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Crítica | Um Tira no Jardim de Infância

O Exterminador vira professor.

por Kevin Rick
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Retomando sua parceria de Irmãos Gêmeos, o cineasta Ivan Reitman novamente coloca Arnold Schwarzenegger no gênero da comédia com o longa Um Tira no Jardim de Infância. Dessa vez, o astro austríaco interpreta John Kimble, um policial sisudo e amargurado que devota sua carreira a prender o traficante Crisp (Richard Tyson). Como parte de um disfarce para descobrir provas do dinheiro sujo do criminoso, Kimble encontra-se ensinando no jardim de infância, um esforço secreto para localizar a ex-esposa e o filho de Crisp, que fugiram do traficante e se esconderam sob novas identidades numa cidadezinha do interior.

Assim como acontece em Irmãos Gêmeos com a ideia de colocar Schwarza e DeVito como irmãos, o roteiro de Um Tira no Jardim de Infância parte de uma premissa simples: como seria ver o Exterminador dando aulas para crianças com menos de 7 anos? É preciso pensar no contexto da época de lançamento da obra (1990), no final do auge dos filmes de brucutu dos anos 80, para entender a proposta da produção. O público estava cada vez mais interessado em assistir seus astros de ação invencíveis em novos papéis, com Arnold abraçando seu lado cômico em grande porção da década.

Assim sendo, Ivan Reitman repete a abordagem do primeiro longa da dupla, trazendo um humor de contrastes (o policial sério ensinando criancinhas) e também uma narrativa que mistura comédia com ternura dramática. As melhores cenas da obra envolvem a dinâmica de Kimble com os pequeninos. Os atores mirins são muito bem escalados, alguns com características e gags próprias (um menino tem fixação com a morte; outro só sabe envergonhar a mãe solteira), mas eles funcionam melhor como um coletivo que enlouquece o protagonista. Schwarzenegger mostra novamente habilidade com o lado cômico, interpretando com muito carisma seu personagem.

A maneira como Kimble encontra forma de educá-los com táticas policiais como marchas e comandos, assim como algumas cenas impagáveis como a entrevista das crianças sobre seus pais, rendem boas gargalhadas. Acaba sendo uma pena que o longa não foque mais nas sequências da sala de aula, desperdiçando espaço narrativo com o suspense leve contra o Crisp (pelo menos meia hora inicial da obra é sobre isso), ainda que Reitman filma o ato final com boa dose de tensão em meio a previsibilidade da história.

Também é curioso quanta violência há em algumas dessas cenas para um filme infantil de comédia. Temos até mesmo uma subtrama sobre abuso doméstico que é incrivelmente madura e interessante, ainda que levemente deslocada na atmosfera pueril do enredo. Falando em subtrama, também temos o charmoso romance de Kimble com Joyce (Penelope Ann Miller), com um roteiro convencional e direção simples, mas com um resultado meigo. Os diálogos do protagonista sobre o filho abandonado e sua genuína relação com Joyce e seu filho rendem camadas dramáticas afetuosas.

É realmente interessante como Reitman equilibra uma comédia simples e absurda com toques delicados de drama. Não há nada de especial no romance, no arco de Kimble ou até mesmo na comédia em si, mas tudo é muito agradável e simpático de assistir. Os momentos na escola divertem, principalmente quando Kimble começa a tomar gosto pela profissão, e o núcleo do protagonista encontrado uma nova família é pura ternura.

Um Tira no Jardim de Infância (Kindergarten Cop) – EUA, 1990
Direção: Ivan Reitman
Roteiro: Murray Salem, Herschel Weingrod, Timothy Harris
Elenco: Arnold Schwarzenegger, Penelope Ann Miller, Pamela Reed, Linda Hunt, Richard Tyson, Carroll Baker
Duração: 111 min.

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