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Lista | Paul Thomas Anderson – Os Filmes Ranqueados

Uma filmografia impecável!

por Kevin Rick
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Aproveitando o lançamento de Uma Batalha Após a Outra, decidimos fazer um ranking das obras do grande cineasta Paul Thomas Anderson, trazendo as críticas de todos os seus trabalhos de direção em longas metragens. Trata-se de uma lista feita exclusivamente por mimKevin Rick, o único redator do site que viu todos os filmes do PTA recentemente.

No mais, temos na lista trechos das críticas completas das obras, que poderão ser facilmente acessadas através de seus respectivos links. Vamos lá então? Mandem seus rankings, independente de quantos longas tenham assistido, e comentem o que acham do trabalho do PTA!

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10º Lugar: Jogada de Risco

Jogada de Risco pode não ter o brilho imediato de outras obras de Paul Thomas Anderson, mas é uma estreia notável por sua maturidade. É um filme de atmosfera, de silêncios carregados, de tensão construída com a paciência de quem observa pessoas se movendo em ambientes áridos. Olhando pelo lado negativo, é uma obra que pode soar vazia e meio arrastada em um roteiro que ainda carece de algo a mais e que em determinados momentos parece até superficial em sua falta de material, mas, no fim, o que sobra não é a trama em si, mas o peso dos vínculos: um gesto de carinho, uma mentira bem-intencionada, um segredo guardado até o último momento. Um filme sobre redenção improvável, sobre como o acaso pode juntar pessoas quebradas em laços frágeis e, ainda assim, significativos. Anderson já começava aqui a pavimentar uma das filmografias mais intrigantes do cinema americano contemporâneo.

 

9º Lugar: Embriagado de Amor

Embriagado de Amor representa mais um ponto positivo dentro da impecável filmografia de Paul Thomas Anderson, um diretor que não possui medo de ousar, de contrariar as expectativas, de inserir profundas camadas em suas realizações ambiciosas. Pode não ter sido tão aclamado quanto seus filmes anteriores e posteriores, mas em nenhum momento deve ser considerado um filme menor de sua carreira.

 

8º Lugar: Vício Inerente

O longa recebeu duas indicações ao Oscar, uma para Roteiro Adaptado e outra para Figurino, merecendo mais a segunda do que a primeira. De todo modo, trata-se de um épico de “investigação chapada” vista pelo caos ordenado de um personagem pouco convencional. A obra certamente cativará a maioria dos espectadores, mas não será espantoso ouvir reclamações a respeito da “chatice” ou “lentidão exagerada” da fita. De minha parte, acredito que a desaceleração do diretor ao final foi o seu único erro, mesmo com toda a confusão que pontua o texto (algo vindo do livro, é verdade). Mesmo assim, Vício Inerente é um ótimo filme. E daqueles que não é nada lugar-comum você dizer ao final: eu preciso assistir de novo.

 

7º Lugar: O Mestre

Paul Thomas Anderson, em O Mestre, constrói um cinema que olha para dentro das rachaduras humanas e se recusa a preenchê-las. É um filme sobre vazios, sobre anseios que nunca encontram repouso. É duro, é difícil, mas é também sublime. A relação entre Dodd e Freddie é inesquecível porque não se resolve: ela continua reverberando, como uma pergunta sem resposta, como uma ferida aberta que o tempo não cicatriza de uma história com tantos elementos, mas também ironicamente simples em suas esquisitices que pintam uma das amizades mais deturpadas da Sétima Arte.

 

6º Lugar: Uma Batalha Após a Outra

Uma Batalha Após a Outra é uma obra ambiciosa, cheia de destaques formais e com uma tremenda energia narrativa, que arrisca sem perder a coesão, que mistura humor, choro e tensão de forma ousada, até mesmo flertando com a sátira. É um filme que seduz pela sensação de que o cinema ainda pode ser aventura e ideologia, não apenas espetáculo vazio, caminhando num terreno atualmente quase infértil entre crítica social e cinema inventivo. Se não é obra-prima, é obra grande; e obras grandes merecem ser vistas, debatidas, somadas e inspiradas. Gosto de pensar que, para Anderson, esse é o filme em que ele tomou o caos como matéria-prima. E, mesmo entre tropeços, deu certo.

 

5º Lugar: Licorice Pizza

Em Licorice Pizza, vemos o trabalho visual e narrativo fantástico de Paul Thomas Anderson sob uma perspectiva diferente: mais gentil e doce; sem a tensão, pornografia ou angústia características do cineasta. É um filme sobre uma era, sobre dois jovens vivendo nela e se conhecendo, e sobre o sentimento e laço entre eles. Gary é uma figura incomum, e Alana está interessada nele. Eles vão em aventuras juntos e se apaixonam. Nós também conhecemos eles, rimos e nos divertimos das suas situações que atravessam uma jornada de memória e nostalgia, não tão diferente do que fazemos quando relembramos nossas próprias peripécias e aprendizados. No fim, eles se sentem tão conectados que precisam correr um atrás do outro de novo e de novo e de novo. Gary e Alana estão agora marcados na memória da Sétima Arte como protagonistas de uma das suas melhores histórias de amor.

 

4º Lugar: Boogie Nights: Prazer Sem Limites

O feito alcançado por Boogie Nights surpreendeu críticos e até mesmo uma boa parcela do público, feito este que pode até ser comparado com o que Quentin Tarantino conseguiu ao idealizar Pulp Fiction – Tempo de Violência. Anderson cria um universo próprio, e ao mesmo tempo absurdamente real, intimista e verdadeiro, a ponto de não apenas surpreender, mas também chocar. E depois deste feito, sua carreira só fez decolar e mostrar que aqueles que o apontavam como a mais nova promessa de Hollywood estavam certos.

 

3º Lugar: Trama Fantasma

Grandeza profissional e amor são recriados em Trama Fantasma a partir de silêncios, provocações e produção de beleza para ser exibida e admirada. Não há personagem que não entenda o valor da arte que está em jogo. Os maneirismos, flertes e queixas transcendem o que querem dizer, são apenas estágios momentâneos, parte de um ciclo que faz muito mal aos envolvidos, e talvez por isso mesmo, seja a única coisa que lhes faça muito bem. Fios de intenções invisíveis se cruzam para tecer uma trama fantasma de comportamentos amargos, demonstrações inesperadas de amor, cumplicidade, arte e felicidade. Daniel Day-Lewis se aposenta da carreira de ator em um clímax. E Paul Thomas Anderson parece ter construído mais uma camada de maturidade em sua carreira como cineasta.

2º Lugar: Magnólia

Muitos analisam a famigerada chuva de sapos apenas à luz da citação do Êxodo 8:2. A cena me parece conter uma possibilidade de leitura ainda mais interessante. Não vejo o surpreendente evento somente como uma reprimenda divina aos moldes do dilúvio ou das pragas bíblicas. O que penso acontecer quando Magnólia se encaminha para seu desfecho é uma grande catarse. No sentido mais puro do termo. A insólita chuva ocorre exatamente no momento em que os personagens revivem seus traumas não elaborados de algum modo, purificando-se deles. Jim revive a perda do amor após o encontro malfadado. Claudia, a dor do abandono. Frank reencontra seu ressentimento na presença do pai acamado. Jimmy Gator, uma nova chance de expiar a própria culpa após errar o tiro que tiraria a própria vida. Com todos os outros, acontecerá o mesmo. A dor, a crise, a catarse e a redenção. E o que mais impressiona é que tudo isso caiba em apenas um dia de suas vidas e um único filme de Paul Thomas Anderson.

 

1º Lugar: Sangue Negro

A ilustrar a trilha sonora tétrica de Jonny Greenwood, a fotografia de Robert Elswit encontra o balanceio correto, oscilando em busca do tom exato para levar ao longa-metragem tonalidades e cores que invoquem as sensações certas que o diretor quis exprimir com o filme, nesse diálogo que é muito bem manejado. Dos planos abertos, o inóspito deserto acaba dando lugar a belíssimas paisagens, esticadas o necessário para que não sejamos impedidos de desfrutar dessas representações de cenários não mais possíveis de serem contemplados em vida. A favor desses outros aspectos mais técnicos, a edição de som torna algumas sequências de Sangue Negro, experiências realmente intensas, como o já citado anteriormente, segmento do poço de petróleo em chamas. Entre tanto refinamento acertado, esse retrato histórico dos Estados Unidos do início do século passado é, sem sombra de dúvidas, um filme de excelência, que não se permite em momento algum deixar suavizar-se perante o prenúncio  de sangue trazido pelo título original. Mesmo com a aura pessimista e duramente aterradora que acompanha a pista de boliche da mansão de Plainview, permanecemos, embora friamente descrentes, com uma fé inexorável. Na esperança de que algum dia, não mais nos contentemos em derramar sangue nessa luta incessante por domínio.

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