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Crítica | A Origem dos Jovens Titãs da Costa Oeste (1977)

por Luiz Santiago
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A revista Teen Titans Vol.1 estreou em fevereiro de 1966 (data de capa), com a bizarra história O Ídolo de Xocatã. Publicada ininterruptamente até o número #43 (fevereiro de 1973), o título foi cancelado e os Jovens Titãs dispersos, cada um perseguindo um sonho diferente ou com sua vida heroica fora da equipe. No final de 1976, a DC Comics resolveu voltar com o grupo — este período foi chamado no Brasil de “Segunda Fase da Turma Titã” –, e mantendo o cumulativo da revista, publicou da edição #44 até a 53 (fevereiro de 1978), quando, enfim, o primeiro título solo desse grupo de sidekicks ou heróis jovens foi definitivamente encerrado. Antes do fim, no entanto, abarcando as edições #50 (The Coast-to-Coast Calamities), #51 (Titans East! Titans West! And Never (?) the Teens Shall Meet) e #52 (When Titans Clash), foi criada uma variação do grupo no outro lado dos Estados Unidos. Surgia os Titãs da Costa Oeste.

Com roteiro de Bob Rozakis, esta filial juvenil era formada por dois tipos de heróis: os ex-integrantes dos JT e os que não tinham feito parte da equipe original em nenhum momento (no máximo tido algum contato e/ou convite, mas sem uma afiliação). Neste pequeno arco de três edições, Rozakis faz um trabalho curioso de junção de jovens heróis e seu plano (ceifado pela DC em pouco tempo) era criar uma Era de histórias duais entre os heróis das 2 Costas do país, relacionamento marcado pelas esperadas “parcerias para salvar o dia” mas também brigas, romances e dramas comuns de qualquer jovem, sejam heróis ou não.

Neste momento, os Jovens Titãs tinham a seguinte formação: Robin (Dick Grayson), Ricardito, Moça-Maravilha, Kid Flash (Wally West), Aqualad, Arlequim (Duela Dent), Vox (Mal, O Arauto) e Abelha (Bumblebee). O roteiro os mostra em fase de estabelecimento de suas vidas civis ao passo que levam suas atividades como heróis. É o momento da faculdade e, ao mesmo tempo, de pensamentos iniciais para o futuro, questão que aparece mesmo que de maneira superficial. O roteiro brinca com o modelo de “tragédia anunciada” e, a partir dessa noção, cria estranhas tragédias acontecendo em pontos diferentes do país, tendo aí os Jovens Titãs vencidos pela ação do vilão Capitão Calamidade (Sr. Esper). Embora um pouco cansativa, a quebra da narrativa dá espaço para a apresentação de heróis “soltos” que, em uma mescla de acaso e intricados planos vilanescos de bastidores, acabam unindo forças e criando, sem querer, os Jovens Titãs da Costa Oeste.

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Jovens Titãs da Costa Leste e Oeste.

Nesta primeiro formação, faziam parte dos JTCO: Lilith Clay (futura Sina/Agouro), Bat-Girl (Elizabeth Kane), Rapaz-Fera (futuro Mutano), Rapina, Columba, Águia Dourada (Charley Parker, aqui, com asas doadas pelo Gavião Negro) e Gnarrk, em um relacionamento abusivo com Lilith. Como era de se esperar, o texto faz questão de criar uma competição que começa de maneira hostil, com declaradas brigas e o início de uma “saída na mão” por parte dos dois grupos de Titãs, mas depois vira uma competição amigável, como a que eles fazem no final. Existem excelentes momentos de luta e alguns bons diálogos, o que prova que a ideia de Rozakis para a criação de duas equipes realmente poderia dar certo. Mas então vem o final da história. E estraga-se tudo.

A arte ágil de Don Heck nos dá uma boa sensação de deslocamento dos heróis pelo espaço e a aparição das grandes tragédias em prédios, navios, ferrovias e rodovias, por mais estranhas que sejam, não afastam o leitor. O final da edição #52, porém, tem um grandioso peso negativo, dando a impressão que não é um texto do mesmo autor que vinha arquitetando toda a historia, tamanho é o abismo que separa um ponto do outro. A explicação para o “mistério” em torno do Sr. Esper é confuso e risível, assim como o bloco com o deslocamento de uma ilha por baleias (Aqualad sendo útil, LOL). O leitor ainda consegue aproveitar a brincadeira com o “jantar pago” no final da edição, além da bela fotografia da equipe e o senso de camaradagem e provocação que fica. Mas é aquele tipo de história que você se enraivece só de pensar que o próprio autor estragou algo que fluía muito bem, inserindo, a troco de nada,  “explicações” sem pé nem cabeça para o enredo. Não é nada que a gente não tenha visto nos quadrinhos antes. Mas fica pior quando aparece em um contexto, até então, positivo.

Teen Titans Vol.1 #50 – 52 (EUA, outubro – dezembro, 1977)
No Brasil: (apenas as edições #50 e 51) — Ebal, 1979
Roteiro: Bob Rozakis
Arte: Don Heck
Arte-final: Joe Giella, Bob Smith
Cores: Jerry Serpe, Frank Chiaramonte
Letras: Milton Snappin, Ben Oda, Clem Robins
Capas: Rich Buckler, Jack Abel
Editoria: Julius Schwartz,Jack C. Harris
24 páginas (cada edição)

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