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Crítica | WandaVision – 1X07: Breaking the Fourth Wall

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Não achou que era a única garota mágica na cidade, achou?
– Harkness, Agatha

WandaVision tem sido homogeneamente muito boa, mas, para o meu gosto, os dois episódios que se seguiram ao disruptivo We Interrupt This Program foram levemente inferiores por terem estruturas mais comuns, com ação dentro e fora de Westview, mas nem sempre com um bom equilíbrio nos dois lados da “barreira televisiva” criada e ampliada por Wanda Maximoff. Já havia me resignado com isso e não esperava que Breaking the Fourth Wall fosse ser diferente, mesmo com seu sugestivo título, mas fico feliz em constatar que estava redondamente enganado.

E de forma alguma isso tem relação com a grande revelação (confirmação, não é mesmo?) de que Agnes é, na verdade, Agatha Harkness, uma das bruxas da Marvel Comics com conexão próxima à Feiticeira Escarlate ou com a forma como isso é feito, com direito ao desaparecimento dos gêmeos e a descoberta de um calabouço sinistro no  porão da casa da vizinha abelhuda. Tampouco tem relação com a transformação final – ou quase – de Monica Rambeau, diversas vezes chamada de capitã só para permitir aquela piscadela bacana por ela ter sido a primeira Capitã Marvel dos quadrinhos, em Fóton (já que imagino que ela usará o apelido de sua mãe e não Espectral, outro nome que teve nas HQs), com até mesmo um uniforme parecido ao seu clássico.

O que realmente funcionou no episódio para além das simpáticas “surpresas” acima foi a combinação do roteiro de Cameron Squires, efetivamente preocupado em fazer pontes fluidas entre as sequências dentro e fora do domo, com a direção de Matt Shakman mais uma vez tomando as rédeas da progressão narrativa, sem deixar nada sobrar ou ficar de fora por muito tempo, isso tudo embalado por uma simpaticíssima mímica de Modern Family como infraestrutura atmosférica e estilística e Família Addams para comemorar, digamos assim, o divertido flashback de Agatha Harkness. É como ver o proverbial melhor dos dois mundos.

Em termos de história, Wanda precisa de paz e tranquilidade, algo que, providencialmente, Agnes oferece a ela ao levar seus filhos para sua casa. Mas, mesmo sozinha, a sokoviana enlutada não consegue mais manter sequer o ambiente ao seu redor sob seu controle absoluto. Seu castelo de cartas mental está desmoronando e ela tem consciência disso, sequer sendo capaz de trazer seu marido Visão de volta ao lar. E o interessante é que, mesmo com a Agnes revelando quem verdadeiramente é, nota-se que não foi a bruxa que parece ter causado a criação da versão WandaVision de Westview, mas sim ou diretamente Wanda, o que espero, como já afirmei diversas vezes, ou alguma outra força misteriosa ainda não apresentada, mas que é objeto de infindáveis rumores semanais para os quais, confesso, não tenho lá muita paciência (mas sintam-se livres para especular nos comentários!). Seja como for, pelo menos no que toca Agatha, quer parecer que ela “chegou” de algum lugar ou para ajudar ou para atrapalhar e manipular as coisas, cabendo apenas esperar os próximos episódios para descobrirmos com certeza (ou não…).

Na outra ponta, Visão começa uma espécie de road trip do circo que era a E.S.P.A.D.A. até sua casa, com Wanda (ou alguém) criando os mais hilários obstáculos para impedir que o caminhão de bolo de funil dirigido por Darcy chegue a seu destino. Mesmo fazendo graça da situação, Squires e Shakman criam uma inescapável camada melancólica com a astrofísica servindo de relatora da dura realidade para o Visão, algo que é refletido até mesmo no vermelho menos intenso de sua pele sintética e na excelente composição dramática de Paul Bettany que realmente nos convence com seus olhares e com sua voz alquebrada que um androide pode chorar.

Com mais um comercial enigmático, desta vez o melhor deles, na verdade, não só pela forma como faz troça com desgraça, como também por estabelecer a mais direta conexão até agora com o Doutor Estranho (call your doctor!) e com o nexo interdimensional que é normalmente conectado a ele, WandaVision mostra que, mesmo usando uma estrutura mais simples, consegue ir além do esperado quando quer. Não só temos as surpresas de praxe que, claro não pararão por aqui, como fica evidente que a showrunner Jac Schaeffer tem uma bem aparada e cultivada estrutura narrativa que pode até derrapar levemente aqui e ali, mas que raramente decepciona.

WandaVision – 1X07: Breaking the Fourth Wall (EUA, 19 de fevereiro de 2021)
Criação: Jac Schaeffer
Direção: Matt Shakman
Roteiro: Cameron Squires
Elenco: Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Teyonah Parris, Kathryn Hahn, Randall Park, Kat Dennings, Josh Stamberg, Asif Ali, Jett Klyne, Julian Hilliard, Evan Peters
Duração: 38 min.

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