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Lista | Os Melhores Filmes Cyberpunk

por Guilherme Coral
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Tendo sua origem na literatura, por meio de obras como Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, de Philip K. Dick, e Neuromancer, de William Gibson, o cyberpunk, subgênero da ficção científica, praticamente dominou esse gênero cinematográfico durante as décadas de 1980 e 1990, entregando-nos verdadeiras obras-primas, como Blade RunnerMatrix. Podendo ser definido pela máxima high tech, low life (tecnologia avançada, baixo padrão de vida), o subgênero, em geral, nos apresenta personagens marginalizados, vivendo em cidades altamente tecnológicas, porém com aparência suja, escura, marcadas pela desigualdade social.

Esta lista busca elencar os melhores exemplares cinematográficos do cyberpunk, levando em conta não somente a qualidade, como a própria construção de cada universo. Evidente que, por ser uma lista, seu caráter é expressamente pessoal, portanto, se não concordam com algo, basta comentarem abaixo. Compartilhem conosco suas próprias listas e/ou recomendações, além de nos dizerem o que acham de cada uma das obras abaixo!

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10. Estranhos Prazeres
(Strange Days, 1995)

Aqueles que assistiram Black Mirror, especificamente o episódio The Entire History of You, sentirão uma estranha familiaridade com esse quinto longa-metragem da diretora Kathryn Bigelow. Somos apresentados à uma Los Angeles distópica no fim do milênio passado. Nessa cidade suja e violenta, encontramos Lenny Nero (Ralph Fiennes), um ex-policial que agora ganha a vida vendendo pequenos discos contendo experiências específicas de determinadas pessoas, possibilitando que terceiros, através de uma espécie de dispositivo de realidade virtual, possam presenciar esses momentos tão distantes de suas próprias vidas – não apenas assistindo, como sentindo cada aspecto desses pequenos trechos. O que Lenny não esperava é que um psicopata acabaria matando uma das prostitutas que vendia tais experiências, “gravando” a morte da garota, a colocando em um disco próprio, que acaba chegando nas mãos do ex-policial. Junto de sua amiga, Mace (Angela Bassett), Lenny inicia sua investigação, sabendo do risco que ele próprio corre.

9. O Teorema Zero
(The Zero Theorem, 2013)

Christoph Waltz vive Qohen Leth, um programador brilhante que é encarregado de resolver o tal teorema zero do título, que daria significado à vida. Qohen vive dentro de uma igreja abandonada, é cheio de manias e espera ansiosamente por um misterioso telefonema que nunca vem. Damon é o misterioso dono da empresa onde Qohen trabalha e que surge para seu empregado em uma festa que lembra as de Gatsby.

O mundo onde Qohen vive é uma mistura de Brazil, com 1984 e Minority Report, onde todos são vigiados e a publicidade é dirigida ao extremo. Usando uma cenografia multicolorida e cheia do que parece ser restos de outros cenários, Gilliam presenteia o espectador com algo que claramente veio de sua mente, sem tentar esconder a origem.

8. Cidade das Sombras
(Dark City, 1998)

Cidade das Sombras nos apresenta a John Murdoch (Rufus Sewell), que acorda, com amnésia, em uma cidade onde o Sol não existe. Preso nesse lugar sombrio, ele deve fugir dos Strangers, seres misteriosos com poderes, que o perseguem assim como a polícia, já que Murdoch é suspeito de ter cometido uma série de assassinatos na cidade. Enquanto tenta limpar seu nome ele vai descobrindo mais e mais sobre esse mundo ao seu redor. Com visual, que muito bebe de fontes como MetropolisCidade das Sombras pode nãos er muito conhecido, mas certamente funciona como um belo exemplar do subgênero.

7. O Vingador do Futuro
(Total Recall, 1990)

Baseado em Podemos Recordar para Você, por um Preço Razoável, conto do magistral autor de ficção científica Philip K. Dick, conta a história, em um futuro não especificado, de Douglas Quaid (Schwarzenegger), que tem fixação com Marte. Como um trabalhador comum, ele não tem meios para pagar uma viagem até lá, mas acaba aceitando uma alternativa: um implante de memória da empresa Rekal, que funciona como se ele tivesse viajado. O problema é que, como um excitante bônus, o implante faria Quaid viajar como um agente secreto e isso, para surpresa de todos, especialmente do próprio implantado, acaba destravando o que talvez possa ser a verdadeira memória do personagem como um espião. Quaid, então, passa a ser perseguido pelo que parece ser o mundo todo, especialmente sua esposa Lori (Sharon Stone) que, na verdade, não é bem sua cara-metade. Partindo para uma aventura em Marte, Quaid se depara com o poder dominante oprimindo a classe trabalhadora, que planeja uma revolta. Ele parece ser a chave de tudo, mas a questão que ele mesmo não sabe responder é: quem exatamente ele é?

6. RoboCop – O Policial do Futuro
(RoboCop, 1987)

O holandês Paul Verhoeven, em sua primeira obra hollywoodiana, não só entregou ao mundo um grande filme de ação, como, também, uma fita com enorme carga temática, visionária mesmo. Se pensarmos bem, a obra é quase literalmente clarividente: com anos de antecedência, o filme previu a falência da cidade de Detroit, a intensificação da violência urbana no mundo (o Rio de Janeiro, hoje, não é lá muito diferente do que vemos no filme), a privatização de serviços essenciais, a onipresença das empresas privadas, escândalos de corrupção e, claro, a influência da mídia na vida das pessoas, seja para o emburrecimento total (I’d buy that for a dollar!), seja para o controle das massas (repare nos destaques dos telejornais).

5. Matrix
(The Matrix, 1999)

Matrix conta com uma narrativa fluida, redonda, que encadeia organicamente cada um de seus eventos – um fato leva ao outro em uma aventura praticamente incessante, com uma trama que quase nada se divide em diferentes focos. Neo nos representa em tela e sua estupefação é a nossa conforme ele descobre cada detalhe sórdido da realidade dele escondida. O roteiro das Wachowski é preciso, sabendo exatamente quando revelar cada ponto de seu universo e, por mais que tenhamos alguns diálogos expositivos, esses são bem encaixados e não revelam mais do que devem. A dose de mistério é constante, bem inserida em frases que não deixam claro quando o mundo se tornou daquela forma. Mesmo a retratação daquele universo distópico é exibida em pequena frequência – poucas vezes vemos a situação real do mundo fora da nave Nabucodonosor, o que garante o choque e o espetáculo visual do excelente design de produção.

4. Akira
(idem, 1998)

Um dos melhores e mais importantes animes de todos os tempos, Akira, baseado no mangá de mesmo nome, é o perfeito exemplo do que é o cyberpunk. Com personagens centrais marginalizados, uma cidade impiedosa, marcada pela desigualdade social e o velho conflito geracional, bastante comum às produções japonesas, esse longa-metragem animado merece ser visto por qualquer fã de ficção científica, contando ainda com um ótimo trabalho de animação, com movimentos fluidos e visuais arrebatadores.

3. O Exterminador do Futuro
(The Terminator, 1984)

Em 1984, nascia, pelas hábeis mãos e pela criativa mente de James Cameron, um dos filmes mais icônicos daquela década e um dos grandes marcos da ficção científica: O Exterminador do Futuro. Quem não se lembra dos paradoxos temporais, da performance maravilhosamente robótica de Arnold Schwarzenegger e do ameaçador endoesqueleto metálico ameaçando Sarah Connor?

2. Ghost in the Shell – O Fantasma do Futuro
(Ghost in the Shell, 1995)

Ghost in the Shell é, sim, um longa-metragem confuso, que requer muita concentração, mas seu foco na construção de personagens e em sua atmosfera é tão envolvente que deixa o entendimento da trama geral como objetivo secundário, ao passo que se estabelece como uma obra que deve ser sentida, experimentada e não apenas assistida. Temos aqui uma marcante fusão de imagem e som que nos levam em uma jornada existencialista, que atinge em cheio a grande dúvida sobre o que, afinal, nos define como seres vivos.

1. Blade Runner, O Caçador de Androides
(Blade Runner, 1982)

Que outro filme poderia ocupar o primeiro lugar desta lista, não é mesmo? Blade Runner não é um filme fácil de se gostar. Ele não foi feito para ser agradável ou bonito ou para conter personagens com que possamos nos identificar. Ele é, em primeiro lugar, uma experiência visual ímpar que, se o espectador comprar, terá a chance de lidar com questões sem resposta das mais impressionantes, abrindo um leque temático que nem todo mundo percebe em uma primeira sentada. Blade Runner exige observação e um olhar atento para os detalhes para que ele seja absorvido como deveria ser.

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