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Crítica | Vamp: A Noite dos Vampiros

Uma divertida e bizarra jornada por um mundo de vampiros, sexo e violência.

por Leonardo Campos
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A relação entre desejos sexuais e conduta vampírica de personagens é algo estabelecido desde as primeiras aparições destas criaturas noturnas no campo da literatura, não sendo algo exclusivo e desenvolvido pelas narrativas cinematográficas que, desde os primeiros filmes projetados na era desta linguagem em sua formação, seduziam e assustavam plateias ao redor do mundo. Nos contos O Vampiro e Carmilla: A Vampira de Karnstein, de John William Polidori e Sheridan Le Fanu, respectivamente, nós podemos observar como a atmosfera sombria mesclava um forte subtexto sexual, disfarçado por conta do contexto onde estas obras foram escritas, já polêmicas demais mesmo com toda sobrecarga erótica em estado latente. Com Drácula, o escritor irlandês Bram Stoker elevou o nível de erotismo, mantendo o tópico temático presente ao passo que a narrativa ousada para 1897 se desenrolava. Também trabalhou estruturado pelos caminhos do implícito, mas não deixou as metáforas de lado, inclusive, tendo a sua história definidora da mitologia dos vampiros interpretada como “parábola” para o caos da sífilis, uma infecção ainda em processo de investigação científica, mal que acometia os adeptos à promiscuidade.

Com direção de Richard Wenk, também autor do roteiro, escrito em parceria com Donald P. Borchers, Vamp: A Noite dos Vampiros nos apresenta dois estudantes em busca de aceitação na instituição onde começaram a estudar. Para isso, decidem passar uma noite numa boate que vai disponibilizar as situações mais tenebrosas, coisas para jamais esquecer ao longo de suas vidas. Keith (Chris Makepeace), AJ (Robert Rusler), acompanhados por Duncan (Gedde Watanabe), já começam os seus problemas quando se envolvem numa confusão com uma gangue de punks liderada pelo valentão Snow (Billy Drago). Num clima caótico permeado por drogas e nudez, o trio também acaba seduzido pela perplexidade da Rainha Katrina, interpretada pela modelo Grace Jones, em alta na época, uma vampira mortal carregada por uma aura de mistério.

Quem gerencia a boate onde as principais confusões acontecem é Vlad (Brad Logan), personagem que referencia diretamente o legado e o impacto cultural do romance de Bram Stoker. Ele não é simpático ao confronto entre os jovens e a gangue, além da ameaça vampírica que leva os garotos com hormônios em ebulição a cair nas amarras das vampiras nuas que desejam desde a chegada do trio, atraí-los para aplacar suas mordidas. Sendo um local de abate para homens solitários e mergulhados em seus desejos solitários, figuras que supostamente jamais teriam o sumiço notificado pela polícia, o gerente teme que o ataque aos rapazes cause burburinho e atrapalhe os seus negócios. Como o trio é testemunha das aberrações deste ambiente sujo e violento, a meta agora é caça-los e exterminá-los, tendo em vista apagar evidências. Assim, a narrativa se desenvolve com horror e humor, culminando num final previsível, mas uma jornada peculiar e divertida, bem a cara de sua época.

Lançado em 1986, Vamp: A Noite dos Vampiros consegue mesclar, como já mencionado, elementos de estilos diferentes e não oferece momentos inesquecíveis aos espectadores, no entanto, cumpre o seu papel de divertir, algo basilar para a indústria do entretenimento. Ao longo de seus 93 minutos, os realizadores encenam situações bizarras diversas em prol do riso e do susto, com uma trilha sonora bastante peculiar, representativa dos anos 1980, uma era também cheia de particularidades e características próprias que definia o tom de seus filmes. Jonathan Elias, responsável pela textura percussiva, entrega ao público uma condução musical agitada, responsável por adornar as imagens concebidas pela direção de fotografia de Elliot Davies, funcional em suas passagens exclusivamente noturnas, acompanhadas por sombras, iluminação multicolorida e outros elementos de uma narrativa que tem boa parte de suas cenas em casas noturnas sobrecarregadas por sexo, bebidas e violência. Simples, mas também eficiente para as necessidades dramáticas estabelecidas, o design de produção assinado por Alan Roderick-Jones cumpre o seu papel de mergulhar os personagens e nós, espectadores, nestes ambientes hostis.

No geral, um divertido e dinâmico filme de vampiros, com seus “bons” momentos.

Vamp: A Noite dos Vampiros (Vamp, EUA – 1986)
Direção: Richard Wenk
Roteiro: Donald P. Borchers, Richard Wenk
Elenco: Chris Makepeace, Sandy Baron, Robert Rusler, Dedee Pfeiffer, Gedde Watanabe, Grace Jones, Billy Drago, Brad Logan, Lisa Lyon, Jim Boyle, Larry Spinak
Duração: 96 min.

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