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Crítica | He-Man e os Defensores do Universo – 1X01: Diamond Ray of Disappearance

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 02
Número de episódios: 130
Período de exibição: 05 de setembro de 1983 a 21 de novembro de 1985
Há continuação ou reboot?: Sim. A série ganhou o spin-off She-Ra: A Princesa do Poder, que foi ao ar entre 09 de setembro de 1985 e 02 de dezembro de 1986, com duas temporadas e 93 episódios, que foi precedido por um longa-metragem, He-Man e She-Ra: O Segredo da Espada, lançado em 22 de março de 1985 e que era composto dos cinco primeiros episódios da série. Em 1987, a série ganhou um filme live-actionMestres do Universo. Houve uma continuação batizada de As Novas Aventuras de He-Man, que foi ao ar entre 10 de setembro de 07 de dezembro de 1990, com uma temporada e 65 episódios. Depois, houve um reboot, com o mesmo título original, que foi ao ar entre 16 de agosto de 2002 e 10 de janeiro de 2004, com duas temporadas e 39 episódios. Em 2021, haverá uma nova série, Mestres do Universo: Salvando Etérnia, que continua a série original, com outra série, ainda sem título, também planejada para o mesmo ano, só que voltada ao público mais infantil.

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E tudo começou com Star Wars! Afinal, temos que lembrar que a Mattel, que um dia viria a fabricar os bonecos de He-Man e os Defensores do Universo (vai entender porque “mestres” foi trocado por “defensores” por aqui…), foi uma das empresas que, nos anos 70, foi procurada pela então ainda incipiente Lucasfilm para capitanear uma linha de figuras de ação baseada no estranho sci-fi original que ainda seria lançado. Com o sucesso estrondoso do filme e com a Kenner surgindo furiosamente no mapa em razão da procura absurda pelos “bonequinhos” de Luke Skywalker e companhia, a Mattel precisava emplacar algo semelhante.

Foi assim que, em 1982, simultaneamente ao lançamento da versão pequena do G.I. Joe pela Hasbro (a grande e original foi rebatizada no Brasil como Falcon, para quem não sabe), outra empresa que precisava criar uma linha de brinquedos para se aproveitar da febre por Star Wars, chegaram às lojas americanas He-Man e seus amigos, todos em um formato razoavelmente estranho para época, maior e mais largos que o padrão, mas não tão grande quanto os da década de 70. No entanto, como ambas as empresas perceberam, eles precisavam de narrativa para vender suas respectivas franquias e o resultado foi o início de uma febre oitentista: a produção e lançamento de desenhos animados para acompanhar novas linhas de brinquedos de forma a literalmente substituir a imaginação das crianças por histórias pasteurizadas e pré-fabricadas (viva!!!).

E assim nasceu a extremamente bem-sucedida animação que tomaria as matinês do mundo todo de assalto, com os primeiros episódios indo ao ar em dias seguidos e, depois, semanalmente, para um total geral de nada menos do que 130 em um intervalo de pouco mais de dois anos. Foi uma era conturbada, tanto que a ordem de lançamento dos episódios é diferente da ordem em que eles foram produzidos, mas, para fins desta coluna, elegi começar por Diamond Ray of Disappearance, que foi o que primeiro foi ao ar na televisão britânica e americana e que faz um bom trabalho de introduzir a maior quantidade possível de novos personagens sem tumultuar demais os apertados 21 minutos de duração.

Como era de praxe na época, cada episódio conta uma história com começo, meio e fim e o primeiro não trazia uma narrativa de origem ou coisa parecida. Muito ao contrário, quando o episódio começa, o inesquecível Esqueleto está bolando mais um plano para derrotar He-Man e tomar o Castelo de Grayskull, algo que o espectador vai tentando entender o que é na medida em que os minutos correm. O plano da vez, claro, tem relação com o tal “raio diamante do desaparecimento”, com a figura azul vilanesca, que cavalga uma pantera roxa (Panthor), convocando seus minions   Homem-Fera, Aquático, Maligna, Triclope e Mandíbula para atacar o castelo do rei e rainha de Etérnia, pais do príncipe Adam que, ao levantar sua espada mágica, transformar-se em He-Man, o homem mais poderoso do universo e Pacato, seu tigre medroso verde e amarelo, no poderoso Gato Guerreiro.

A inspiração do design musculoso dos personagens masculinos e o uso de tanga de pele em diversos deles, especialmente He-Man, vem de Conan, o Bárbaro, criação de Robert E. Howard, cujas HQs da Marvel fizeram grande sucesso nos anos 70 e cujo filme com Arnold Schwarzenegger foi lançado no mesmo ano que a linha de bonecos. É estranha a mistura de universo típico de alta fantasia com elementos sci-fi, notadamente nas armas e veículos usados pelas forças do bem e do mal, assim como é hilário ver que ninguém, a não ser Mentor, Gorpo (Orko, no original) e a Feiticeira, sabe que Adam é He-Man, o bárbaro desnudo de tanga, botas e cabelo de príncipe valente, mas, a julgar pelo sucesso da coisa toda, as crianças da época (eu, eu, eu!) não ligavam lá muito para isso.

Mas pouco importa o público alvo e pouco importa o gosto de crianças para uma análise crítica, caso contrário tudo seria sempre bom ou divertido ou legal (eu sei, eu tenho crianças e é difícil elas não gostarem de alguma coisa). He-Man é lógico o produto de um modismo de época e descaradamente feito com o objetivo de vender tranqueiras, quase que imediatamente criando uma linha bilionária com dezenas e dezenas de personagens diferentes feitos, todos eles, com exatamente o mesmo molde padrão. Em outras palavras, o desenho é pura linha de produção incessante, sem o menor cuidado com a (des)animação flagrante, com os roteiros pueris até o limite do possível, reutilização descarada de sequências padrão e, claro, aquela liçãozinha de moral mequetrefe ao final que, aqui, é a genérica “a maneira certa é a melhor maneira”.

No entanto, os poderes de Grayskull realmente se mostraram fortes e o sucesso instantâneo foi o resultado, com a frase clássica de transformação do personagem sendo lugar-comum hoje em dia, além da música-tema composta por Shuki Levy e Haim Saban ser até hoje lembrada por quem viveu a época. Diamond Ray of Disappearance entrega o que a Mattel queria: contextualização para seus bonecos, sem a menor preocupação com qualquer outro elemento que não seja hipnotizar as crianças de forma que elas infernizassem seus pais até o ponto da loucura para que todos os personagens bombados, de pernas arqueadas e atarracados da linha fossem comprados, comprados e comprados.

He-Man e os Defensores do Universo – 1X01: Diamond Ray of Disappearance (He-Man and the Masters of the Universe – 1X01: Diamond Ray of Disapppearance – EUA, 05 de setembro de 1983)
Criação: Lou Scheimer
Direção: Lou Zukor
Roteiro: Robby London
Elenco: John Erwin, Linda Gary, Alan Oppenheimer, Eric Gunden, Lou Scheimer
Dublagem brasileira original: Garcia Júnior, Vera Miranda, Marcos Miranda, Ilka Pinheiro, Orlando Drummond, Mário Jorge, Isaac Bardavid, Ângela Bonatti
Duração: 21 min.

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