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Crítica | Star Trek: Discovery – 5X05: Mirrors

Passado cansado.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

Creio que ninguém tinha sequer um pingo de dúvida de que, mais cedo ou mais tarde, haveria um episódio contando a história pregressa para Moll e L’ak, como se conheceram, suas motivações, seu relacionamento e o porquê de os dois fazerem o que fazem. E não havia episódio melhor para fazer isso do que o que marca a metade da temporada, simplesmente porque é normalmente na metade de temporadas que séries fazem grande revelações, empregam reviravoltas e mudam o status quo. Portanto, não é nenhuma surpresa que Mirrors venha para contextualizar os dois vilões da série até o momento. Dessa forma, a única real pergunta que fica é: será que foi o suficiente?

Essa pergunta é relevante porque temos que ter em mente que, se Moll e L’ak funcionaram como vilões, isso deveu-se ao fato de eles serem estritamente convenientes para o tipo de narrativa da temporada final, que gira em torno de uma caça ao tesouro. A dupla tem como objetivo atrapalhar a vida da USS Discovery usando uma grande variedade de truques sujos – valendo especial destaque para o “inseto do tempo” no episódio anterior – e de frases de efeitos, além de aparições cirúrgicas. E eu não estou falando que os dois não poderiam funcionar se soubéssemos mais sobre eles desde o começo, pois poderiam, mas meu ponto é que o uso dos caçadores de recompensa apaixonados vinha sendo básico demais para que, agora, a essa altura do campeonato, com a introdução de uma narrativa de “romance proibido” no estilo Romeu e Julieta, possamos efetivamente nos identificar com o drama deles e ficar investidos nos personagens nesse nível.

Os flashbacks usados de maneira a quebrar completamente a fluidez da ação – esse é o primeiro sinal de a coisa não será tão boa – que nos levam ao passado da dupla e que revelam que L’ak é um nobre bonzinho do Império Breen que, por fugir dessa vida, tem sua cabeça posta à prêmio, são tão burocráticos e cansados que o efeito, pelo menos em mim, foi o contrário do almejado pelo roteiro de Johanna Lee e Carlos Cisco. Tudo o que eu gostava nos dois simplesmente desapareceu. Pode parecer incongruente reclamar de sequências feitas para trazer contexto e complexidade a personagens, mas a questão é que, mais uma vez, chegamos ao ponto em que a vilania é relativizada, com os bandidos virando heróis (ou pelo menos anti-heróis), fazendo-os então perder sua força, sua relevância para a narrativa. Não que pistas disso já não tivessem sido trazidas na temporada, pois temos o fato de os dois serem apaixonados e a conexão de Moll com Book ou com o mentor de Book, para ser mais exato, mas algo um pouco mais interessante poderia ser costurado. Não sei. Algo na linha de Bonnie e Clyde, por exemplo.

Com isso, o fato de Michael e Book terem que atravessar um buraco de minhoca estável para chegar a um espaço interdimensional onde está a toda arrebentada e abandonada ISS Enterprise do Império Terrano do Universo Espelho (como os cientistas que resolveram sumir com a tecnologia dos Progenitores se esforçaram na brincadeira de esconde esconde, hein?) é, por si só, muito mais interessante do que o tempo investido no passado de Moll e L’ak. E o mesmo vale para o primeiro comando da Discovery por Rayner. Aqueles dois minutos que o vemos dando ordens na ponte dão de 10 a 0 em blá blá blá adolescente de amorzinho, rebeldia e fuga protagonizado pela dupla vilã nos momentos “foco no rosto do personagem dissolve em cena do passado”.

Tudo bem que, depois de um episódio do naipe de Face the Strange, era de se esperar algo mais morno, mas Mirrors não consegue nem isso e dá uma esfriada decepcionante nessa metade de temporada. Claro, pode ser que o que aprendemos aqui sobre Moll e L’ak levem a ótimos eventos futuros, mas, sem bola de cristal, tudo o que vi, aqui, foi uma origem pouco inspirada para personagens que, por mais que esperássemos saber mais do passado deles, simplesmente não precisavam disso ou, se era realmente necessário, que pelo menos fosse algo mais interessante do que a pasmaceira modorrenta que foi mostrada.

Star Trek: Discovery – 5X05: Mirrors (EUA, 25 de abril de 2024)
Showrunners: Alex Kurtzman, Michelle Paradise
Direção: Jen McGowan
Roteiro: Johanna Lee, Carlos Cisco
Elenco: Sonequa Martin-Green, Doug Jones, Anthony Rapp, Mary Wiseman, Wilson Cruz, Blu del Barrio, Callum Keith Rennie, David Ajala, Phumzile Sitole, Emily Coutts, Michael Chan, Annabelle Wallis, Tara Rosling, Tig Notaro, Eve Harlow, Elias Toufexis
Duração: 56 min.

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