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Crítica | Terra Obscura (2003 – 2004)

Contra o crime.

por Luiz Santiago
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Terra Obscura é um título derivado da série Tom Strong, criada em 1999 por Alan Moore e Chris Sprouse. Na décima primeira edição da série, publicada em janeiro de 2001, o público teve o primeiro contato com a versão alternativa da Terra do herói protagonista. Já naquele momento, foi dito que, apesar de estar localizada do outro lado da galáxia, essa civilização planetária constava na lista de descobertas do herói de Millennium City desde 1968. A abordagem feita por Moore e as surpresas encontradas nessa Terra lembravam bastante as tramas sobre a Terra-2 da Era de Prata na DC, especialmente as histórias da Liga da Justiça, o que deu um tom de homenagem à criação. Na viagem feita a esta cópia de seu planeta, Tom Strong conhece um grupo de personagens que, na presente série, acabam ganhando destaque em sua luta cotidiana contra o crime. 

Essa equipe de heróis da ciência conhecida como Society of Major American Science Heroes (SMASH) tem um caráter nostálgico e parece uma sequência de piscadelas de Moore para o leitor, com migalhas  mais ou menos distanciadas de Watchmen. Na construção dessa minissérie, que foi oficialmente publicada em seis edições, entre os anos de 2003 e 2004 (importante lembrar que também houve uma outra minissérie com o mesmo título, tagueada como Volume 2, entre 2004 e 2005), o roteirista fez todo o enredo e Peter Hogan construiu os diálogos e os trechos de narração. Já a base de inspiração para os personagens e a essência desse Universo vieram dos antigos heróis da Nedor Publishing (antiga Standard Comics e também Better Publications, editora que funcionou entre 1936 e 1956) que estavam em domínio público. 

Por mais que eu tenha gostado da série, é fácil dizer que a Terra Obscura não funciona muito bem sem uma âncora verdadeiramente importante como Tom Strong, ou seja, alguém que o leitor conheça e que consiga ver integrando temporariamente esse mundo tão diferente e carente de algo que nos chame a atenção. Conceitualmente é uma série interessante, principalmente pela maneira pouco convencional como os “heróis da ciência” agem e se colocam diante do perigo, muitas vezes com um nível de violência e imoralidade pouco comuns em aventuras do gênero. Cada edição narra um pedaço de uma trama que, aos poucos, vai se mostrando grande e parcialmente conectada. Não diria que o lado pessoal de alguns personagens (à época, possivelmente considerado polêmico) faz alguma diferença para a trama, de modo que muitas páginas, cenas e indicações aqui me pareçam vazias ou até mesmo atrapalhadas.

No momento em que concebeu Terra Obscura, Alan Moore já tinha finalizado o seu ótimo exercício com heróis-policiais e investigadores em Top 10, e é praticamente impossível ler esta minissérie e não ver uma presença muito forte da correria diária, da parte burocrática e da camaradagem dos agentes da lei em Millennium City. Apesar de começar um pouco fraca, Terra Obscura cresce em qualidade nas três edições finais, basicamente porque o antagonismo em cena fica melhor e os desenhos e diagramação assinados por Yanick Paquette chegam ao seu pico, com destaque para a temática egípcia, que captura muito a nossa atenção para o conflito e nos deixa curiosos para o que poderia ter saído daí se fosse feita uma série com a mesma continuidade.     

Terra Obscura (EUA, 2003 – 2004)
Contendo: Terra Obscura #1 a 6
Roteiro: Alan Moore, Peter Hogan
Arte: Yanick Paquette
Arte-final: Karl Story, John Dell, Jimmy Palmiotti, Richard Friend
Cores: Jeromy Cox, Tony Aviña
Letras: Todd Klein
Capas: Yanick Paquette, Karl Story, Jeromy Cox
Editoria: Ben Abernathy, Kristy Quinn
150 páginas

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