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Crítica | Praga Infernal

Baratas incendiárias surgem após um terremoto e espalham o terror numa zona rural.

por Leonardo Campos
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As baratas já são naturalmente asquerosas. Pequenas em comparação aos outros animais que causam medo na natureza, as criaturas se arrastando ou voando por ambientes sempre tomam humanos de assalto e causam a sensação de pavor que além de acelerar corações, podem gerar também descargas de riso após o seu “ataque”. Essa sensação de horror torna-se ampliada no desenvolvimento de Praga Infernal, produção alinhada ao segmento catástrofe do cinema da década de 1970. Adaptação do romance A Praga de Hefesto, de Thomas Page, este clássico do horror ecológico teve direção de Jeannot Szwarc e foi escrito numa parceria com William Castle, também produtor do filme, uma narrativa sobre insetos ameaçadores da civilização, criaturas que se vingam na humanidade, tema constante desde os anos 1950 e o advento das sociedades posteriores ao conflito atômico da Segunda Grande Guerra Mundial. Em seus 99 minutos, acompanhamos os horrores de uma cidade rural da Califórnia, devastada por baratas incendiárias que emergem de um terremoto e causam ataques mortais, além de incêndios responsáveis pela devastação de propriedades. Elas estabelecem o clima de pânico generalizado e fazem o filme desenvolver a clássica estrutura de descoberta, caos, mortes e busca por resolução. É a linha basilar das plurais ramificações narrativas dentro do profícuo segmento do horror ecológico.

Lançado em 1975, Praga Infernal dizia, em sua campanha publicitária, que a história “ia além de seu pior pesadelo”. Será? A depender dos medos do público, a produção podia ser assertiva ao causar as mais variadas sensações em suas plateias. Aqui, temos o professor James Parminter (Bradford Diffman), homem que acaba envolvido com a presença dos bichos que saem do solo e adentram no escapamento de seu carro. Em casa, os bichos tomam uma proporção enorme do espaço e atacam a sua esposa Carrie (Joana Milles), mulher que morre ao ser destroçada pelos animais que queimam a pele e causam outras formas de destruição. Assim, ele meio que surta e inicia um amontoado de experiências insanas com as criaturas, agora cruzadas com uma barata doméstica, situação que se desdobra numa nova raça, ainda mais ameaçadora. Agora, as baratas estão mais inteligentes. Sim, isso mesmo que você leu, inteligentes e espertas, demasiadamente assustadoras e esfomeadas, elas acabam com tudo que encontram pela frente. Os demais personagens precisam lutar pela sobrevivência e o caos se espalha vertiginosamente, tal como as labaredas que surgem com “as monstras” incendiárias.

Insano, não é mesmo? Mas é algo bem dentro da linha do cinema de horror da época, ainda em consonância com o que tinha sido lançado em quantidade expressiva desde as décadas de 1950 e 1960. Louva-deus, caranguejos, moscas, formigas, sapos, serpentes, enfim, uma linhagem gigantesca de animais foi alvo da criatividade absurda de realizadores que entenderam a rentabilidade da ameaça natural como conflito cinematográfico. Em Praga Infernal, uma região desértica da Califórnia serve de espaço para a direção de fotografia de Michell Hugo empregar os famosos pontos de vista para os seres de alta periculosidade, também captados em planos bem fechados para transmitir a sensação de pavor necessária ao público que contempla os ataques sanguinários e ardilosos destas criaturas bizarras. Os efeitos visuais e especiais da equipe supervisionada por Allan Jacobs e Phil Cory, respectivamente, são bem eficientes, associados ao design de som Jerry Jost, responsável por dar uma dimensão auditiva irritante para as baratas que amplificam o seu tom de ameaça com a trilha sonora de Charles Fox, setor sem nada de muito especial e memorável, mas devidamente adequado ao conteúdo da narrativa.

Inicialmente, as baratas não podem sobreviver durante muito tempo fora do ambiente de onde escapam no solo. A pressão atmosférica as faz estourar, no entanto, com a experiência do “cientista descerebrado” mencionado anteriormente, as criaturas se adaptam e conseguem se alastrar por nossa atmosfera. Há algumas passagens muito breves sobre religiosidade e relação infernal com a chegada das baratas, mas os realizadores preferem manter as mortes e os ataques em primeiro plano, principalmente na segunda metade, arrastada e com nada além de sintetizadores expressivos a adornar a trilha de corpos que surge com as criaturas adaptadas e agora, mais mortais do que nunca. Experiente ao desenvolver Tubarão 2 mais adiante, outro ponto significativo do horror ecológico, Jeannot Szwarc se entrega ao projeto e tenta fazer o melhor que pode, mas o argumento pede mais que a habilidade de um diretor razoável. É preciso mais profundidade, necessidades dramáticas mais abrangentes e personagens mais instigantes para Praga Infernal funcionar, algo que não temos por aqui, o que torna a narrativa básica e nada além do que já se fazia largamente na época dentro deste segmento. É um filme que desde seu lançamento, ficou fadado a se transformar num clássico cult com público de nicho bastante específico. Nada mais que isso. As baratas retornariam ao cinema depois nos asquerosos Ninho do Terror, Hospedeiros – A Ameaça Interior, dentre tantos outros ícones do trash.

Praga Infernal (Bug, EUA – 1975)
Direção: Jeannot Szwarc
Roteiro: Thomas Page, William Castle
Elenco: Alan Fudge, Bradford Dillman, Brendan Dillon, Jamie Smith-Jackson, Jesse Vint, Joanna Miles, Patty McCormack, Richard Gilliland
Duração: 99 minutos

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