. Joe, escrito por Larry Hama, ganhou continuidade direta do que já vinha da editora anterior, ficando de certa forma isolado, pois, na outra ponta, Kirkman iniciou o que batizou de Universo Energon por meio da HQ inédita Void Rivals, que expande a mitologia dos robôs disfarçados e do título Transformers, que recomeça a história dos cybetronianos na Terra. Nesse universo, a organização militar conhecida como G.I. Joe ainda não existe e é nesse contexto que a minissérie Duke entra.

Duke, como o nome indica, é focada no sargento Conrad “Duke” Hauser, personagem clássico (mas não da linha original) da equipe G.I. Joe cuja primeira aparição no Universo Energon se dá no primeiro arco de Transformers, quando ele está pegando carona em um jato com seu amigo Frost, jato esse que é atacado por um sádico Starscream que destrói o avião, esmaga o piloto e quase mata Duke. A existência de Autobots e Decepticons, nesse ponto, ainda não é conhecida em larga escala pelos humanos e, quando a minissérie começa, vemos o General Hawk lidando com um traumatizado Duke que só pensa no ocorrido e que parece ter sua sanidade duvidada por todos. Sem alternativas, mas certamente querendo recrutá-lo para algo, o general pede para que o soldado tire um tempo para descansar, o que então leva o leitor a uma passagem temporal de seis meses em que vemos um Duke com menos aparência de soldado, ou seja, com cabelo comprido, barba por fazer e roupas civis, investigando de maneira independente o avião que se transformara em um robô diante de seus próprios olhos.

O roteiro de Joshua Williamson usa a obsessão de Duke como introdução para o que muito em breve serão as organizações arqui-inimigas G.I. Joe e Cobra, pois o sargento acaba esbarrando na M.A.R.S., a empresa fabricante de armamentos da família do icônico Destro, e tem certeza que é de lá que vem o robô assassino com que se deparara meses antes. Com isso, há espaço para a apresentação de diversos personagens conhecidos da franquia militarística da Hasbro, como Clutch como um grande amigo de Duke, Stalker e Rock ‘n Roll como a dupla enviada por Hawk para capturar Duke depois que ele cai em uma cilada de Destro e, do lado vilanesco, o Major Bludd, Scrap-Iron, o androide B.A.T. e a inesquecível Baronesa, esta última na prisão em que Duke e Clutch são colocados e que é The Pit, a futura base dos G.I. Joes.

Em outras palavras, a minissérie é um veículo funcional introdutório e formativo desse aspecto do Universo Energon e, por isso, segue uma linha mais simples e conveniente, com Duke não sendo muito mais do que um conduíte para que o leitor passeie pelos personagens e equipamentos que se tornaram famosos no início da década de 80. No entanto, a subserviência da história à função de “vitrine” funciona bem, pois o roteiro de Williamson tem uma boa costura, não se perde em explicações desnecessárias e nem muito longas e, claro, é repleto de sequências de pura pancadaria heroica com muito destaque ao quão americano é Duke, o que pode deixar muita gente irritada (à toa).

A arte de Tom Reilly é inspirada também e eleva ainda mais a qualidade de uma história que tinha tudo para ser burocrática. Todos os personagens são perfeitamente reconhecíveis, mas todos têm a personalidade e a dinâmica dos traços de Reilly. A grande verdade é que o único personagem que destoa completamente da pegada mais, digamos, realista, é o próprio Destro e sua cabeça metálica que, a primeira vista (e segunda, terceira…) não faz sentido algum. Mas, se podemos aceitar a existência de robôs alienígenas que se transformam em veículos variados (sem contar em toca-fitas e outros equipamentos aleatórios), não é muito difícil também aceitar um nobre europeu cuja família tem essa tradição maluca de usar uma “máscara de ferro”. Afinal, cada louco com sua mania, não é mesmo?

Dessa forma, Duke consegue ser uma ótima forma de começar a contar a origem de G.I. Joe e Cobra e reestabelecer a rivalidade entre as duas organizações em um universo mais amplo em que ambas têm que lidar com os cybetronianos e as inevitáveis alianças que serão formadas ao longo do tempo. Com outra minissérie em andamento – Cobra Commander – e outras duas prestes a sair – Scarlett e Destro -, o ambicioso projeto resultante da parceria de Kirkman com a Hasbro parece ter começado da melhor forma possível. Yo Joe!

Duke (EUA, 2023/24)
Contendo: Duke #1 a 5
Roteiro: Joshua Williamson
Arte: Tom Reilly
Cores: Jordie Bellaire
Letras: Rus Wooton
Editoria: Sean Mackiewicz
Editora: Skybound (Image Comics)
Datas originais de publicação: 27 de dezembro de 2023; 31 de janeiro, 28 de fevereiro, 27 de março e 24 de abril de 2024
Páginas: 157

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