Home Colunas Lista | Star Trek: Strange New Worlds – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

Lista | Star Trek: Strange New Worlds – 1ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

O primeiro ano de uma Enterprise diferente.

por Kevin Rick
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Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers.

Estou achando estranho dar “apenas” 4 HAL’s para Star Trek: Strange New Worlds. O carinho que sinto pela série é muito maior do que a nota possa indicar (que já é alta, diga-se de passagem), o que diz bastante sobre a qualidade da série e a satisfação que foi acompanhar a Enterprise capitaneada por Pike durante estas últimas semanas. É por isso que nota sempre vai ser detalhe quando falamos de Arte. SNW, apesar de alguns probleminhas e inconsistências, tem aquele tipo de virtude que poucas obras conseguem atingir: ela nos faz importar, seja por seus personagens, seja por suas aventuras.

O seriado conseguiu encontrar tantos equilíbrios interessantes, mesclando a pegada episódica das séries antigas ao mesmo tempo que mantém uma construção sequencial da história da tripulação e de alguns dramas, como o dilema de Pike, os conflitos internos de Spock, a recorrência dos Gorns como antagonistas e o sofrimento do Dr. M’Benga com sua filha. Além disso, o equilíbrio mais bacana de SNW está na sensação clássica que muitas aventuras têm, influenciadas diretamente pela Série Original, mas com o roteiro sempre olhando para o futuro e para o progresso, seja temático, seja narrativo – não à toa, praticamente metade dos episódios têm foco feminino -, algo sintetizado pelo corajoso Lift Us Where Suffering Cannot Reach, um episódio que, em retrospecto, talvez seja ainda melhor do que pontuei na análise.

Considerando a identidade da franquia, sempre olhando para nosso mundo para trazer paralelos sociais em suas histórias com olhares otimistas e progressistas, ao mesmo tempo que abraça a nerdice e a aventura da ficção científica para nos divertir, SNW simplesmente entende Star Trek. As críticas políticas, os comentários sociais, as analogias e metáforas, o idealismo, e, claro, o trabalho em equipe, estão todos moldados em histórias bem-pensadas, maravilhoso design de produção e grandes atuações, especialmente de Anson Mount. E, se não fosse o bastante, a série tem uma criativa abordagem cinematográfica, transitando entre comédia, suspense, horror e contemplação. Um ou outro episódio foi mais interessante no conceito do que na execução, mas nada necessariamente ruim também. Strange New Worlds é, sem dúvida, um deleite e uma grande adição para Star Trek.

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Como fazemos em toda série que analisamos semanalmente, preparamos nosso tradicional ranking dos episódios para podermos debater com vocês, lembrando que os textos abaixo são apenas trechos das críticas completas que podem ser acessadas ao clicar nos títulos dos capítulos. Qual foi seu preferido? E o pior? Mandem suas listas e comentários!

10º Lugar:
The Elysian Kingdom

1X08

No entanto, como expus nas primeiras linhas da crítica, o episódio como um todo não tem a mesma excelência dos momentos finais entre pai e filha. A pegada da história é mais infantil, o que eu até gosto, mas tanto o roteiro quanto a direção não conseguem extrair muita substância da aventura, nem criar um tom realmente fantasioso no interior da nave – confesso que fiquei decepcionado com a falta de criatividade da produção, basicamente parando no figurino para representar o cenário do livro. Também acredito que a narrativa se beneficiaria de mais interações entre M’Benga e Rukiya durante a aventura, lutando juntos, se divertindo juntos, e dando uma camada extra de ternura familiar para além das últimas cenas do capítulo.

9º Lugar:
Ghosts of Illyria

1X03

Como aconteceu no episódio anterior, a mensagem final parece ser mais importante que o desenvolvimento da história até a conclusão catártica (não gosto muito disso), levando a conveniências narrativas e alguns momentos de Deus Ex Machina que deixam um gosto pouco satisfatório na resolução da história – a saída do roteiro para a cura dos personagens foi tão anticlimática e pouco criativa como Uhura cantando para desativar os escudos do cometa. Também não gostei das atuações de Rebecca Romjin, muito apática pro meu gosto, e Babs Olusanmokun, tendo dificuldades em entregar alguns diálogos de forma crível e com uma entonação de voz bem estranha. É, como podem ver, um episódio que tive sentimentos mistos, gostando de muitos conceitos, mas novamente preocupado com a execução narrativa.

8º Lugar:
Children of the Comet

1X02

Children of the Comet não é tão fascinante quanto o capítulo de abertura, mas continua sendo uma história divertida e gostosa de assistir. O começo do episódio dá uma ótima base para as dinâmicas que veremos na série, também dispondo de um trama amarradinha em torno da agradável Uhura e seu aprendizado sobre si mesma e seu papel na frota. Tecnicamente é outro capítulo formidável, mas dispondo de um roteiro menos inventivo durante a ação. Gosto, porém, da mensagem final do episódio, menos sobre culturas e civilizações, e mais sobre a beleza do destino (não muito científico, mas tudo bem) e sobre o curso da natureza.

7º Lugar:
All Those Who Wander

1X09

No entanto, o lado emocional do episódio não pode ser descartado. Estou reclamando que Hemmer merecia mais tempo de tela antes de morrer, mas o fato de ele ser o grande impulsionador da decisão de Uhura em ficar na nave já cria um relevo maior para o que vemos. E a reação de Spock à morte do amigo e também telepata é potente e um excelente momento de quebra daquela barreira da lógica vulcana. Até mesmo os traumas de La’an sendo trazidos à tona, com ela se vendo na menina sobrevivente e, depois, agradecendo de coração por tudo que Pike fez por ela, foram bem trabalhados, levando a um encerramento mais do que digno.

6º Lugar:
The Serene Squall

1X07

Confesso que gostaria de ter visto mais de Pike contra os piratas espaciais, ainda mais porque os conflitos de Spock já haviam ganhado holofotes apenas duas semanas atrás, mas, no geral, The Serene Squall é outro sucesso de Strange New Worlds. Entre aventura, romance, comédia, dramas de dualidade e até mensagens sutis sobre identidade de gênero, temos de tudo um pouco no episódio, incluindo, acima de tudo, mais ótimo desenvolvimento de personagens e outra experiência semanal divertidíssima de assistir. Além disso, no finalzinho ainda temos um cliffhanger, insinuando o retorno de um antigo vilão da franquia. Estou convencido que a série não pode errar!

5º Lugar:
Spock Amok

1X05

A mensagem empática de Spock Amok é óbvia, e até mesmo verbalizada por Pike no ato final, mas isso não impede a execução de ser encantadora. Numa série onde o foco é a exploração de diversos mundos, é notável que a produção escolha também olhar para o “mundo” da Enterprise, como esses personagens agem longe do perigo, como se relacionam e quais são seus ideais. A beleza do formato episódico da série está justamente na variedade de abordagens, indo da tensão de Memento Mori para a comédia inteligente de Spock Amok no período de uma semana, com ambos os episódios explorando temas essenciais da franquia, levantados como uma bandeira de cooperação sendo hasteada pelo Universo.

4º Lugar:
Strange New Worlds

1X01

Se Strange New Worlds me permite um termo mais coloquial, gostaria de dizer que seu primeiro episódio é muito gostoso de assistir. Do maravilhoso design de produção até a calma da direção e do roteiro, a produção é tanto um vislumbre quanto um festival de ensinamentos humanos, utilizando um elemento que Picard nunca entendeu: sutileza. Se tenho uma reclamação, é que sinto um pouco de falta de entusiasmo (não estou falando de ação, vejam bem), mas a serenidade do episódio serve a um propósito. Acredito (e espero) que as aventuras não serão todas abordadas com a mesma contemplação, ambientações imaculadas e fotografia luminosa (ST consegue ser sombrio também), mas são elementos fundamentais para estabelecer o tom da série neste episódio, que soa tão clássica quanto progressista, tão instrutiva quanto natural, tão idealista quanto realista, tão dramática quanto elegante.

3º Lugar:
Lift Us Where Suffering Cannot Reach

1X06

Os dois episódios protagonizados por Pike são quase antíteses, com o primeiro capítulo sendo uma belíssima propaganda de utopia, enquanto Lift Us Where Suffering Cannot Reach é uma retumbante exclamação da inevitabilidade da derrota. Que ambos os episódios sejam tão orgânicos em suas propostas é um testamento para a qualidade de Strange New Worlds. O momento final de Pike é lindamente melancólico, encapsulando o sentimento de tristeza soturna do episódio. O desfecho e a mensagem podem não parecer Star Trek, mas, vejam, nosso capitão faz a escolha correta para os ideais da Federação. Ele apenas… perdeu. E no meio disso tudo, podemos notar como Pike nunca negará sua essência, o que também mostra que seu destino está selado.

2º Lugar:
Memento Mori

1X04

Memento Mori é um episódio que demonstra os motivos de Star Trek ser apaixonante: conflitos humanos e dificuldades da missão sendo vencidos por trabalho em equipe e doses de esperança. Mesmo em batalhas, a história e os personagens são exemplos de uma sociedade que busca utopia. Nós vemos sacrifício, empatia e fé num capítulo que traz uma aventura com esperança sem negar a malignidade do universo, onde as ações dos personagens são encapsuladas pelo discurso pacifista de Hemmer. Para toda essa carga de mensagem confiante e sem medo de mostrar perdas, não machuca termos tido batalhas espaciais com ótimo CGI. Uma aula sobre os fundamentos nerds e humanos de ST.

1º Lugar:
A Quality of Mercy

1X10

A misericórdia de Pike sofre uma derrota, mas isso não significa que ele estava errado em tentar. É a sua fé e otimismo que fazem SNW ser tão agradável de acompanhar semanalmente, independente das perdas e vitórias nessa belíssima trajetória da Enterprise. De certa forma, o episódio também acaba funcionando como um aprendizado para o protagonista através das sábias palavras de um jovem capitão que não foge de uma luta. Assistir Pike aceitando seu destino machuca, mas, bem, ainda podemos aproveitar sua liderança por alguns anos, e tentar apreciar cada pedacinho do trabalho em equipe dessa tripulação, como o capitão estava fazendo quando retorna para a ponte no finalzinho do episódio. A situação com Una acaba quebrando o clima, mas temos um cliffhanger para mais um ano de Strange New Worlds, de muitos outros eu espero.

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