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Crítica | Love, Death & Robots – 4ª Temporada

Gatos, dinossauros e Red Hot Chili Peppers?

por Ritter Fan
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Quase exatamente três anos depois da maravilhosa terceira temporada (ou volume, como queiram), Love, Death + Robots retorna às telinhas desta vez com 10 episódios que, no agregado, apesar de não alcançarem os altos muito altos da primeira e terceira temporadas, consegue situar-se facilmente acima da segunda. Entre curtas que se passam em universos apresentados anteriormente e vários completamente inéditos e o uso de computação gráfica que vai do fotorrealismo até a emulação de marionetes, passando por simulação de 2D e cell shading, o novo ano oferece uma boa variedade temática e um conjunto harmônico que não cansa em momento algum graças à sempre certeira curadoria de Joshua Donen, David Fincher, Jennifer Miller e Tim Miller em um projeto que funciona como um ótimo laboratório de ideias que, devo dizer, até me surpreende não termos ainda visto explorações derivadas.

Em razão da natureza de antologia da série, decidi, como nas duas temporadas anteriores, fazer uma mistura de crítica geral com críticas específicas de todos os episódios e de ranking, tudo em um pacote só, para todos os gostos. Vamos lá então para minhas “pílulas críticas” sobre cada um dos curtas, do pior ao melhor? E mandem a ordem de vocês!

10º Lugar:
Dispositivos Inteligentes, Donos Idiotas

A ideia de dar via a dispositivos domésticos inteligentes na forma de um “documentário falso” (mockumentary) em que eles são brevemente entrevistados para falar de suas agruras diárias é sem dúvida interessante, especialmente para deixar bem claro para nós o frenesi consumista que sentimos para adquirir as coisas mais sem sentido só porque são vendidas como a melhor invenção do mundo desde o ar-condicionado. No entanto, o que John Scalzi escreve é básico demais, simplista demais, mesmo que a animação seja, como de costume na série, da mais alta qualidade, com especial destaque para o design dos aparelhos e a direção de Osborne consiga emular a atmosfera pretendida.

Mas faltou o algo mais, algo que fosse além do humor trágico de uma privada com perfeita consciência do que ela é reclamando de quem achou uma boa ideia justamente dar inteligência e outras situações semelhantes. Faltou aquela acidez que às vezes vemos nas obras de Scalzi ou, talvez, uma pegada mais fortemente cômica ou, ao revés, dramática. O meio termo prejudicou a narrativa, assim como a minutagem acanhada, que não dá tempo para o espectador realmente mergulhar na proposta ou efetivamente criar conexão com os “entrevistados” para além do óbvio ululante determinado por suas respectivas funções encaradas por seus pontos de vista. É como ver o rascunho de um curta ganhar vida antes de amadurecer. Diverte daquela forma rasteira, mas não consegue ir além.

Dispositivos Inteligentes, Donos Idiotas (Smart Appliances, Stupid Owners, EUA)
Direção: Patrick Osborne
Roteiro: John Scalzi (baseado em história de John Scalzi)
Elenco: Melissa Villaseñor, Ronny Chieng, Amy Sedaris, Kevin Hart, Josh Brener, Nat Faxon, Niecy Nash-Betts, Brett Goldstein
Estúdio:
Aaron Sims Creative
Duração: 8 min.

9º Lugar:
Spider Rose

Passado no mesmo universo de Enxame, da temporada anterior da série, Spider Rose nos apresenta à trágica personagem titular, uma humana com implantes cibernéticos que deseja vingar-se do assassinato de seu companheiro e que é a solitária controladora de uma gigantesca “teia de aranha” tecnológica espacial que recebe uma proposta de uma raça alienígena: a consignação de uma criatura adaptativa (que, em conceito, lembra muito o xenomorfo da franquia Alien) como uma forma de convencê-la a vender seu bem mais precioso, a fonte de energia do local onde vive. A computação gráfica fotorrealista é lindíssima, assim como o design de personagens, criaturas e tecnologia, mas, assim como acontece com Enxame, a história é veloz e furiosa e parece mais um fragmento narrativo do que algo minimamente completo.

Não é que curtas precisem contar histórias com começo, meio e fim propriamente ditos, mas a estrutura de cutscene de videogame é um tanto quanto evidente e frustra assim que o espectador se acostuma com os visuais e com o também ótimo trabalho de voz. Falta ao mesmo tempo calma aos eventos que se desenrolam em velocidade de dobra e cuidado por Joe Abercrombie no roteiro para entregar algo que efetivamente caminhe em alguma direção que não seja a mais simples possível que, ainda por cima, é telegrafada desde o momento em que a solitária protagonista aceita a proposta de “período de teste” da simpática criaturinha. É, sem dúvida alguma, um bom exercício de estilo que, porém, descarta todo e qualquer semblante de substância.

Spider Rose (Idem, EUA)
Direção: Jennifer Yuh Nelson
Roteiro: Joe Abercrombie (baseado em história de Bruce Sterling)
Elenco: Emily O’Brien, Feodor Chin, Piotr Michael, Sumalee Montano
Estúdio:
Blur Studio
Duração: 17 min.

8º Lugar:
Gólgota

De certa forma e não coincidentemente já que Joe Abercrombie é o roteirista também, Gólgota sofre do mesmo tipo de problema de Spider Rose, ou seja, é um belo exercício de forma sobre substância, com Tim Miller fazendo, talvez, o “mais fotorrealista” de todos os curtas dessa quarta fornada, com direito ao quase transplante dos atores reais para suas formas digitais em um inegável excelente trabalho nesse departamento. Trata-se de uma história de invasão que parece ter inspiração em Jornada nas Estrelas IV: A Viagem para Casa em razão da conexão entre alienígenas e um cetáceo, no caso um golfinho messias que parece ter ressuscitado, mas com fortes sobretons religiosos que emprestam um ar de novidade, mas também, ironicamente, ao mesmo tempo de algo que já vimos antes de diversas outras formas diferentes.

O curta é eficiente na forma como ele introduz a situação já em andamento e lida bem com o pouco suspense que constrói, mas, depois, acaba se perdendo em explicações do óbvio ululante – será que Abercrombie é assim também em seus livros? – e de uma aceleração narrativa que se beneficiaria demais de um pouco mais de cuidado e detalhamento, sem precisar correr para o fim literalmente apocalíptico que todo mundo esperava desde o primeiro minuto dado o didatismo exacerbado. No entanto, é uma obra visualmente impactante, sem dúvida, que funciona somente como um tira-gosto breve.

Gólgota (Golgotha, EUA)
Direção: Tim Miller
Roteiro: Joe Abercrombie (baseado em história de Dave Hutchinson)
Elenco: Rhys Darby, Moe Daniels, Graham McTavish, Phil Morris, Michelle Lukes, Matthew Waterson
Estúdio:
Luma Pictures
Duração: 10 min.

7º Lugar:
Can’t Stop

Dentre os vários curtas de todas as temporadas da série, Can’t Stop é, provavelmente, o mais inusitado, com David Fincher criando o que é, em essência, um videoclipe da canção em questão da banda Red Hot Chili Peppers, em uma performance ao vivo no castelo de Slane, em 2003, só que com marionetes digitais estilizadas no lugar de humanos. Não há narrativa para além da letra da música e o que Fincher faz é brincar em sua caixinha de areia de bits e bytes para fazer como nas antigas séries com marionetes físicas como Thunderbirds ou como Trey Parker mais recentemente (ainda que há mais de 20 anos) com Team America: Detonando o Mundo.

As caricaturas dos integrantes do grupo capturam muito bem suas feições e a espiral de desapego às leis da física, digamos assim, vai em um belo crescendo no trabalho do diretor que muito claramente está à vontade nessa sua experimentação que, no frigir dos ovos, é apenas isso mesmo, uma experimentação. Se eu veria um trabalho narrativo de Fincher todo em marionetes, de preferência físicas? Sem um segundo de hesitação. Aqui, trata-se apenas de um divertimento breve e passageiro.

Can’t Stop (Idem, EUA)
Direção: David Fincher
Roteiro: letra da banda Red Hot Chili Peppers
Elenco: Anthony Kiedis, Flea, John Frusciante, Chad Smith
Estúdio:
Blur Studio
Duração: 6 min.

6º Lugar:
Pois Ele Se Move Sorrateiramente

Pelo menos aqui no meu ranking, Pois Ele Se Move Sorrateiramente é o primeiro de dois curtas protagonizados por um gato e também o primeiro de dois em que o mote é a batalha contra forças demoníacas. Na história, um poeta insano internado em um hospital psiquiátrico em Londres, em 1757, é cobiçado por satã na forma de um bispo fantasmagórico e sua única proteção é o fiel gato Jeoffry que reúne seus amigos do beco mais próximo para montar uma defesa divina contra a tentação demoníaca. Trata-se de uma animação em 2D gerada por computador com traços aparentes que emulam uma arte mais autoral e que capturam com bastante eficiência a atmosfera fantasmagórica do lugar onde o embate acontece, resultando em curta vistoso e ao mesmo tempo opressivo.

Mas o roteiro de Tamsyn Muir corre demais e se esquece de construir seus personagens, com Jeoffry transitando artificialmente entre o gato que se acha dono da situação ao gato ferido e, finalmente, ao gato com superpoderes sem que haja uma linha narrativa mestra que se agarre a seus pontos centrais sem deixar que a história fique à deriva no que se refere ao conflito entre o Céu e o Inferno. É uma proposta boa, sólida, mas que se beneficiaria de um planejamento maior para criar um universo próprio mais coeso, que parecesse menos uma sucessão de improvisos. Quem sabe Jeoffry não retorna em algum curta futuro em uma história que faça jus aos seus poderes celestiais?

Pois Ele Se Move Sorrateiramente (For He Can Creep, EUA)
Direção: Emily Dean
Roteiro: Tamsyn Muir (baseado em história de Siobhan Carroll)
Elenco: Dan Stevens, JB Blanc, Jim Broadbent, Nika Futterman, Jane Leeves, Dave B. Mitchell
Estúdio:
Polygon Pictures
Duração: 14 min.

5º Lugar:
Como Zeke Entendeu a Religião

O outro embate entre o Céu e o Inferno nesse volume da série é também uma animação 2D de época, só que passada durante a Segunda Guerra Mundial, em que um solitário bombardeiro tem  a missão de destruir uma igreja onde um nazista está tentando invocar uma criatura demoníaca. No entanto, os tripulantes do avião não sabem sobre as ações na igreja, apenas sobre a missão e, quando, apesar do sucesso, a criatura emerge dos escombros, eles precisam enfrentá-la como se fosse mais um dia no fronte de batalha, com a direção de Diego Porral imprimindo um ritmo vertiginoso ao roteiro de J. T. Petty que aborda a fé como arma contra o mal, seja ela a fé cultivada por uma vida toda, seja a fé agarrada com toda a força em meio a uma situação impossível em que a única resposta é acreditar sem que haja espaço para a dúvida.

A pancadaria sobrenatural é intensão, ferrenha, sanguinolenta e explosiva, mas os 15 minutos passam literal e metaforicamente voando com um grupo coeso de personagens ganhando surpreendente trabalho de construção narrativa que avança em incrementos sutis, mas constantes, em uma espécie de espiral que serve de uma alegoria sobre a crença em algo maior e difuso, um poder inexplicável, uma experiência que muitos dizem ter, mas que poucos realmente têm com o fervor e espírito necessários para a realização necessária sem descambar para o fanatismo cego e idiotizante. Como Zeke Entendeu a Religião teria se beneficiado muito de uma duração maior para a internalização desse despertar, mas o combate aéreo contra o mal encarnado é alucinante e expiatório na medida certa.

Como Zeke Entendeu a Religião (How Zeke Got Religion, EUA)
Direção: Diego Porral
Roteiro: J. T. Petty (baseado em história de John McNichol)
Elenco: Keston John, Braden Lynch, Roger Craig Smith, Gary Furlong, Bruce Thomas, Andrew Morgado, Scott Whyte
Estúdio:
Titmouse
Duração: 15 min.

4º Lugar:
Minicontatos Imediatos

A equipe de Noite dos Minimortos, inovador e sensacional curta da temporada anterior, retorna para mais animação em escala minúscula, mas de proporções gigantescas, desta vez lidando com uma invasão alienígena na Terra que retira muito de sua iconografia de Guerra dos Mundos e, sempre com plano geral, aborda um lapso temporal enorme e uma pletora de situações diferentes que envolvem desde a chegada das criaturas, passando pela tentativa humana de revidar, chegando ao inevitável cataclismo final, tudo somente com efeitos sonoros, sem diálogos, mas com o perfeito domínio de progressão narrativa que deixa tudo muito claro ao espectador mesmo na correria insana dos brevíssimos sete minutos de duração.

O fator “novidade” inexiste aqui, mas, muito sinceramente, isso não importa, pois o que Robert Bisi e Andy Lyon novamente fazem mostra o quanto eles conseguem lidar com basicamente a mesma coisa, mas sem cansar mesmo que o espectador saiba como tudo mais ou menos acabará. É, resumindo, uma lição de como contar uma história imensa com poucos recursos e sem perder o fio da meada, algo que muito blockbuster hollywoodiano de orçamento gigantesco não chega perto de conseguir.

Minicontatos Imediatos (Close Encounters of the Mini Kind, EUA)
Direção: Robert Bisi, Andy Lyon
Roteiro: Robert Bisi, Andy Lyon
Estúdio: Buck
Duração: 7 min.

3º Lugar:
A Outra Coisa Grande

O aluno da 5ª série que reside em mim não consegue não rir quando lê esse título em português do curta prelúdio tanto do magnífico Os Três Robôs, da primeira temporada, quanto de sua mediana continuação da terceira temporada. Mas isso não vem ao caso, pois John Scalzi retorna à forma com um texto afiado que conta como o fim da Humanidade começou nesse seu universo e o estopim não poderia ser melhor: a conexão de um vilanesco gato doméstico de pretensões megalômanas que não sem querer lembra (não fisicamente, claro) muito o camundongo Cérebro, de Pinky e o Cérebro, com um robô verde faz-tudo recém adquirido por seus donos, duas figuras asquerosas que só querem não fazer absolutamente nada na vida a não ser comer e transar, não necessariamente nessa ordem.

É quase como se Scalzi estivesse nos dizendo – e ele está daquele seu jeito sardônico e pessimista – que tudo o que merecemos é o fim pelas mãos de um felino aliado à uma I.A., já que nós não temos saída como raça. O humor é tonalmente exato, a atmosfera parece leve no começo, mas vai ganhando sobretons sinistros e inesperados e a computação gráfica é de se tirar o chapéu, assim como é os trabalhos de voz do gato Sanchez (cujo nome verdadeiro é segredo de estado) e do robozinho particularmente útil para a revolução felina. Não precisamos saber mais do que isso sobre o começo do fim, mas a grande verdade é que eu quero muito saber os detalhes do que acontece a partir do ponto e que o curta acaba!

A Outra Coisa Grande (The Other Large Thing, EUA)
Direção: Patrick Osborne
Roteiro: John Scalzi (baseado em história de John Scalzi)
Elenco: Chris Parnell, John Oliver, Fred Tatasciore, Rachel Kimsey
Estúdio:
AGBO
Duração: 17 min.

2º Lugar:
Os Caras do 400

O que aconteceria se Warriors – Os Selvagens da Noite se passasse em uma Nova York em um futuro pós-apocalíptico com gangues poderosas enfrentando uma recém chegada ameaça do “bloco dos 400”? É isso que Robert Valley na direção e Tim Miller no roteiro tentam responder com o excelente Os Caras do 400 que reúne os visuais muito melhorados do curta Gelo, da segunda temporada, pela Passion Animated Studios com uma pegada urbana que é tão conhecida como completamente diferente em uma cidade devastada por enormes e ameaçadoras criaturas em um universo de ultraviolência que parece um balé da morte.

Cada gangue tem seu visual, suas armas, seus estilos e a cidade em ruínas ao redor só compõe esse quadro, preparando para quando a tal nova gangue que é batizada com o título do episódio chega para tomar território. É uma construção de universo instantânea, esperta, completa e que nasce com um passado carregado que vemos com clareza nas relações entre os membros da gangue inicial e deles com as gangues rivais ao redor em uma tentativa de formação de uma Liga da Justiça urbana para bater de frente com o que está vindo. Mais um curta que dá vontade de ver mais sobre o universo em que está inserido!

Os Caras do 400 (400 Boys, EUA)
Direção: Robert Valley
Roteiro: Tim Miller (baseado em história de Marc Laidlaw)
Elenco: John Boyega, Ed Skrein, Sienna King, Dwane Walcott, Rahul Kohli, Pamela Nomvete, Amar Chadha-Patel
Estúdio:
Passion Animation Studios
Duração: 15 min.

1º Lugar:
O Grito do Tiranossauro

Talvez eu possa resumir o quanto eu gostei de O Grito do Tiranossauro afirmando que o curta escrito e dirigido por Tim Miller é a melhor obra audiovisual de ficção com dinossauros desde Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros. Por outro lado, essa talvez seja uma afirmação vazia, já que o uso das enormes criaturas que um dia dominaram a Terra em filmes e séries não foi particularmente muito bom ao longo dos anos desde 1993, pelo que talvez algo mais efusivo seja necessário: O Grito do Tiranossauro é uma rara lição de como misturar conceitos quase que completamente aleatórios como dinossauros, jogos gladiatoriais, opressão sistêmica, revolução e vingança em um pacote coeso, claro e que constrói um universo inteiro que parece magicamente fazer todo o sentido do mundo, com direito a design de produção e à computação gráfica do mais alto gabarito.

Ver uma corrida mortal de gladiadores nus e tatuados de variadas luas de Júpiter montados em triceratops em um anel orbitando o planeta para celebrar o casamento de aristocratas opressores em uma versão futurista da Roma Antiga é fascinante por si só, mas seria pouco para realmente justificar o primeiro lugar. O ponto maior é que o roteiro de Miller cria imediata ancestralidade ao que vemos acontecer na tela e, mais do que isso, conta uma história completa, redonda, perfeitamente satisfatória que, porém, poderia não ter aqueles segundos finais com a protagonista moribunda continuando a narração em off, um detalhe sem dúvida menor em um todo magnífico que me faz querer imediatamente um longa metragem inspirado no curta.

O Grito do Tiranossauro (The Screaming of the Tyrannosaur, EUA)
Direção: Tim Miller
Roteiro: Tim Miller (baseado em história de Stant Litore)
Elenco: MrBeast, Bai Ling
Estúdio:
Blur Studio
Duração: 15 min.

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Love, Death & Robots – 4ª Temporada (Idem, EUA – 15 de maio de 2025)
Produção: Joshua Donen, David Fincher, Jennifer Miller, Tim Miller

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