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Crítica | Sapatos Vermelhos

por Leonardo Campos
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Antes de adentrar na análise de Sapatos Vermelhos, devo dizer que já conhecia o filme por causa de uma polêmica boba envolvendo a cor do par de sapatos do título, uma bobagem típica de críticas que não conseguem colocar o filme para refletir, textos que gravitam em torno de banalidades superficiais, dispersões que não permitem que atrapalham a fluência da proposta do gênero textual em questão, isto é, a crítica cinematográfica. Muito se discute sobre a cor rosa, etc. Isso realmente importa? E se importasse, muda alguma coisa na dinâmica dramática do filme? Não. Ademais, é preciso ir para o título original e também compreender a busca da tradução brasileira para a produção veiculada em home vídeo aqui, pois como entretenimento, o material precisa vender. E para isso, é preciso ter um título mais atrativo.

Importante ressaltar que a cor relacionada ao vermelho é um diálogo com o sangue que escorre diante de tantas tragédias que envolvem as pessoas e o tal par de sapatos mergulhado numa redoma maligna. Feito o desabafo, vamos ao filme. Na trama, acompanhamos o drama da mudança de Seon-jae (Kim Hye-su) e sua filha Tae-su (Park Yeon-ah), frustradas depois que a mãe descobre as traições do marido, em sua própria casa. É algo que mexe com a rotina das duas, num misto de desconforto e incerteza. A relação das duas começa a ficar tensa e problemática depois de uma série de situações que tem o par de sapatos do título como protagonista desta jornada comum no cinema de terror oriental.

Flashbacks são inseridos para explicar as coisas, em especial, a motivação para os sapatos carregarem tons tão malignos. É assim que adentramos nesta saga de vingança, cobiça, ódio, inveja e outros sentimentos que acossam mulheres mergulhadas em sentimentos que estão longe da nobreza. Os habituais fantasmas com seus cabelos languidos e negros fazem a necessária participação, como já era de se esperar, trajadas com a maquiagem sombria que nos remete ao clima fúnebre destas imagens próprias dos filmes orientais, expandidos para a cultura ocidental depois de tantas refilmagens e releituras. Nesta produção sul-coreana, a primeira aparição de um par de sapatos numa plataforma de metrô leva os personagens e, consequentemente, os espectadores, a viverem um ciclo de horror sem fim.

O que uma mulher possui é a motivação da inveja de outra. Seguimos essas trajetórias errantes e com subtramas cheias de especificidades através da eficiente condução musical de Byung-woo he na trilha sonora, material adequado para a proposta narrativa em questão. Os efeitos visuais supervisionados por Tae-Loon kim funcionam dentro do possível, em alguns momentos exagerados ou toscos, mas nada que atrapalhe a história contada e desempenhada pelo elenco que consegue dar conta de suas funções.  É um setor que tem como colaborador, o design de produção de Pak-ha Jang, cuidadoso na cenografia e na direção de arte das cenas carregadas de simbologia, nem sempre óbvias aos nossos olhares interpretativos.

Lançado em 2005, Sapatos Vermelhos surpreende por não ter ganhado uma famosa refilmagem ocidental, ao estilo de produção que os estadunidenses adoram realizar. É um fato mais surpreendente que o filme em si, uma narrativa sobre sentimentos negativos em torno de objetos que acabam se tornando amaldiçoados para quem tem o azar de contemplá-los. Sapatos de salto carregam uma forte carga simbólica na cultura ocidental. Nas mãos do produtor e cineasta certo, renderia uma excelente releitura. Destaque para a cena do metrô, perseguição que pode ser considerada um dos pontos altos deste terror que também tem seus momentos de descuido, tal como a morte tosca de uma personagem numa loja. No geral, um bom terror oriental.

Sapatos Vermelhos (Bunhongsin) — Coreia do Sul, 2005
Direção: 
Yong-gyun Kim
Roteiro: Yong-gyun Kim, Hans Christian Andersen
Elenco: Hye-su Kim, Seong-su Kim, Yeon-ah Park, Su-hee Go, Dae-hyeon Lee, Eol Lee, Hyeon-jin Sa
Duração: 90 min.

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