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Editorial | Retrospectiva: O Plano Crítico em 2020

por Ritter Fan
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Como fazemos todo ano, eis nosso artigo de Retrospectiva de 2020 que, pelo tamanho, resolvemos dividir em capítulos.

Apocalypse Now

Ironicamente, a frase-resumo do Editorial de 2019, escrito por minha personalidade recessiva e usurpadora que volta e meia escapole do fosso mental onde fica presa e que se autodenomina Luiz Santiago, mas que também é conhecida pela alcunha Corneteiro Infernal, foi “Um ano bastante peculiar em revista”. Bem, se 2019 foi peculiar, confesso que não sei muito bem como adjetivar 2020. Apavorante? Horrendo? Depressivo? Destruidor? Apocalíptico? Ou talvez funesto, inquietante, tremebundo, assustador? A grande verdade é que ele foi tudo isso e mais um pouco, com vidas, empregos, negócios e hábitos perdidos e alterados para sempre.

Mas, em meio a tudo isso, vieram modificações importantes e talvez duradouras para as principais manifestações culturais abordadas pelo Plano Crítico: as séries e filmes. O mundo teve que se adaptar com rapidez à pandemia e a Indústria do Entretenimento como um todo sofreu baques radicais. Sem sequer abordar os shows de música que tiveram que ser cancelados às centenas, alguns transformados em lives pela internet, o Cinema clássico – como experiência cinematográfica tradicional – quase que completamente desapareceu. Megaproduções marcadas para lançamento em 2020 tiveram que ser adiadas e outras encontraram o público por meio dos serviços de streaming. Diversas produções em andamento foram paralisadas, alterando radicalmente o calendário de estreia de pelo menos os dois próximos anos. E, se houve um boom de séries, outras tantas também tiveram que ter suas temporadas adiadas ou reduzidas.

A boa notícia é que é possível dizer que houve uma democratização maior ainda do acesso legal ao conteúdo audiovisual. Os serviços de streaming foram robustecidos pela oferta de filmes que de outra forma seriam lançados no cinema, tornando-se o principal veio do público para “quebrar” a monotonia do isolamento social (para aqueles que, claro, puderam se dar ao luxo de se isolar). Festivais de cinema passaram a acontecer online também, aumentando ainda mais a oferta de longas e curtas que, normalmente, ficavam restritos às populações dos grandes centros urbanos do país, onde as versões físicas dos eventos aconteciam. Mais um ponto positivo que, diria, deveria ser replicado no futuro, com ofertas híbridas.

Mudança de Hábito

Aqui no site, o grande “evento” de 2020 foi mesmo a nova cara que ele ganhou em razão primeiro da necessidade de atualizarmos o template, algo que nosso técnico nos sinalizou como essencial e, depois, aproveitando justamente a pandemia para fazer esse mergulho e “arriscar” ter o site inacessível por algum tempo (e olha, foi coisa de menos de 24 horas!), com alterações também em nossa marca e identidade visual. Escrevemos um editorial inteiro sobre as mudanças que, em geral, foram muito bem recebidas por vocês (que, inclusive, ajudaram a melhorar ainda mais!) e, por isso, não abordarei novamente aqui. O que cabe dizer é que, de agosto para cá, o site ficou mais estável, mais rápido e, sim, mais bonito, com imagens maiores e com mais qualidade, exatamente como esperávamos – ainda que com muita trepidação, claro – que fosse acontecer.

Esse processo de renovação trouxe, também, duas colunas novas ao site que se somam à Terça Brasilis (um filme brasileiro por semana garantido!) e Segunda Literária (uma crítica de obra literária por semana garantida, mas que, hoje em dia, já foi expandida e ganhou filhotes na quarta e sexta-feiras): a Plano Piloto, dedicada, como o nome indica, os episódios pilotos de séries de TV e a Mundo Crítico, que aborda a filmografia dos mais diversos países. Enquanto a primeira é semanal (todo sábado), a segunda é, por sua complexidade, trimestral, mas já convido os leitores que eventualmente não as conhecerem a clicar nos links nos títulos das colunas para conferir o que foi feito até agora. Com o lançamento do Disney+ em novembro, também inauguramos uma coluninha semanal batizada de Velharias Disney para abordar o vasto conteúdo do canal de streaming que ninguém sequer dá atenção, ou seja, os filmes live-action de décadas passadas.

Mas, rebobinando, o ano começou mesmo já em 1º de janeiro (duh!) com a publicação das críticas de Kraken – Os Tentáculos das Profundezas, Valérian e Laureline: Bem-Vindos a Alflolol, Incidente em Antares e Frozen 2. Foi o primeiro salvo de críticas que, depois de 365 dias, elevou o número de artigos autorais do site de 11.072 ao final de 2019 para os atuais 12.700, o que significa dizer que publicamos nada menos do que 1.628 novas críticas em 2020, uma média superior a quatro críticas por dia (4,46 mais precisamente). Nada mal para um site “obscuro e de nicho” que não publica nenhum artigo jornalístico e nenhum artigo patrocinado como faz a maioria por aí, não é mesmo?

Os Eleitos

Obviamente que, alcançar esse número – e essa variedade – não é tarefa fácil e nossa equipe trabalhou pacas. Do pessoal que entrou antes de 2020, vale destacar os seguintes redatores:

(1) Minha já citada personalidade recessiva Luiz Santiago que capitaneou as versões definitivas de três especiais de diretor, Federico Fellini, Luís Buñuel e Alfred Hitchcock, além de ter toureado sozinho um especial dedicado ao cineasta senegalês Ousmane Sembène. E isso sem contar que ele foi o idealizador da coluna Mundo Crítico e, junto comigo, cuidou da gerência dessa bodega e, claro, de todas as mudanças por que o site passou no ano;

(2) Nosso Iann Jeliel – que foi apelidado por um de nossos amorosos leitores de Pedro de Lara (HAHAHAHAHHAHAHHAHAHA) – arregaçou de vez as mangas e assumiu o comando de nossa conta no Instagram, reconstruindo-a integralmente, com publicações regulares e até mesmo um gigantesco campeonato de diretores. Mas não só isso. Ele não só rapidamente tornou-se um dos mais prolíficos redatores do site, como idealizou, colocou em movimento e executou o Especial Lost, dedicado a tratar de tudo de uma das séries legado mais importantes da televisão, por vezes ajudado pelo Davi Lima e suas contribuições cirúrgicas. E, mostrando um nível obsessivo que nos preocupa e que já nos levou a pensar em comprar uma camisa de força, ele abraçou um projeto basicamente impossível e até ingrato: fazer novas críticas de todo o material que ex-redatores do site republicaram em outros locais, descumprindo acordo que tinham conosco (até porque, temos vários exemplos de redatores que saíram pelas mais diversas razões e até hoje cumprem esse acordo de cavalheiros – e damas – e que jamais terão suas críticas substituídas);

(3) O Michel Gutwilen, amante de filmes franceses em preto e branco e fora de foco, foi outro que colocou os dedos para trabalhar freneticamente no ano, ajudando na cobertura dos mais diversos festivais (mais sobre eles abaixo) e capitaneando nossa primeira cobertura do Festival Mar Del Plata e trabalhando com entrevistas filmadas no Festival Olhar de Cinema, o que nos “forçou” a inaugurar até um canal no Youtube.

E, mais do que isso, nossa equipe de “críticos arrombados, bostas, lixos, prepotentes do caralho” cresceu absurdamente, com nove novos redatores, sendo que um deles UMA MULHER, a primeira redatora fixa no site em muito, muito tempo! São eles:

(1) Laisa Lima, a prometida mulher que é também a mais recente adição.

(2) Gabriel Zupiroli, também adição bem recente;

(3) Fernando JG, já mostrando muita diversificação no material que traz ao site;

(4) Davi Lima, que já foi citado mais acima com colaborador do Especial Lost e, também, do projeto de substituição de críticas, mas sem deixar de trazer muito material diferente além dessas tarefas;

(5) Kevin Rick, um sujeito que me preocupa muito, pois ele mal entrou e já demonstra uma megalomania assustadora que gerou até mesmo uma esdrúxula competição literária que os leitores conhecerão muito em breve, além de um projeto sobre Duna que é maior que os vermes de areia. Além disso, o Kevin trouxe algo que faltava muito ao site: críticas de mangás e animes e o trabalho dele nessa área tem sido muito bem recebido por vocês, leitores;

(6) Frederico Franco, mais um redator que não se furta de trazer para o site críticas de filmes clássicos que só robustece nosso catálogo;

(7) Guilherme Rodrigues, que cava fundo no catálogo de grandes diretores e, ainda por cima, não se furta em trazer as críticas dos filmes mais esdrúxulos que pedimos (vamos combinar que não é todo site que tem crítica de Francis na Marinha, não é mesmo?);

(8) Matheus Carvalho, que vai de Sergei Eisenstein até Adam Sandler sem nem pestanejar; e

(9) Matheus Camargo, que veio oferecer a tão necessária contribuição para nossa seção de música.

Sem Dor, Sem Ganho

Em resumo, entre o batalhão de gente nova, projetos em andamento e cirurgias plásticas digitais, o ano foi movimentadíssimo para nós, apesar de tudo, com os destaques sendo os seguintes:

– A já citada reformulação completa do site com a criação de duas novas colunas;

– Fizemos as versões definitivas dos seguintes especiais de diretor: Federico Fellini, Luís Buñuel e Alfred Hitchcock;

– Começamos e acabamos o ambicioso Especial Clint Eastwood em homenagem aos 90 anos do cineasta, com todos os filmes que ele dirigiu e também de todos em que ele atuou (tendo dirigido ou não, sendo uma ponta sem diálogo ou protagonismo);

– Começamos e acabamos o Especial LOST, em homenagem aos 10 anos de seu encerramento, com tudo sobre a afamada série;

– Começamos, mas ainda não acabamos o Especial Asterix, com as críticas de todos os álbuns e mais dos irredutíveis gauleses em homenagem à Albert Uderzo, que faleceu em 24 de março de 2020;

– Começamos, mas ainda não acabamos o Especial Fritz Lang em homenagem aos 130 anos do nascimento do cineasta;

– Esse foi a ano em que o site mais fez cobertura de festivais: Ecrã, Olhar de Cinema, Mostra SP, Mix Brasil e Mar Del Plata, com centenas de críticas dos mais variados filmes: cliquem aqui para conferir cada um deles;

– Como decorrência dos festivais, esse foi o ano que mais fizemos entrevistas;

– Criamos o nosso canal no YouTube; e

– Tivemos nossa 6ª edição do Outubro do Terror, em que criticamos pelo menos uma obra do gênero por dia ao longo do mês.

Palhaços Assassinos do Espaço Sideral

Claro que, como ninguém é de ferro, tivemos nossos momentos de diversão pura e simples, como quando, como mencionado mais acima, um leitor disse que nosso Iann Jeliel era o Pedro de Lara do site (se não sabem que foi Pedro de Lara, cliquem aqui) ou quando outro comentarista disse que a Disney era falaciosa por ter deturpado, dentre outras, a história de Pocahontas. Mas o grande destaque foi quando outro leitor descobriu (!!!!!!!!!!!!!!!!!) que nós nos odiamos e brigamos sem parar na seção de comentários (se esse mesmo leitor soubesse que “nós”, na verdade, somos um só – EU – com personalidade fragmentada, ele surtaria de vez…) e mandou o comentário indignado acima!

Lá pelo meio do ano, o Luiz Santiago (só lembrando: minha personalidade recessiva), descobriu no mesmo baú de seu bisavô em que achou as HQs da editora Sergio Bonelli, os livros do explorador espacial Perry Rhodan que, entre as histórias da série principal e das derivadas, tem algo como 4 mil volumes. Eis que o dodói, então, saiu correndo para ler tudo desesperadamente, mas, de forma absolutamente patética, conforme ficou sacramentado em cada seção de comentários, ele só conseguiu chegar ao 10º volume que dá o que, algo como 0,0025% do total? Parece um jabuti manco lendo livro, pois já era para ele NO MÍNIMO estar no milésimo volume…

Esse mesmo Luiz Santiago, aliás, recebeu ORDENS de um leitor particularmente enfurecido para retirar determinada frase de um de seus textos, o que ele absurdamente se recusou a fazer. Querem provas? Aí está:

XXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Mas, depois desse blá, blá, blá interminável, o que REALMENTE IMPORTA, e aí eu peço desculpas pela pieguice total, mas verdadeira, é a presença de vocês aí do outro lado do site que enriquecem nossas vidas com comentários, debates, discussões, brincadeiras – e algumas patadas também, claro – e simplesmente justificam todo o trabalhão que tivemos. Não é sem querer que chegamos a 193.443 comentários de vocês que procuramos ao máximo responder e gerar aquilo que achamos que críticas devem gerar: aprendizado nas duas pontas. A todos vocês aí, tanto os comentaristas eventuais e constantes quanto os que apenas nos leem sem se manifestar, fica nosso MUITO OBRIGADO por mais um ano sensacional – mesmo com pandemia – aqui no Plano Crítico. Boas festas e um excelente e seguro 2021 para todos vocês, seus amigos e suas famílias!

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