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Crítica | American Gods – 3X05: Sister Rising

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, a crítica dos episódios anteriores.

Para marcar a metade da temporada, depois de uma semana de intervalo, Charles H. Eglee apresenta um episódio que poderia ser chamado de funcional, que trabalha cada uma de suas pequenas historietas de maneira a avançar as respectivas tramas nem que seja um pouquinho, dando a impressão que o inacreditavelmente longo preâmbulo que foram os quatro episódios iniciais finalmente acabou. Ainda é muito pouco para ressuscitar de verdade a série, mas pelo menos é um passo no caminho certo.

E, quando mencionei “historietas” no parágrafo introdutório, quis dizer exatamente isso: Sister Rising é composto de pequenos subcapítulos que obviamente são conectados pela temática da série, mas que são narrativamente separados e autocontidos, cada um amarrando sua própria história e, espera-se, encerrando arcos para que a trama macro possa andar de verdade. Bilquis, por sinal, é a primeira a ser brindada com o “fim de uma fase” em que ela, graças à ajuda dos Orixás, finalmente faz uma viagem espiritual e descobre que ela é mais do que seus adoradores a idealizam, ou seja, ela parece finalmente tirar a casca da deusa unidimensional que marcou sua vida desde sua gênese para alguém mais completa, mais independente e mais segura de si, que não parece mais precisar usar o sexo como ferramenta de seu culto. Foi sem dúvida uma sequência onírica interessante, com reflexos destruidores no mundo real, levando-a ao fim de seu cárcere real e metafórico.

O único problema dessa espécie de preâmbulo do episódio é sua função narrativa imediata. Ainda que possamos imaginar que, lá para a frente, Bilquis poderá ter um papel importante na guerra de Odin, essa sua libertação aqui e, mais, sua conexão artificial com Shadow Moon, sem maiores objetivos, pareceu-me uma aventura perdida. Teria sido melhor encerrar seu arco sem o dénouement com o protagonista andando pela cidade e jantando em um restaurante, pois toda a sabedoria que ela transmite a Shadow soou muito mais como filosofia de botequim.

Falando em botequim, o malandro-mor que se fingiu de maluco somente para ser internado na casa de repouso onde está Deméter, tem uma ótima participação no episódio. Confesso que estava já sentindo falta dos golpes do deus salafrário e do cinismo volume 11 de Ian McShane e todo seu plano, o que inclui as sequências Onze Homens e um Segredo com Shadow e Cordelia dando uma rasteira no advogado explorador, foi muito divertido de ver, ainda que o golpe 37 no hotel pudesse ter tomado mais tempo, sendo executado com mais minúcias, tensão e elegância.

No lado de Laura Moon, seu retorno, agora viva, ao estabelecimento funerário de Mr. Ibis, com o recrutamento do perdido Salim para executar seu plano de matar Odin, o que a leva até Shadow novamente, foi, para variar, o lado menos interessante de Sister Rising. O arco da personagem parece estar no automático, sem apresentar grandes novidades já há algum tempo, com sua permanência no Purgatório não tendo ajudado em nada. Não é que eu necessariamente implique com Laura, pois, tendo lido o livro, sei de sua importância, mas o ponto é que Eglee não tem conseguido tirar a personagem do marasmo narrativo, algo que especificamente o roteiro de Damian Kindler até tenta fazer com o diálogo dela com Salim, mas sem muito sucesso. Mas temos que tentar achar o que há de positivo em qualquer coisa, não é mesmo? E, aqui, o que funcionou foi a falta de enrolação. Nada de protrair sua “jornada” assassina por mais tempo, mantendo-a ainda em Cairo ou criando alguma razão para outra road trip. Nesse sentido, as sequências com Laura foram razoavelmente objetivas, já situando-a em Lakeside no cliffhanger light.

Sister Rising, mesmo não sendo nenhuma maravilha, já é algo permite ao espectador ter alguma esperança pela temporada, pois mostra que existe pelo menos um pouquinho de intenção do showrunner de andar para a frente, algo que ele até agora não tinha feito. Seja como for, a temporada ainda precisa de algo realmente grandioso para não passar completamente despercebida e, com cinco episódios ainda pela frente, há muito espaço para isso acontecer. Caso contrário, não haverá oferenda suficiente para salvar essa série.

American Gods – 3X05: Sister Rising (EUA, 14 de fevereiro de 2021)
Showrunner: Charles H. Eglee
Direção: Nick Copus
Roteiro: Damian Kindler
Elenco: Ricky Whittle, Ian McShane, Emily Browning, Yetide Badaki, Bruce Langley, Omid Abtahi, Ashley Reyes,  Dominique Jackson, Eric Johnson, Julia Sweeney, Lela Loren, Peter Stormare, Andi Hubick, Cloris Leachman, Erika Kaar, Denis O’Hare, Blythe Danner, Crispin Glover, Marilyn Manson, Herizen F. Guardiola
Duração: 50 min.

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