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Crítica | Perry Rhodan – Livro 7: Invasão Espacial, de Clark Darlton

por Luiz Santiago
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Grande Ciclo: Via Láctea — Ciclo 1: A Terceira Potência — Episódio: 7/49
Principais personagens: Perry Rhodan, Reginald Bell, Crest, Thora, Ernst Ellert, Tako Kakuta, Anne Sloane, Ernst Ellert, John Marshall, Allan D. Mercant, Homer G. Adams.
Espaço: Terceira Potência (Deserto de Gobi), Nova York e Nevada (EUA), Himalaia (Tibete), Vênus
Tempo: Fevereiro a Maio de 1972

Até este momento da saga de Perry Rhodan, sempre que um autor procurou se distanciar do núcleo central para introduzir novos personagens, o livro perdeu um pouco de ritmo. Em casos como o de O Crepúsculo dos Deuses, esse tipo de “desvio” claramente se mostrou como algo que nos traria uma compensação a curto prazo, e mesmo consistindo num problema para aquela narrativa, não se tratava exatamente de uma má abordagem, justamente porque as novidades seriam duradouras. O que temos aqui em Invasão Espacial, no entanto, é um problema de poucos frutos futuros.

De uma parte, entendo a intenção de Clark Darlton em termos de construção de Universo (a propósito, até agora estou esperando ele dar indícios de como funciona a questão da alimentação e o fornecimento de água para o pessoal da Terceira Potência…). Mostrar como as ações desse grupo afetam outras pessoas, em ambientes completamente diferentes, dá uma sensação de amplo realismo para a história, tornando-a conectada de verdade com o mundo, deixando indivíduos comuns sujeitos ao medo ou ao alvo de invasores insetoides como os Deformadores Individuais (DI), verdadeiro foco deste sétimo livro da série.

Francamente, não gostei muito da primeira parte da obra. O distanciamento e as relações propostas pelo autor são de tal forma afastadas do ritmo que vínhamos tendo até O Exército de Mutantes, que fiquei me perguntando por quanto tempo duraria essa possessão dos DI num ambiente totalmente novo (vejam, são dois novos núcleos dramáticos trabalhados num mesmo bloco! É difícil se conectar com uma história assim). Mas se esta primeira parte serviu para alguma coisa, foi para trazer uma sensação forte de ligação política entre os poderes constituídos e um primeiro elemento de crise que subiria a um patamar bem diferente (mais instigante e preocupante) no final do livro, com Mercant se dando conta de uma traição de acordo levada a cabo pelo governo dos Estados Unidos.

Depois que se estabelece a presença dos DI na Terra, o livro dá uma grande guinada de qualidade. Acompanhamos a primeira e rápida viagem de Rhodan a Vênus, a indicação de um romance “muito à frente de seu tempo” lido por Bell e o início de um plano para se livrarem dos invasores. O leitor lamenta bastante o fato de o livro ser curto. Há muitas passagens aqui que poderiam ser aprimoradas e melhor construídas se o autor tivesse tempo. Tanto o deslocamento de personagens quanto a dificuldade de se encontrar um modo de atacar uma espécie com habilidade tão espetacular como os DI são interessantes, mas tudo parece muito abreviado — e aqui, deixo claro que embora cite esse aspecto como um “lamento”, não quero dizer que é um “ponto negativo” do livro. É apenas um lamento mesmo. O autor sabe trabalhar com o pouco espaço que tem e escolher com cuidado o recorte de ação que nos apresenta.

Mas a melhor coisa desse volume é o encadeamento para o mutante Ernst Ellert. Eu nunca imaginaria que o personagem tivesse um tratamento tão incrível quando o que foi realizado aqui, primeiro com olhares enviesados para a sua incapacidade de identificar qual dos milhões de futuros possíveis seria o real (problemática trabalhada até mesmo em ficções de safras mais ou menos recentes no cinema, como Vingadores: Guerra Infinita) e depois colocando-o numa posição de viajante cósmico-espiritual, algo que me força a fazer outra aproximação super-heroica, desta vez, com a estupenda viagem criada por Alan Moore para a “essência verde” do Monstro do Pântano pelo Universo afora, no arco De Terra a Terra.

A solenidade do final me tocou. Ellert agora assume uma posição de muita importância em termos de viagem e de possibilidades, de descobertas. O contato dele com uma inteligência do planeta (talvez Universo) chamado Gorx é um exemplo disso. Se esse tipo de viagem permanecer e for realmente bem trabalhada nos livros vindouros, já posso dizer que tenho um dos meus blocos favoritos de toda a saga. Primeiro, porque coloca uma exploração para além do tempo e para além de espaços conhecidos, já que a expansão da Terra ainda está começando e as coisas só passam a “esquentar” mesmo no próximo livro, intitulado Base em Vênus.

A preservação do corpo de Ellert e a finalização do arco do personagem com a soberba frase “E foi assim que Ernst Ellert, o prisioneiro da eternidade, começou sua busca de milhões de anos, à procura do presente” definitivamente foram coisas que fizeram os meus olhos brilharem aqui. Um livro de luta da humanidade contra uma espécie que nem os arcônidas conseguiram vencer (amolecendo de vez o coração de Thora), e que termina com um grande passo para o futuro, tanto em desenvolvimento, quanto no surgimento de problemas entre os poderosos da Terra.

Perry Rhodan está decidido a realizar uma segunda viagem a Vênus, a fim de montar uma base da Terceira Potência naquele planeta… 

Perry Rhodan – Livro 7: Invasão Espacial (Invasion aus dem All) — Alemanha, 20 de outubro de 1961
Autor: Clark Darlton
Arte da capa original: Johnny Bruck
Tradução: Richard Paul Neto (Ediouro) e Rodrigo de Lélis (SSPG)
Editora no Brasil: Ediouro (1976) e SSPG (20/05/2022)
105 páginas

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