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Lista | The Gifted – 2ª Temporada: Os Episódios Ranqueados

por Ritter Fan
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Temporada:

  • spoilers!

É sempre bom, depois de passar meses analisando uma série por episódio, revisitar os capítulos para fazer o ranqueamento. É assim que, no caso de The Gifted, percebi uma grande consistência por toda a 2ª temporada da série que pode ter sofrido por jamais ter alçado voo como prometia, mas que tem mais acertos do que erros.

Considerando o orçamento modesto para CGI, é surpreendente o que Matt Nix consegue fazer com seus personagens. É bem verdade que, para alavancar alguns, como Reed, Caitlin, Lauren e Blink, ele acabou tendo que indevidamente apagar outros, especialmente Lorna Dane e John Proudstar, além de introduzir e eliminar personagens sem cerimônia, como foi o caso da perturbada Rebecca, que merecia mais desenvolvimento, mas o resultado final, focado no plano do Círculo Interno, liderado por Reeva, de fundar uma nação mutante a partir do fomento de uma guerra entre raças tendo os Purificadores como catalisadores, foi constantemente acima da média.

Talvez “constantemente acima da média” não seja o suficiente para muitos, mas a construção dos personagens é trabalhada de maneira certeira pelo showrunner, revelando lados opostos em cada um deles. Caitlin revela-se como uma mulher disposta a fazer o que for necessário por sua família, Lauren abraça seus poderes de vez e Reed, hesitante no começo, vê que não tem saída a não ser também aceitar que é um mutante, até que ele se vê obrigado a fazer o sacrifício final. Blink, por sua vez, de uma personagem apagada, à sombra de seus pares, torna-se uma das mais lúcidas da temporada, sempre enxergando muito claramente o que deve ou não fazer e estabelecendo a ponte entre os mutantes da superfície e os Morlocks.

Já vimos os temas que Nix aborda outras vezes no Universo Cinematográfico Mutante, e The Gifted não reinventa a roda. No entanto, com certeza a série traz um novo lustre para uma temática batida e nos entrega personagens que podemos amar e odiar. Se essa tiver sido a última temporada, tendo em vista a consolidação das propriedades Marvel debaixo da bandeira da Disney, foi um encerramento digno que sim, deixa pontas soltas, mas que encerra o arco que se propôs a tratar. Se, por outro lado, a série ainda tiver sobrevida, ela promete caminhos muito interessantes e potencialmente apocalípticos para o futuro, se é que me entendem…

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Tradicionalmente em nossas coberturas por episódio de temporadas, elaboramos nosso ranking dos episódios, que segue abaixo. Concordam? Discordam? Têm sua própria lista? Mandem seus comentários e vamos conversar! E não se esqueçam de clicar nos links para lerem as críticas de cada um deles.

16º Lugar: no Mercy

2X07

E, para fechar os comentários, não tenho como fugir de abordar a escolha narrativa mais do que equivocada do roteiro de Brad Marques e da direção de Nina Lopez-Corrado de entrecortar as ações dos núcleos de personagens, o que acabou minando a força narrativa de cada um deles. O “assalto ao banco” poderia ter rendido belas sequências de ação estendidas, ocupando, talvez, toda a segunda metade do episódio com apenas uma ou duas escapulidas para Jace ou John se necessário, o que teria elevado a tensão e, principalmente, a fluidez da história. Com a montagem trazendo um ou dois minutos de cada linha narrativa, a impressão de conjunto foi desmontada e a coesão esvaiu-se.

15º Lugar: gaMe changer

2X09

Se Rebecca tivesse sido o único desperdício, teria ficado feliz. No entanto, a linha narrativa da “cura mutante” da família Strucker no laboratório de Madeline foi outra vítima precoce da “maldição da metade de temporada em velocidade de dobra”. Toda a construção da antiga assistente de laboratório do pai de Reed sendo a proverbial loba em pele de cordeiro querendo usar Reed e Lauren para seus objetivos nefastos e toda a interessantíssima questão da cura em si – quando ou se ela pode ser boa – são defenestradas sem cerimônia em uma desnecessária corrida contra o tempo que coloca os Strucker em pé de guerra com a cientista, com direito a traições e a destruição de anos de pesquisa que, como vimos no episódio imediatamente anterior, trouxe efetivos benefícios. Para que essa sangria desatada, Matt Nix?

The Gifted plano critico temporada critica

14º Lugar: eMergence

2X01

Aliás, morno é a palavra chave para todo o episódio. Mesmo considerando o iminente parto de Polaris, com bem boladas contrações magnéticas altamente destrutivas, o que vemos é um roteiro não mais do que burocrático que reapresenta os personagens da 1ª temporada em seu (não tão) novo status quo: os mutantes “bonzinhos” foram dados como mortos e, agora, eles trabalham mais secretamente ainda (a partir de uma sala dentro de um hospital???) fazendo exatamente o que faziam antes, ou seja, resgatando mutantes perseguidos pelo Sentinel Services, ao passo que os mutantes “malvados” (o que pelo momento inclui Polaris e Andy Strucker com aparência e atitude bad boy de um T-Bird platinado) continuam… humm… malvados.

13º Lugar: afterMath

2X05

A chegada de Jace e dos Purificadores ao hospital foi francamente o ponto mais baixo do episódio, pela aleatoriedade como a coisa acontece. Bastou Jace ir para a primeira reunião dos Caipiras Anônimos e soltar umas três palavras de ordem que pronto, todos passaram a ficar sob seu comando e a acertar de cara o local onde os mutantes estavam escondidos, como se andar armado em Washington D.C. fosse a coisa mais tranquila do mundo. Confesso que me senti vendo um filme amador nesse momento e senti pena de Coby Bell nesse papel, até porque tinha grandes esperanças para a queda completa do personagem. Se os Purificadores serão esse bando de mané batendo cabeça (não que eles não sejam manés nos quadrinhos, que fique claro!) pela série, talvez seja o caso de fazer Jace voltar ao Sentinel Services.

12º Lugar: teMpted

2X13

Nessa história toda, porém, incomodou-me demais – DEMAIS, deixe-me enfatizar! – o pavor que Lorna demonstra a cada passo que dá dentro do QG de Reeva. O que fizeram com a Polaris super-poderosa e destemida de antes? Onde está a promessa de que essa temporada seria a dela? O que vi foi uma mulher insegura, com medo da própria sombra, que só sabe fazer caretas das mais irritantes para demonstrar seus sentimentos exacerbados. A super-heroína que ela poderia ser não está presente nem em espírito e sua dependência de Marcos, com ligações livres e não-monitoradas para ele a cada minuto é irritante. E, pior do que isso, há pouco tempo para reconstruir a Polaris de antes, considerando que só faltam três episódios para a temporada acabar. Se nada drástico for feito, ela e Thunderbird poderão dar as mãos para juntos entrarem no Panteão das “Promessas que Foram para o Ralo”.

11º Lugar: the dreaM

2X08

Obviamente que a descoberta de Lauren (Natalie Alyn Lind está particularmente péssima aqui) de que o objetivo final da doutora é obter a fórmula para a eliminação generalizada do gene X leva a conversa para o extremismo, especialmente quando, ao mesmo tempo, aprendemos que o pai de Madeline (olha aí a paternidade novamente!) é um dos fundadores dos Purificadores. A linha tênue entre uma cura responsável e uma cura mutante à revelia dos mutantes é borrada nesse ponto e abre uma linha narrativa muito instigante para a série abordar doravante.

10º Lugar: iMprint

2X06

Com toda essa construção, o núcleo do Inner Circle fica mais coeso, já que fica bem claro, primeiro, que não há controle mental dos mutantes que originalmente eram da equipe de John Proudstar e, também, que o segredo dos planos de Reeva incomodam demais. Isso retira aquele ar de “vilão de 007” que o grupo vinha tendo, com direito àquele quartel-general todo branco e asséptico (mas que, descobrimos agora, tem sala do perigo com hologramas!) e todo aquele ar misterioso que já estava cansando. Não que Reeva não tenha outros segredos, e isso fica bem evidenciado pelas suas ligações para alguém identificado apenas como Q.M. (alguém sabe quem poderia ser?), mas pelo menos, agora, o grupo não parece segui-la cegamente.

9º Lugar: coMplications

2X03

Mesmo com seus problemas, porém, coMplications passa seu recado e faz a história caminhar com vontade para a frente, com mais trabalho dedicado ao desenvolvimento efetivo de seus vários personagens do que com fogos de artifício. O conflito entre Mutant Underground e Inner Circle se avizinha e a bem-vinda introdução dos Morlocks pode engrossar esse caldo.

8º Lugar: unMoored

2X02

É perceptível o equilíbrio dramático dado a todos, com Reeva também lutando contra seu impulso de eliminar Andy diante de sua percebida traição, mas sabendo do valor do garoto para seu plano seja lá qual ele seja. Confesso que fiquei curioso para saber exatamente como ela mataria Andy ali no quarto dele, mas creio que esse embate – que certamente virá – só será visto mais para o final. Houve tempo até mesmo para lidar com dúvidas vindas de ninguém menos do que Esme, a irmã Stepford que se infiltrara no grupo de John e Marcos na temporada anterior. Ver Skyler Samuels triplicada é sempre uma diversão e, aqui, o uso do poder telepático das três, com a comunicação silenciosa entre elas, foi particularmente inspirado, assim como a sequência em câmera lenta em que elas aparecem no aeroporto para livrarem-se de uma nada discreta ponta solta do parto que vimos em eMergence.

7º Lugar: eneMy of My eneMy

2X10

Isoladamente, eneMy of My eneMy é um bom episódio que deixa marcas no relacionamento entre os personagens. No entanto, falta ainda um senso maior de propósito tanto para a Resistência Mutante (no caso, falta algum senso…) quanto para o Círculo Interno. Um conflito em escala global entre humanos e mutantes não é algo que uma série dessa natureza e com esse orçamento possa tratar eficientemente, pelo que é necessário reduzir a escala para algo mais palpável. Mas a volta da temporada aponta para um bom caminho. Se ele será adotado de verdade, só o tempo dirá.

6º Lugar: calaMity

2X14

Mas se Jace e suas dúvidas atrozes completamente fake não funcionam bem, toda a sequência do embate nos esgotos, intercalada com o resgate das mulheres, crianças e mutantes “inúteis” (ou seja, sem poder ofensivo) por Blink mantém o episódio com uma cadência boa. Clarice, vale dizer, é a única pessoa que parece conseguir pensar sob pressão, pois parte dela a operação de resgate que envolve ligar para Marcos para que ele e o que sobrou da Resistência venha ajudar no transporte. Ainda que a lógica de Blink abrir seus portais para o beco sem saída exatamente em cima de onde todo mundo está e, portanto, próximo à polícia que se aproxima, não faça sentido estratégico algum – assim como não permitir que John a ajude no subterrâneo – o roteiro de Jason Lazarcheck cumpre a função de mudar o status quo dos Morlocks (além de apresentar e matar um monte deles, inclusive a versão verde do Cara de Barro) e de desenvolver ainda mais a personalidade daquela que, hoje, é a melhor mutante da série.

5º Lugar: hoMe

2X12

A direção de Dawn Wilkinson, apesar de ser cheia de cacoetes como o uso excessivo e sem sentido de ângulo holandês, sabe lidar muito bem com a passagem temporal e as elipses, trabalhando as tramas paralelas e tangenciais do roteiro de Marta Gené Camps sem perder o fio da meada ou confundir o espectador. Melhor ainda, Wilkinson sabe dar a impressão de grandiosidade sem efetivamente mostrar muita coisa, o que só beneficia a série primeiro por esconder bem sua fraqueza orçamentária e, segundo, por manter o foco nos personagens, o grande triunfo da série.

The-Gifted-hoMe-2x12-PLANO CRITICO

4º Lugar: meMento

2X11

Falando no irmão que já se bandeou ao lado sombrio, a postura de Lauren em ajudar seus pais a desviar a atenção da polícia e, principalmente, em apavorar o locador do apartamento onde moram, revelam uma outra faceta da personagem. Não me parece ser a “Lauren do mal”, mas sim a Lauren que sabe que não pode ficar choramingando pelos cantos e que precisa tomar tenência em relação ao que é. Esse é certamente o caminho correto e a atriz, diferente do que imaginava, até que conseguiu funcionar bem sob demanda.

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3º Lugar: outMatched

2X04

Depois desse episódio, se me perguntarem que personagem de The Gifted eu não gostaria de enfrentar, minha resposta, sem titubear, seria Caitlin. Levar um soco de John, um berro de Reeva ou sofrer o controle mental das irmãs Stepford me parecem opções agradáveis perto do que essa mãe é capaz de fazer por seu filho. Fiquei com medo…

2º Lugar: Monsters

2X15

Outro personagem muito bem abordado no episódio, claro, é Reed. Não demorou e sua decisão de parar de tomar seu supressor do gene X deu frutos. E que frutos! Em um momento que achei que seria desapontador e que acabaria em pizza, Reed usa seus poderes como instrumento defensivo no rifle de Ted e, ato contínuo, como arma contra o próprio e repugnante Purificador que recrutara Jace, dando um belo fim ao policial assassino. Ah, e antes que alguém de tendência politicamente correta fique horrorizado com minha felicidade em ver Reed transformando Ted em carvão, deixe-me repetir: foi um momento catártico que, sozinho, valeu a temporada toda.

1º Lugar: oMens

2X16

Com uma dose extra de CGI para compensar todos os episódios em que ele não deu as caras, oMens deixa evidente que Matt Nix sabe contar uma história eficiente de super-heróis que não precisa de muitos fogos de artifício ou uniformes espalhafatosos. Focando em seus personagens, ainda que errando em alguns, o showrunner entregou o final que a série merecia ou – cruzemos os dedos – a ponte que esperamos para uma nova fase caso haja renovação.

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