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Lista | Neon Genesis Evangelion – A Franquia Ranqueada

por Kevin Rick
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Com o final (até agora) da famosa franquia Neon Genesis Evangelion, com o corajoso A Esperançadecidimos ranquear todas as obras audiovisuais canônicas do Universo alegórico criado por Hideaki Anno. Dessa forma, a proposta da lista é fazer um ranking de todos os filmes, incluindo o final alternativo de The End of Evangelion e a cinessérie Rebuild, assim como a série original de 1995. Logo, qualquer outra forma midiática da franquia, como mangás, não constaram na lista – mas certamente gostaria de escrever e debater sobre novas histórias alternativas de Shinji e companhia com vocês!

Como eu, Kevin Rick, sou o único que assiste anime nesse site prepotente de críticos que só assistem filmes franceses em preto e branco, a lista é baseada inteiramente na minha opinião (que é a certa, obviamente). Diga nos comentários quais filmes vocês viram, alguns ou todos? Dentre as obras audiovisuais, quais são suas favoritas? Compartilhem sua opinião e ranking pessoais!

 

6º Lugar: Evangelion 3.33: Você (não) Pode Refazer

Personagens caricatos, ruptura de contexto que não progride a narrativa, Shinji mais cansativo do que nunca em seu núcleo raso de exposição e explosões de raivinha desagradáveis (a trama não ajuda o rapaz também), o ritmo insosso em constante explanação e sem conflito, entre outros problemas, transformam Evangelion 3.33: Você (não) Pode Refazer na pior obra da franquia. Ele não resolve eventos anteriores, não se resolve dentro de si, e deixa o espectador tentando entender o motivo da existência de um filme que não impacta em nada a franquia para além de desconstruir (negativamente) os desenvolvimento anteriores. Ainda gosto do início, algumas escolhas visuais e a ambientação distópica, mas é basicamente um filme aleatório e vão.

 

5º Lugar: Evangelion: 1.11 Você (não) Está Só

Todavia, diferente não significa bom, pois se teremos que analisar Evangelion: 1.11 Você (não) Está Só como uma obra singular, não podemos fazê-lo apenas como comparação técnica ao original de forma a massagear o ego do fã super feliz em ignorar a história que conhece para vivenciar uma nova experiência técnica. Não, devemos analisar o filme em sua unidade aqui, e nisso ele falha miseravelmente em tudo além da conquista técnica, seja a montagem que destrói arcos de personagens, sequências e diálogos, a total falta de lógica narrativa com os eventos acelerados, até a inexistência de um trama per se, já que apenas temos uma colagem. Uma ótima, e formalmente bem usada, utilização da imagem para construir outro tipo de contexto e atmosfera, mas completamente retrógrado e preguiçoso no resto.

 

4º Lugar: Evangelion 2.22: Você (não) Pode Avançar

Em cima dessa problemática, a montagem certamente não ajuda. A edição não tenta diluir o dramalhão entre momentos de êxtase, mas cria um espaçamento gigantesco entre o começo e o final bombástico, e o meio enfadonho. Evangelion 2.22: Você (não) Pode Avançar meio que perde o tom de frenesi, e vira um slice-of-life aguado… Todavia, o desfecho vem para salvar a pátria! Em um ótimo clímax, Anno consegue reiterar sua proposta de blockbuster na resolução que vai escalonando o escopo, indo de uma batalha a outra, um sacrifício ao outro, até o desfecho heróico de Shinji – quanta mudança de abordagem, não? – e um cliffhanger alegórico (!!) do Terceiro Impacto. Se antes o Apocalipse era um meio para emoções e depois virou uma experiência visual, agora ele é a desculpa para a narrativa sempre em apogeu – só falta mais comprometimento dramatúrgico em relação ao ritmo frenético.

 

3º Lugar: Evangelion 3.0+1.01: A Esperança

É interessante como o autor vai da ação para a sutileza introspectiva e termina no surreal de maneira surpreendentemente orgânica, sempre conectando uma abordagem com a outra. O cineasta traz uma gama de simbologias, interpretações e metáforas familiares, épicas, religiosas, etc, debatendo sempre em comum o micro, assim como foi belamente feito na série original. Alegorias não foram feitas para serem explicadas, e sim sentidas.  Paternidade dá medo. Luto é destruição e renascimento. Amizade liberta. Heroísmo é envolto por incertezas. Cura é empatia. No fim, o Neon Genesis Evangelion é amadurecimento.

 

2º Lugar: Neon Genesis Evangelion

Neon Genesis Evangelion é, acima de tudo, uma obra humanista; teologicamente e psicologicamente confrontadora, colocando em xeque a existência e ambição humana, sempre procurando o micro dentro do macro para sua experiência reflexiva em contextos intrínsecos. Os dois episódios finais, equivocadamente criticados pelo estilo de “terapia experimental”, com muitos culpando a conclusão adversa em questões extra fílmicas da falta de verba, concluem perfeitamente o estudo de personagem de Anno. Nunca foi sobre explicações de mitologia ou desfechos bombásticos, mas sim a intimidade e empatia com dramas frequentes em um ambiente fantástico. Apesar de ter algumas ressalvas com o desfecho bonitinho de aprendizado e mensagem moral, continuo adorando como Hideako Anno sempre une seu conteúdo com a forma, especialmente na corajosa resolução de “psicanálise surrealista”, esteticamente absurdo e deslumbrante, fechando com excelência criativa um grande clássico.

 

1º Lugar: Neon Genesis Evangelion: The End of Evangelion

Querer compelir alguma mensagem, ou simplesmente achar que sua interpretação é a “correta”, como vemos tantos boçais por aí expressarem como se sua análise fosse uma verdade absoluta, é diminuir a complexidade dada por Anno, que procura dar dezenas de perspectivas para sua própria visão – o próprio fato dos dois desfechos serem tão destoantes comprovam a necessidade de diferentes leituras (digam a de vocês, por favor). Como viram no texto, para mim, The End of Evangelion procura o oposto retrato humano da série, buscando no visual apocalíptico, profano e perturbador, as alegorias religiosas como meio de fazer um tratamento pessimista do coletivo (daí a imposição da morte e renascimento), ainda que, de certa forma, examina nos diálogos entre Shinji e Asuka, durante a montagem de eventos reais, a necessidade de encarar a realidade e demandar a individualidade. Dito isso, a cena final entre os personagens na praia, a gênese humana condenada a repetir os mesmo erros, expõe o fracasso do ser humano na frase de Asuka: “Que nojo“. A Humanidade erra no coletivo, no individual e na tentativa de ser perfeita (deuses). Não é mais sobre redenção. Só temos a esperança no Apocalipse. Uma grande experiência audiovisual.

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