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Crítica | Raised by Wolves – 1X06 e 7: Lost Paradise e Faces

por Luiz Santiago
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  • SPOILERS! Para ler as críticas dos outros episódios clique aqui.

Bom, todos nós previmos o que estava para acontecer, não é mesmo? Os roteiros de Nature’s Course e Infected Memory tinham tocado mais de uma vez no assunto de “partida” de Mother e Father, de modo que ficou bem claro que algo estava para acontecer com eles. E olhem… que algo, hein! Muita coisa foi mudada nesses dois episódios, e chegamos agora à reta final da temporada com uma certa visão do que pode ser a colonização desse novo planeta daqui para frente, somando-se aí os mistérios fantasiosos em torno de Campion e Marcus, que acredito, ganharão destaque nos três capítulos vindouros.

No plano colonizador, Raised by Wolves segue alimentando bem as teorias e dilemas em torno do ateísmo e da religião, unindo a esse tratamento os recorrentes problemas humanos que colocam a fé (ou o comportamento dos religiosos) em xeque, assim como os princípios de pacifismo e de nova visão de sociedade pretendida pelos ateus. A utopia em torno dessas questões é ironizada pelos acontecimentos da série, principalmente nos dois presentes episódios, que promovem o já esperado encontro de Paul com seus “pais” e acende ainda mais a curiosidade em torno das vozes e aparições que vemos rondar determinados personagens.

Ao que tudo indica, o criador da Mother era um desses que chamavam (sugere-se que ele é um vírus que conseguiu projetar vozes e desenhos dentro da cabana), mas tudo isso parece muito conveniente para mim em termos de existência do tal chamado. Foi só através daquela cápsula que o criador conseguiu se projetar e se conectar com Mother? Ao que parece ele não havia encontrado nenhum outro meio até então, correto? E se a nave dos religiosos não chegassem a Kepler-22B? Havia outro plano? Bem, de toda forma, o contato foi estabelecido e de maneira bem ousada. A cena de sexo entre Mother e Campion Sturges foi muitíssimo bem filmada, com alguns dos planos mais bonitos da temporada até agora, isso é fato. No entanto, fica difícil não apontar a gratuidade da cena, pois ela não serviu para impulsionar, gerar, expor nada em relação a nenhum dos dois personagens. Torço para que tenha maior significado para ela nos capítulos seguintes.

Já o lado da fantasia do episódio começa a me fazer pensar se estamos falando de alguma coisa derivada do núcleo do planeta. As vozes que Campion ouviu e as vozes que falavam com Marcus + aquela luta meio chocha e vinda do nada, no final de Faces, colocam uma boa interrogação a respeito do tipo de vida que existiu naquele planeta e se isso tem alguma ligação sobrenatural com o presente. Ou, por outro lado, se essas supostas alucinações são na verdade algum tipo de projeção, algum truque tecnológico ainda não decifrado pelos personagens. Até o fim da temporada, veremos.

Raised by Wolves conseguiu verdadeiramente acirrar comportamentos individuais pela primeira vez, nesses dois episódios, e isso me deixou bastante feliz. A resistência de Campion em aceitar o Sol, a resistência de Father em se livrar da Mother e a resistência de Tempest em continuar vivendo no núcleo da religião foram decisões e condições do desenvolvimento desses personagens de que gostei muito, e que certamente colocará em andamento as pontas que os produtores deixarão soltas para uma possível próxima temporada. Ninguém disse que começar uma nova civilização seria algo fácil. Mas as coisas nesse Universo parecem caprichar de verdade.

Crítica | Raised by Wolves – 1X06 e 7: Lost Paradise e Faces (EUA, 17 de setembro de 2020)
Direção: Sergio Mimica-Gezzan (episódio 6) e Alex Gabassi (episódio 7)
Roteiro: Aaron Guzikowski, Donald Joh
Elenco: Amanda Collin, Travis Fimmel, Abubakar Salim, Winta McGrath, Niamh Algar, Jordan Loughran, Matias Varela, Felix Jamieson, Ethan Hazzard, Aasiya Shah, Ivy Wong, Cosmo Jarvis, Susan Danford, Litha Bam, Clayton Evertson, Loulou Taylor, Jenna Upton, Joe Vaz
Duração: c. 53 min. (cada episódio)

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