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Crítica | Sons of Anarchy – 7ª Temporada

por Melissa Andrade
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E acabou. Sete temporadas depois, 92 episódios, muitos tiros, mortes, sexo e motocicletas, Sons of Anarchy chegou ao fim com uma audiência de mais de seis milhões de espectadores em seu episódio final. Demos um adeus definitivo a Jax, Chibs, Tig, Happy, Bobby, Rat, Gemma, Nero, Wendy, Unser e demais membros do clube.

Com uma sétima temporada bastante explosiva e emotiva, peço licença para extrapolar nos SPOILERS, porque do jeito que terminou, não posso simplesmente deixar nada de lado. Por isso, se você não se incomoda com spoilers, siga em frente. Se eles te incomodam bastante, pare de ler aqui mesmo e vá terminar a temporada!

Sabíamos que a jornada de Jax não seria nada fácil, principalmente após a morte de Tara. Mesmo que o casal estivesse em crise, a médica sempre quis o melhor para sua família. Contudo, Jax não partilhava dessa mesma visão e constantemente envenenado por Gemma e pelo poder que conseguiu com seu posto no clube, enfiava os pés pelas mãos, colocando de lado seus filhos e a esposa. Óbvio que a situação acabou chegando num ponto crítico, que levou Gemma a matar Tara no último episódio da 6ª temporada, dando início a todos os acontecimentos que sucederam. O que nos faz lembrar que algo similar aconteceu na terceira temporada, quando graças a outra confusão da Gemma, Abel foi sequestrado e levado para a Irlanda. A matriarca escondeu seus motivos até o último segundo colocando a culpa em quem fosse necessário para se livrar da confusão. Só que dessa vez os problemas tiveram proporções catastróficas.

O SAMCROW acaba comprando uma briga com os chineses, após Gemma afirmar que viu dois chineses saindo da casa do filho na noite em que a nora e o xerife foram mortos. Jax que sempre acreditou na mãe, começa a colocar em prática um plano para eliminar a máfia chinesa, como também Augusts Marks que em favor dos negócios, pediu a Jax que fosse mais sensato, mas o rapaz está ávido por vingança. Já Gemma esconde Juice na casa da Wendy, o único que pode contar tudo o que realmente aconteceu naquela noite. Porém, quando Wendy sai da reabilitação e o encontra no seu apartamento, o segredo ganha mais um protetor, que aumenta um pouco mais quando Unser também descobre o paradeiro do rapaz. Acreditando que o estão protegendo do clube, Wendy e Unser prometem guardar segredo dos demais membros do SAMCROW. Ainda assim, Unser que mesmo aposentado nunca deixou de ser um policial, acredita que tem algo a mais nessa história do que aquela contada por Juice e Gemma. Jax e Chibs começam a por o plano em prática, mas nada parece funcionar muito bem e os chineses acabam atacando Diosa matando todos que estavam no estabelecimento naquele momento, incluindo até mesmo os fregueses. Bastante abalado, Nero decide que é a hora de deixar toda essa violência para trás e ir recomeçar a vida numa fazenda como sempre desejou e convida Gemma para ir junto e levar os meninos, ela reluta um pouco e diz que vai pensar. Enquanto isso o cerco se fecha cada vez mais em cima do MC e eles precisam resolver os problemas antes que não exista mais clube. Entretanto, são muitos inimigos a solta e traições chegando por todos os lados, mas Jax nunca iria esperar que seu maior inimigo estivesse bem ao seu lado.

Bem, não vou contar a temporada inteira, mas posso afirmar que cada episódio merece ser visto com total atenção. O Sons of Anarchy mergulharam tão, tão fundo na violência e criminalidade que não há maquinário suficiente no mundo para tirá-los dessa cratera. Logo, era de se esperar que o banho de sangue dessa vez fosse maior do que em qualquer outra temporada.

O ponto de virada é no episódio 7×04 Poor Little Lambs que é quando a máfia chinesa ataca Diosa e mata todo mundo. Ali é o ponto de convergência em que Jax decide que é a hora de eliminar de vez os chineses das ruas, seja qual forem às consequências. É o ponto em que tudo começa a dar errado. Onde Gemma tira Juice de Charming, mas ele descobre que ela vai matá-lo e consegue fugir, para horas depois voltar para Charming e fazer um acordo com Jax onde dali para frente sua vida passaria a ser um verdadeiro inferno. Creio que o Juice teve um final muito mais triste e até meio sádico do que a própria Gemma que merecia muito mais. No entanto, é aquela coisa, com mãe não se mexe, mesmo que ela seja a boa bisca que Gemma é.

Na verdade a Gemma não é, nem nunca foi uma personagem forte e isso ficou claro nessa temporada. Ela sempre foi egoísta e covarde. Nunca iria admitir que outra pessoa, no caso a Tara, estava fazendo um bem enorme ao seu filho ao tirá-lo daquela vida. Não. Ela preferiu matar a nora a ver seu filho enfrentando a justiça como deveria ser e ficar longe dos netos. Se analisarmos bem, esse comportamento dela pode ser encarado como uma transferência onde ela se viu na imagem da nora e quis consertar os erros que cometeu no passado com seus próprios filhos. Talvez por isso ela não os quisesse longe, mas ainda assim, estava repetindo os mesmos erros e bem provável que encorajasse Abel e Thomas a se juntarem ao clube, como parte de um legado distorcido. Tiro meu chapéu para Katey Sagal que interpretou esse papel tão brilhantemente e foi possível vê-la definhando com a culpa durante toda temporada.

Não sei se a forma que ela morreu foi de fato a melhor. Jax relutou muito em dar o tiro, mas sinto que ficou faltando ao menos uma conversa entre os dois. Mesmo que trocassem poucas palavras, algo a mais além do “É isso que nós somos.” Agora, chocante mesmo foi ele ter tido coragem de atirar no Unser. Isso ninguém esperava, como a morte do Bobby também que pesou no coração. No final, os personagens que permaneceram mais tempo no seriado como Clay, Bobby, Unser e Gemma tiveram mortes limpas e rápidas. Uma morte respeitosa, se é que posso chamar assim.

E finalmente chegamos ao último episódio 7×13 Papa’s Goods em que Jax foi o sacrifício final pelas pessoas que ama. Realmente não poderia ter outro final mais justo do que o que foi escolhido por Kurt Sutter. Não tinha como o Jax voltar para a cadeia e apodrecer por lá e ele precisava limpar as ruas de Sanwa para que o clube, seus amigos e sua família pudessem prosperar. E claro, tirar seus filhos daquela vida para não acabarem como ele. Sua conversa com o Nero resume e explica bem tudo o que ele viria a fazer no episódio. Foi impossível não se emocionar na sua despedida dos demais membros, lágrimas rolaram até a cena terminar. Difícil entender como eles conseguem, mas sempre souberam dividir bem os sentimentos que tem um pelo outro e toda essa adrenalina da violência, o fato de ficar ali do lado do cara constantemente, levar um tiro pelo amigo, acaba criando laços fraternais intensos. Por isso, o fim do Jackson Teller foi o mais digno e justo que poderia existir. Ele se sacrifica por aqueles que ele mais ama tal qual seu pai fez, só que ele acertou todos os pormenores antes de partir. O que não teria sido possível se não fosse a enorme dedicação de Charlie Hunnam ao papel. Dessa vez ele conseguiu se superar.

Sons of Anarchy pode não ter sido um seriado tão popular em terras tupiniquins, todavia, a excelência com a qual foi realizado vai entrar para os anais da história televisiva. Quem dera outros seriados seguissem o mesmo exemplo.

Sons of Anarchy – 7ª Temporada (EUA – 2014)
Showrunner: Kurt Sutter
Roteiro: Kurt Sutter
Direção: Diversos
Elenco: Charlie Hunnam, Ron Pearlman, Katey Sagal, Mark Boone Junior, Kim Coates, Tommy Flanagan, Dayton Callie, Theo Rossi, Maggie Siff, Jimmy Smits, CCH Pounder, Peter Weller, Donal Logue, Drea de Matteo, Rockmond Dunbar, Michael Ornstein, David Labrava, Niko Nicotera, Olivia Burnett, Emilio Rivera, Evan London, Ryder London, Anabeth Gish, Kenneth Choi, Billy Brown, Ivo Nandi, Rusty Coones, Michael Shamus Wiley, Winter Ave Zoli, Michael Beach, Mo McRae, Bob McCracken, Walton Goggins, Michael Chiklis, Scott Anderson, Jason Barry
Duração: 45 min ~ 80 min.

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