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Crítica | Salsicha e Scooby Atrás das Pistas – A Série Completa

por Iann Jeliel
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Salsicha e Scooby Atrás das Pistas

Juntos novamente Salsicha e Scooby Atrás das Pistas

Dupla emoção…

Com aventuras novas

SENSAÇÕES!!!

Nota de Agradecimento: 2020 está implacável! Depois de Joe Ruby falecer aos 87 anos em agosto deste ano, agora foi a vez do outro co-criador de Scooby-Doo, Ken Speaks, falecer aos 82 anos, no último 6 de novembro. Não tenho palavras para descrever o quão grato sou a esses dois por terem moldado minha personalidade com sua criação maravilhosa! Espero que eles estejam em lugar melhor e que o seu legado nunca morra, transcendendo e conquistando centenas de futuras gerações. Descansem em paz, mestres!

  • Leia, aqui, as críticas de todo nosso material de Scooby-Doo.

Engraçado que apesar de serem o espírito primordial da mágica do desenho, Salsicha e Scooby, quando juntos em uma aventura para eles isolada, nunca funcionaram, ao contrário, trouxeram os momentos mais questionáveis da marca em sua história. Não com o mesmo peso do que foi a fase de curtas com o Scooby-Loo, mas Salsicha e Scooby: Atrás das Pistas tenta inovar sob uma óptica mais infantil de seus personagens e acaba criando um universo completamente destoante da essência original. A dupla nessa série se torna rica às custas de um tio inventado do Salsicha, o tio Albert, que é supergênio em tecnologia, física e todos os outros conhecimentos possíveis, capaz de criar uma fórmula que basicamente torna animais em super-heróis.

No caso, especificamente o nosso querido cachorro favorito, Scooby-Doo, por meio dos “superbiscoitos Scooby” adquire todo tipo de poder (superforça, supervelocidade, inteligência, clonagem…) que o ajudará a combater o vilão, Dr. Phineus Phibes, que deseja ter a fórmula pra si para efetivar seus planos vilanescos de destruição mundial. Essa história seria até legal para um jogo de videogame, em que poderíamos controlar Scooby superpoderoso para combater os lacaios de Phibes e seus planos megalomaníacos ao estilo “hack and slash”. Infelizmente, trata-se de uma série que teoricamente assume um papel de canônica, dada a forma que é introduzida e inicialmente conceituada num mesmo universo onde aqueles personagens já foram resolvedores de mistério realistas. Até gosto bastante desse início, e digo mais, a primeira temporada como um todo é muito boa porque tem ciência da gradação de sua megalomania e a configura aos poucos, permitindo desafios palpáveis aos dois alívios cômicos.

Traz uma maturidade que se leva a sério o suficiente para convencer que seu universo é palpável, mas também abraça certos exageros que a tornam humoristicamente condizente com o que são os personagens originais. Gosto da construção de rivalidade com o arqui-inimigo, ainda que gostaria de ver outros fora ele interessados na fórmula. Essa que em algum momento já na primeira temporada se torna secundária, e os planos de Doutor Phibes passam a ser repetidos na mesmice, ainda assim o carisma dos vilão, somado à construção de embate com “o garoto hippie e seu cachorro”, torna essa repetição de investidas eficiente no humor. A ideia provavelmente era aproximar algo de Tom & Jerry, onde Salsicha e Scooby sempre ganham no final, a diferença é que não há um dualismo sobre quem é a figura vilanesca, mas o maniqueísmo do desenho é proposital ao divertimento numa primeira instância, que talvez devesse ser a única.

A segunda temporada decai rigorosamente em qualidade, e as repetições começam a beirar o insuportável quando as convenções estabelecidas não progridem a lugar nenhum. Isso fica bem claro ao final da primeira, quando o grande mistério da trama é solucionado para ser só tocado de novo no final do último episódio. Até lá, ficam 12 episódios enrolando e apelando situações cada vez mais absurdas, em que não há mais o teor de desafio. Nessa altura do campeonato, Salsicha e Scooby ganharem deixa de ser uma piada e passa a ser uma obrigação cômoda de protagonismo. Os “superbiscoitos Scooby” funcionam segundo o que a conveniência pede, o que eles precisam na hora existe ou dá um jeito de existir. Verdade que isso é meio que fato desde o início, mas não ficava tão escancarado e havia erros ou repetições baseadas em apresentações anteriores.

O máximo do desafio da segunda temporada é quando os personagens são confrontados entre si, mesmo assim são situações tão bestas de “ciuminho” que começam a distanciar a personalidade original dos personagens que a série até soube em algum momento manter. Fora que por terem a missão praticamente cumprida, o lado dramático, em que consta serem alívios cômicos incapazes de resolver problemas sozinhos, desaparece e torna os personagens até arrogantes, antipáticos, o que é gravíssimo se tratando de Salsicha e Scooby em uma série que eles são protagonistas. Fora que Phibes perde totalmente sua caracterização, Robbie – o robozinho mordomo do Tio Albert – que é até um bom alívio cômico no início, vira uma espécie de Scooby-Loo (tão chato quanto), e o desenho perde completamente o fio condutor da sua premissa. Como dito, ele só vai lembrar lá no último episódio, que pode ser até o melhorzinho da temporada, mas tem um clímax que não conclui e tampouco estabelece ganchos ou novas possibilidades narrativas, a série simplesmente para, e é isso aí.

Um lamento, porque há vários bons capítulos que até me marcaram na infância e sustentaram bem o meu carinho durante uma revisitada. Contudo, só tinha visto a primeira temporada quando pequeno, e fica difícil manter o laço com uma segunda tão distante de tudo que define a essência de Scooby, não como desenho, mas como personagem. Se assim como Os 13 Fantasmas de Scooby-Doo, esta fosse uma minissérie, com os mesmos 13 episódios iniciais e apenas mais um para concluir a história de Tio Albert, certamente esse seria um desenho subestimado de Scooby-Doo. Como não é caso, bem, não dá para negar que ele se torna um dos mais decepcionantes.

Salsicha e Scooby Atrás das Pistas (Shaggy & Scooby-Doo Get a Clue! | EUA, 2006 – 2008)
Showrunner: Ray DeLaurentis (Baseado na criação de Joe Ruby e Ken Speaks)
Diretores: Jeff Allen, Charles Visser
Roteiristas: Ray DeLaurentis, Joseph Barbera, William Hanna, Scott Kreamer, Reid Harrison, James Krieg, M.J. Offen, Steven Sessions, Stephen Sustarsic, William Schifrin
Elenco (Dublagem Original):
Frank Welker, Scott Menville, Jim Meskimen, Jeff Bennett, Casey Kasem, Jim Meskimen, Jeff Bennett
Elenco (Dublagem Brasileira): Orlando Drummond, Mário Monjardim, Renato Rosenberg, José Luiz Barbeito, Ettore Zuim, Pedro Eugênio, Ronalth Abreu, Flávio Back
Duração: duas temporadas – 26 episódios – 13 episódios cada temporada – 22 minutos cada episódio

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