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Crítica | Gotham – 4X22: No Man’s Land

por Ritter Fan
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Episódio:

Temporada:

  • Contém spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos episódios anteriores.

Com a confirmação da renovação de Gotham para a 5ª e última temporada, possivelmente com apenas 13 episódios, os fãs puderam respirar aliviados, especialmente levando em conta o mega-hiper-super-bat(?)-cliffhanger que marca o final de No Man’s Land, episódio literalmente explosivo que coloca Bruce Wayne no inexorável caminho que o levará a tornar-se Batman. Bruno Heller começa, aqui, uma linha narrativa que adapta o arco em quadrinhos Terra de Ninguém e que deve tomar por completo a derradeira temporada.

Como desconfiei, porém, o showrunner teve que “parar” completamente sua ótima adaptação de A Piada Mortal, em One Bad Day e mergulhar direto no novo caminho, abafando as consequências do tiro de Jeremiah em Selina, que são tratadas apenas em breves diálogos de Bruce com a médica e, depois, com Alfred. O drama do cliffhanger do capítulo anterior, portanto, é esvaziado e, de certa forma, desperdiçado, em prol do plano do Coringa (dane-se se o showrunner não quer chamá-lo assim) e de Ra’s Al Ghul de “despertar” o Cavaleiro das Trevas, um artifício narrativo interessante, mas que nunca comprei completamente.

De toda forma, o episódio é muito bem executado, com Jeremiah revelando que há outras bombas e que, para não acioná-las, ele quer novamente conversar com Bruce Wayne. Diante da relutância de Gordon, a prefeitura é explodida para provar que a ameaça é verdadeira, o que leva à uma intervenção militar na cidade capitaneada pelo Major Rodney Harlan (Malik Yoba), que não poderia ser mais linha dura e incapaz de ouvir opiniões alheias, em um verdadeiro – mas divertido – estereótipo do soldado que segue as regras ao pé da letra.

O caos que segue é quase que um perfeito resumo do caos que é a série como um todo. E escrevo isso tentando emprestar uma conotação positiva, pois Gotham é feita de um conjunto de exageros costurados em um todo completamente tresloucado, mas que é inegavelmente interessante e, diria, ousado. Com isso, a corrida pela localização das novas bombas, o sequestro de Bruce Wayne, o furto das bombas localizadas pela polícia, a evacuação da cidade e, ao final, as explosões que transformam Gotham em uma ilha que obviamente nos lembra a Nova York ou a Los Angeles dos clássicos trash de Kurt Russel, são o ponto alto do absurdo, do descomedimento e da completa doideira do trabalho de Bruno Heller. E, considerando a montagem que marca o final do episódio, com os diversos territórios da cidade sendo dominados por variados vilões e Gordon e Wayne formando a promessa de resistência, a promessa que fica para a temporada final é de episódios completamente sem freios, abraçando mais do que nunca a natureza histérica que vem marcando a série. E isso é bom, muito bom!

Só não sei se, lá no fundo, gosto da noção de que o surgimento do Batman dar-se-á nessas circunstâncias e nesse momento, com um Wayne ainda muito jovem e levado a essa situação como parte de um plano maquiavélico de seus maiores admiradores vilanescos. Não estou sendo purista em relação à origem do Batman, pois não tenho problemas com alterações radicais nela. A única questão é que esse Wayne ainda não é o Wayne nem mesmo do dia um de Ano Um e, considerando que será difícil Heller estabelecer um pulo temporal significativo se ele realmente quiser explorar a linha narrativa de Terra de Ninguém, o que teremos é mesmo o personagem como o conhecemos hoje assumindo um persona que não se encaixa com ele. Mas isso fica para ser determinado com mais clareza quando a nova temporada começar.

Os vários eventos que antecedem o grande clímax quase parecem “cenas dos próximos capítulos”, alterando o status quo de diversos personagens importantes. O Pinguim volta à sua forma matando o Butch curado em frente à sua namorada como vingança pela morte de sua mãe. Barbara é recrutada por Ra’s para reinar a seu lado, mas se rebela e usa Bruce Wayne – em uma muito eficiente sequência de luta – para eliminar (de novo) o Cabeça do Dragão. Lee e Charada se matam no melhor estilo Romeu e Julieta em uma sequência inusitada e quase surreal, somente para que seus corpos sejam enviados pelo Pinguim a Hugo Strange, ordenando-o que “conserte” os dois. São breves cenas que, por incrível que pareça, acabam funcionando em seu conjunto e em sua proposta dentro do episódio cinético que é No Man’s Land. É o tipo de profusão de cenas e de personagens que ressona bem na estrutura do roteiro, algo que Heller tentou várias vezes ao longo da temporada, errando na maioria das vezes.

A julgar pelo episódio, a última temporada será quase que um reboot de Gotham ou pelo menos um novo começo o que é, na verdade, a proposta do crossover em quadrinhos de onde Heller tirou sua ideia. Por outro lado e curiosamente, se não houvesse mais Gotham, o episódio também poderia funcionar bem como um encerramento. Claro, há um caminhão de pontas soltas, mas é perfeitamente visível que ali está a gota d’água para a chegada do Cavaleiro das Trevas.

Gotham – 4X22: No Man’s Land (EUA, 17 de maio de 2018)
Showrunner: Bruno Heller
Direção:
Nathan Hope
Roteiro: 
John Stephens, Seth Boston
Elenco: 
Ben McKenzie, Donal Logue, Robin Lord Taylor, David Mazouz,  Cory Michael Smith,  Camren Bicondova, Sean Pertwee, Anthony Carrigan, Maggie Geha, Jessica Lucas, Crystal Reed,  Charlie Tahan, John Doman, Morena Baccarin, Peyton List, Cameron Monaghan
Duração: 
44 min.

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