Home TVEpisódio Crítica | Ataque dos Titãs (Attack on Titan) – 4X16: No Céu e na Terra

Crítica | Ataque dos Titãs (Attack on Titan) – 4X16: No Céu e na Terra

por Kevin Rick
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No Céu e na Terra

Nota do episódio

Avaliação da temporada:
(não é uma média)

  • Há spoilers. Leiam, aqui, a crítica dos episódios anteriores.

Antes de falar do episódio em si, gostaria de expor dois pensamentos meus, sendo o primeiro sobre minha experiência nesses textos sobre Attack on Titan, assim como críticas sobre animes. A ideia de trazer essa visão mais trabalhada e estudada sobre animes/mangás para o Plano Crítico – espetacularmente batizada de Plano Otaku pelos leitores – foi uma proposta que levei aos digníssimos Luiz Santiago e Ritter Fan com muita empolgação, mas com uma pontinha de receio.  Veja, existem milhares de livros e cursos sobre Cinema, Literatura, Música, e até mesmo quadrinhos ocidentais, que ajudam e edificam a construção de uma massa crítica sobre a esfera dessas artes. Com anime isso praticamente não existe, ou pelo menos é bastante escasso e superficial neste hemisfério, tornando a análise da linguagem desse “canto” artístico um território-sem-lei, situado em experiências pessoais com séries desse tipo e visões artísticas de outros gêneros do que necessariamente um estudo focalizado. Logo, contextualizar, escrever e debater com vocês durante essa jornada foi um tremendo aprendizado para mim, e espero que para vocês também. Como sempre, o que mais prezamos no Plano Crítico é o espaço para falar sobre Arte, absolutamente tudo sobre Arte, e interagir sobre ela, sempre educadamente.

Em segundo lugar, quero falar para aqueles que já ficaram indignados com a nota acima para refletir sobre o episódio, o que ele faz dentro de sua narrativa contida e o que ele constrói pensando no que veio antes, sem pesar sua visão qualitativa somente no cliffhanger. Ao fazer isso, em minha opinião – e você pode divergir sem problemas! -, o grande desfecho da primeira parte da temporada final configura-se como o episódio mais brando e ordinário desse arco de Paradis. Ele é ruim? Não, bem longe disso na verdade, mas daí entra a diferenciação do hype final para com a verdadeira qualidade do episódio, que faz muito pouco para se destacar, mover a trama ou ter sua própria identidade dentro do escopo geral, apesar de ser eficiente.

No Céu e Na Terra pode, basicamente, ser dividido em três momentos: a reunião de Yelena e Pixis; a conversação entre os remanescentes do elenco principal encarcerados, também com Yelena; e o desenrolar do embate entre Eren e Pieck. Tudo muito bom, ok, mas nada demais. Daí, eu comecei a me lembrar de um argumento bastante usado nos comentários: “mas o anime está seguindo e adaptando o mangá a risca, dividindo o encadeamento de acordo com o material original”, como uma maneira de justificar algum problema estrutural, rítmico ou sequencial da série. Não entendo a veracidade dessa visão, pois, mesmo sendo mais uma transliteração que uma adaptação, o show precisa criar seu estilo e andar com suas próprias pernas, e a estrutura é chave nessa diferenciação, afinal, estamos falando de capítulos mensais comparados com um desfecho (parcial) de temporada. E nisso, No Céu e Na Terra joga com óbvio, o simples e o eficiente.

Novamente, é tudo muito bom, dentro de uma extensão do quadro político com a sensacional Yelena – sua inteligência tática mesclada ao fanatismo a tornam uma personagem extremamente prazerosa de assistir -, em ótimos diálogos com o sempre consistente Pixis, em sua maior derrota da série, especialmente no seu ambiente tático/político. Essa exteriorização de eventos que já conhecemos para vermos a recepção dos personagens é levada à cena da prisão, que elabora bem a questão da traição e vingança, além de expandir a visão globalizada de Zeke e seus seguidores. Tudo bem feitinho e confortável narrativamente.

A situação final entre Eren e Pieck acaba caindo nesse viés normalzão também, sem a ótima tensão construída em cenas parecidas da série como o embate entre Eren e Reiner em Marley, Levi e Zeke (múltiplas vezes), e a conversa “franca” entre o protagonista, Mikasa e Armin, entre alguns outros momentos memoráveis. Falta mistério na direção, que piora a surpresa ao mostrar Galliard em meio aos soldados Eldianos. Tudo culmina no excelente cliffhanger, que funciona perfeitamente como desfecho do mini-arco de Paradis, assim como tivemos no início da temporada com Marley. O golpe de estado foi concluído, sabemos de todos os planos, seja da Facção Yeager ou dos invasores marleyanos, e agora resta a guerra final. Questionamentos ainda pairam no ar, muitos deles em relação à mitologia dos Titãs, o filho de Historia, o papel de Ymir nisso tudo e os objetivos reais de Eren, mas, em linhas gerais, o anime que começou com mistérios atrás de mistérios, mostra-se bem livre de conflito por debaixo dos panos, mérito de uma temporada orgânica que soube equilibrar seu discurso moral/social com os toques fantasiosos e momentos de ação para desembrulhar vários segredos.

Felizmente, teremos uma parte 2 – láaaa no começo de 2022 -, que promete manter o nível maravilhoso deste anime que continua me surpreendendo. Por ora, vejo No Céu e na Terra como uma manobra segura, sem tentar fazer muita coisa, indo numa vertente boa mas simplória de eventos, com um ótimo cliffhanger para manter a audiência engajada e totalmente maluca para consumir o mangá – eu incluído. A 4ª Temporada de Attack on Titan divertiu, emocionou, surpreendeu e, como sempre, ensinou, tanto no campo social quanto na esfera artística. Espero que tenham gostado da jornada como gostei, e fica a ansiedade pelo grande final da obra. Tatakae, meus amigos!

Attack on Titan – 4X16: No Céu e na Terra (進撃の巨人, Shingeki no Kyojin – 天地 Tenchi, Japão, 28 de março de 2021)
Criado por: Hajime Isayama
Direção: Teruyuki Omine, Tomoko Hiramuki, Jun Shishido, Mitsue Yamazaki, Yuichiro Hayashi
Roteiro: Hajime Isayama, Hiroshi Seko
Elenco:  Takehito Koyasu, Yoshimasa Hosoya, Ayane Sakura,  Natsuki Hanae, Toshiki Masuda, Manami Numakura, Yûmi Kawashima, Ayumu Murase, Masaya Matsukaze, Jirô Saitô, Tôru Nara, Yû Shimamura, Yûki Kaji, Kazuhiro Yamaji, Hiroshi Kamiya, Romi Pak, Kishô Taniyama, Hiro Shimono, Yû Kobayashi
Duração: 24 min.

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