Home TVEpisódio Crítica | Mayans M.C. – 3X08: A Mixed-up and Splendid Rescue

Crítica | Mayans M.C. – 3X08: A Mixed-up and Splendid Rescue

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas dos demais episódios.

Com exclamaria minha mãe: “Eita-Ferro!”. Foi isso que tive vontade de dizer algumas vezes na medida em que A Mixed-up and Splendid Rescue progredia, revelando-se como um episódio que parece correr desesperadamente atrás do prejuízo causado por You Can’t Pray a Lie e, em parte, por What Comes of Handlin’ Snakeskin de forma a armar a temporada para seu final já que só há mais dois episódios pela frente e ainda nenhum sinal de renovação por parte da FX, hoje da Disney (e, sinceramente, duvido que haja renovação…).

É tanta coisa para escrever que eu realmente nem sei por onde começar, mas, contemplando as diversas linhas narrativas e sub-tramas abordadas, creio que a melhor saída para meu texto da semana seja não cair na mesma armadilha do roteiro de Jenny Lynn e concentrar-me nos aspectos macro. Aliás, vale um parêntese importante, pois Lynn conseguiu um milagre ao lidar com tanta coisa ao mesmo tempo, certamente um mandamento do showrunner, escrevendo pequenas, mas importantes interações entre um sem-número de duplas de personagens, seja El Palo tentando convencer o violento El Banquero a ajudá-lo em sua rota de vingança, seja a doçura de Hank com Nails ou a conexão mais forte entre Angel e a mesma Nails quando ela o informa sobre sua gravidez, ou, ainda, a terna e surpreendente conversa entre Laura e Tazza, em que o segundo é revelado como homossexual, tendo o finado David como o único amor de sua vida. Foi sem dúvida uma tarefa complexa que a roteirista mostrou eficiência em cumpri-la e que o diretor Alonso Alvarez-Barreda soube colocar na telinha da melhor maneira possível.

Mesmo assim, claro, a quantidade de pequenas histórias chegou a cansar. Algumas ganharam bom tempo de tela, como tudo envolvendo EZ e Gaby, especialmente o terrível brunch em que Angel expõe todas as suas mágoas e tristezas, acabando com EZ revelando o que parece ser seu verdadeiro e cada vez mais violento “eu” e a investigação de Miguel Galindo sobre o assassinato de sua mãe, o que o colocará em rota de colisão com os Reyes e que levou à perturbadora cena dele e Emily transando que a direção e o roteiro trabalharam com percepções opostas, ou seja, ele com intenção de matá-la, ela compreendendo tudo aquilo como demonstração de “amor violento”, um toque particularmente interessante – e macabro – que foi muito bem conduzido. Outras, como Tazza e Laura ou até mesmo Palo e Banquero, foram quase que inseridas “na surdina” para lidar com as questões muito mais por um ditame prático, do que pela estética ou mesmo pela narrativa como um todo. Elgin James precisava lidar com essas subtramas, algo que se repete com Bishop sendo “elevado” ao único rei quando o clube toma a decisão de matar Canche, e precisava que fosse agora e, com isso, o episódio ficou inevitavelmente todo entrecortado, com uma pletora de momentos anticlimáticos.

Fiquei, porém, particularmente surpreso pela qualidade da interação entre Coco, Hope e Leti. Com o cliffhanger sendo resolvido sem nenhuma enrolação, já que a morte de Coco por overdose pouco serviria à narrativa, restou a antes perdia Leti tentar colocar as coisas nos eixos, com uma performance digníssima de Emily Tosta que empresta à sua personagem o desespero, raiva e desapontamento que sente pela situação deplorável de seu pai, sua única conexão familiar. Percebe-se, muito claramente, o amor que ela sente por Coco e por tudo o que ele fez por ela e, em atitude adulta, ela arregaça as mangas para fazer o mesmo pelo pai em um caminho potencialmente muito difícil e tenso, especialmente com Hope ironicamente abandonando a esperança e novamente entregando-se ao vício. Apesar de pessoalmente eu esperar o pior nesse núcleo, secretamente – ou não tão secretamente assim – espero que tudo corra bem e que pai e filha possam sair dessa razoavelmente incólumes.

Ou seja, apesar de lidar com realmente muita coisa em apertados 54 minutos (e olha que Álvarez, Adelita e eventual conexão com a polícia, especialmente Potter, ficaram de fora), A Mixed-up and Splendid Rescue ainda consegue escapar da tragédia que poderia ser e efetiva e inteligentemente move as peças no complexo tabuleiro dos Mayans para o que parece ser um conflito entre diversas partes ao mesmo tempo, o que igualmente merece um “Eita-Ferro”, só que, agora, de admiração. Não sei se há tempo em apenas dois episódios para que tudo – ou quase tudo – seja resolvido a contento, mas fica a torcida para que sim já que, como disse, a renovação parece ser um sonho impossível.

Obs: Em 03/05, saiu a confirmação da renovação de Mayans M.C. para a 4ª temporada.

Mayans M.C. – 3X08: A Mixed-up and Splendid Rescue (EUA – 27 de abril de 2021)
Showrunner: Elgin James
Direção: Alonso Alvarez-Barreda
Roteiro: Jenny Lynn
Elenco: J.D. Pardo, Sarah Bolger, Clayton Cardenas, Michael Irby, Carla Baratta, Richard Cabral, Raoul Trujillo, Danny Pino, Edward James Olmos, Emilio Rivera, Emily Tosta, Sulem Calderon, JR Bourne
Duração: 54 min.

 

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