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Lista | Luis Buñuel: Os Filmes Ranqueados

por Luiz Santiago
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Esta lista (feita a partir das avaliações em listas individuais de Ritter Fan e Luiz Santiago), é parte do Especial dedicado a Luis Buñuel que fizemos aqui no Plano Crítico, e ranqueia os filmes do diretor, do pior para o melhor.

É importante lembrar que temos crítica para cada um dos 33 filmes listados! Portanto, se tiver alguma dúvida sobre o que pensamos dessas obras (todas as críticas são de autoria minha OU do Ritter, é só clicar nos links colocados nos títulos e ler os textos completos (cada indicação abaixo usa apenas um parágrafo de cada crítica). Fica aqui o convite para conversas pontuais a respeito de cada obra na caixa de comentários desses filmes.

Quantos filmes do diretor você já assistiu? Quais são os seus favoritos? Quais os que mais mudaram de qualidade, para você, ao longo dos anos? Deixe seu comentário e faça também a sua lista ranqueando os filmes que assistiu do diretor!

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33º Lugar: Mulher Sem Amor

2 pontos

E meu testemunho pessoal acima já dá o tom sobre o que achei desse literal dramalhão mexicano dirigido e escrito pelo mestre Luís Buñuel que, em sua excelente autobiografia Meu Último Suspiro, classificou como seu pior filme. A não ser pelas risadas indevidas e incabíveis, essa película consegue ser uma desajeitada conjunção de história exageradamente dramática, atuações tenebrosas e um final apressado que atropela tudo o que foi construído anteriormente.

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32º Lugar: Coração de Soldado

2 pontos

Buñuel participou dessas 18 produções fazendo diversos papéis: diretor, roteirista, diretor de fotografia, cenógrafo e outros. No entanto, os estudiosos da vida do diretor acreditam que ele teve participações decisivas em todos eles, alguns chegando a afirmar que todos foram dirigidos única e exclusivamente por Buñuel. Há divergências nesse raciocínio, mas há, também, uma ideia em comum: Coração de Solado foi mesmo dirigido só por Buñuel.

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31º Lugar: A Filha do Engano

7 pontos

O filme é a adaptação da farsa espanhola Don Quintín el Amargao (1924), também chamada Aquele que Semeia Ventos, escrita por Carlos Arniches e Antonio Estremera. Por se tratar de uma obra concebida para o palco e principalmente por datar de 1924, é possível identificar um grande número de elementos sociais hoje tido como retrógrados, além de uma sugestiva presença da religião que guia moralmente as ações das personagens, todas elas pontuadas de valores apreciados ou obrigatórios para cristianismo, tais como a caridade, a confissão, o arrependimento e o perdão.

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30º Lugar: O Rio e a Morte

8 pontos

Santa Viviana é uma região do noroeste do México, alguns quilômetros ao sul do Estado do Arizona (EUA). Nessas chamadas “terras quentes” do Estado mexicano de Sonora corre um rio, e é entre ele e a população de Santa Viviana que a morte terá lugar cativo. Após a negação do assassinato para seu protagonista em Ensaio de um Crime, Buñuel apresenta aqui uma realidade bastante diferente, onde um grande número de assassinatos ultrapassa gerações.

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29º Lugar: Terra Sem Pão

9 pontos

É muito difícil escrever sobre Terra Sem Pão sem algum tipo de contextualização. Qualquer pessoa que simplesmente assistir a esse “documentário” de Luis Buñuel sem uma preparação vai torcer o nariz ou tirar conclusões erradas, mesmo considerando sua curtíssima duração, meros 27 minutos. Essa desorientação foi o que senti quando assisti ao filme pela primeira vez há anos, mas tudo mudou em conferidas posteriores, já com o benefício de pesquisa.

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28º Lugar: Gran Casino

10 pontos

Gran Casino (1947) foi o primeiro filme que Luís Buñuel dirigiu sozinho desde Terra sem Pão (1933). Sua conturbada mudança da Espanha para os Estados Unidos, e de lá, para o México, não lhe permitiu assinar nenhum longa-metragem nesse período. Seu retorno à frente de um projeto veio através do convite de Óscar Dancigers, produtor que ofereceu ao adormecido monstro surrealista um drama cantante com duas grandes estrelas da música e do cinema mexicano na época. Imaginem só.

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27º Lugar: Subida ao Céu

15 pontos

Em 1952, Luis Buñuel estava em seu longo exílio no México, onde dirigiu vários filmes, desde clássicos imortais, até fitas descartáveis, mas todos eles com uma pitada de sua verve surrealista ainda que, em linhas gerais, bem calcados no realismo. Subida ao Céu (que, de forma descritiva, foi batizado, em inglês, de Mexican Bus Ride) é um filme curto, de 85 minutos, dessa sua fase mexicana.

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26º Lugar: Assim é a Aurora

15 pontos

Após o seu drama O Rio e a Morte, Luis Buñuel conseguiu emplacar um roteiro junto a alguns produtores franceses, o que antecipou em alguns anos aquela que seria considerada a sua “segunda fase francesa“, iniciada oficialmente com Diário de uma Camareira (1964), tendo apenas uma “interrupção” para a filmagem de Simão do Deserto, em 1965, o último filme que o diretor rodaria no México.

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25º Lugar: A Ilusão Viaja de Bonde

18 pontos

A prolífica – ainda que não totalmente brilhante – Fase Mexicana de Luis Buñuel continuou com A Ilusão Viaja de Bonde, que pode ser chamado, sem muito medo de errar, de seu segundo road movie, seguindo Subida ao Céu, de 1952. Dessa vez, porém, no lugar de um ônibus, Buñuel trabalhou com um ícone urbano da época, o bonde, o que acaba funcionando como uma fotografia de um México citadino, frenético, com todas as mazelas que decorrem daí. A ideia, por si só, é sensacional, não é mesmo?

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24º Lugar: Susana, Mulher Diabólica

18 pontos

Baseado no romance de Manuel ReachiSusana, Mulher Diabólica segue-se ao clássico Os Esquecidos e, por mais que se diferencie de seu predecessor na abordagem crítica da sociedade, não deixa de ser um ótimo exemplar da fase mexicana de Luis Buñuel.

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23º Lugar: El Gran Calavera

19 pontos

Assim, a volta de Buñuel ao cinema mexicano se deu sob supervisão ainda mais estrita de sua direção, para evitar que seus maneirismos afastassem o público de seu segundo filme no país, El Gran Calavera. Escrito pelo casal Janet e Luis Alcoriza com base em peça de Adolfo Torrado, a obra é uma comédia cheia de reviravoltas envolvendo o milionário perdulário Ramiro de la Mata (Fernando Soler) e sua família sanguessuga composta por seu irmão Ladislao (Andrés Soler), sua cunhada Milagros (Maruja Grifell), seu filho Eduardo (Gustavo Rojo) e sua filha Virginia (Rosario Granados). Ramiro, com saudades de sua esposa falecida, entrega-se à bebida e não se importa mais com o trabalho ou mesmo com a família, preferindo entregar dinheiro para não se aborrecer.

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22º Lugar: O Bruto

27 pontos

Depois do realismo cru de Os Esquecidos e das pinceladas realistas (múltiplas de outros subgêneros) trabalhadas em Subida ao Céu, Buñuel realizou O Bruto, uma obra pequena e da qual o diretor pouco se lembraria ou comentaria nos anos seguintes, mas que consta entre as melhores películas encomendadas que ele entregou aos estúdios mexicanos.

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21º Lugar: Os Ambiciosos

28 pontos

Os Ambiciosos foi o último filme franco-mexicano de Luis Buñuel e talvez o seu filme de conteúdo mais abertamente político. Diferente das indicações indiretas ou parciais que encontramos em obras anteriores ou posteriores em sua filmografia, vemos aqui uma sequência de focos políticos na ilha de Ojeda, eventos que, mesmo tendo como base o livro de Henri Castillou, carregam os tempos de engajamento político do diretor na Espanha dos anos 1930 e trazem ainda um reflexo importante do ano em que foi realizado: a Revolução Cubana.

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20º Lugar: O Diário de uma Camareira

28 pontos

O Diário de uma Camareira marca a volta definitiva de Luis Buñuel às produções francesas, depois de quase 20 anos no México, em que pode aproveitar a “Era de Ouro” das produções naquele país e ele mesmo criar obras-primas. Seu retorno à França, para trabalhar com o roteirista Jean-Claude Carrière e com o produtor Serge Silberman, fecha o círculo da carreira de Buñuel de maneira muito poética, pois ele não só volta às suas origens (Um Cão Andaluz e A Idade do Ouro foram produções francesas), como passa a criar – como já vinha criando, com O Anjo Exterminador e Viridiana – um conjunto de obras-primas pelas quais ingressaria no panteão dos melhores diretores que já viveram.

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19º Lugar: A Idade do Ouro

29 pontos

A Idade do Ouro é a continuação espiritual de Um Cão Andaluz. A mesma estrutura de sequências aparentemente sem explicações é vista na tela, começando com trechos de um filme tipo National Geographic sobre os hábitos dos escorpiões. Dentre os vários hábitos curiosos que descobrimos, aprendemos que a cauda dos bichos é dividida em cinco segmentos e o que se segue nos próximos 60 minutos são cinco segmentos dessa “cauda” unidos tematicamente por críticas à religião e à burguesia.

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18º Lugar: A Adolescente

30 pontos

Posso dizer com bastante tranquilidade que, tendo visto a maioria do trabalho de Luis Buñuel e escrevendo um gigantesco especial sobre sua filmografia juntamente com meu co-editor Luiz Santiago, não esperava encontrar nenhuma surpresa nos poucos filmes que ainda estavam inéditos para mim. No entanto, fico muito feliz em dizer que A Adolescente me pegou desprevenido, desguarnecido e completamente despreparado. Foi um verdadeiro solavanco cinematográfico de um de meus diretores preferidos.

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17º Lugar: As Aventuras de Robinson Crusoé

30 pontos

Mas muito pouca gente sabe que o improvável Luis Buñuel dirigiu e co-escreveu um filme adaptando o romance. Trata-se de seu primeiro longa integralmente falado em inglês, ainda que ele tenha filmado, na verdade, duas versões simultâneas, sendo a segunda em espanhol. A produção foi extremamente complicada, começando em 1952 e só acabando em 1953 – um tempo considerável, já que as obras de Buñuel em sua Fase Mexicana eram feitas muito rapidamente, em questão de semanas. Além disso, apesar de mexicano em origem, o filme estreou primeiro nos Estados Unidos, já que a United Artists adquiriu os direitos mundiais de distribuição da fita.

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16º Lugar: Ensaio de um Crime

33 pontos

Ensaio de um Crime é uma das obras notáveis de Luis Buñuel nos anos 1950, uma de suas películas mais livres da fase mexicana em termos de composição e toques psicanalíticos ou próximos ao mundo surrealista. O filme é a adaptação de um livro homônimo do escritor, poeta, dramaturgo e diplomata mexicano Rodolfo Usigli, considerado o pai do teatro mexicano moderno.

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15º Lugar: Tristana, Uma Paixão Mórbida

34 pontos

Tristana, segunda colaboração de Luis Buñuel com Catherine Deneuve (a primeira foi no sensacional A Bela da Tarde), é um filme difícil de assistir. Filmado em locação em Toledo, Espanha, o longa nos apresenta a personagens estranhos, doentios em uma ambientação antiga, decadente, propositalmente caindo aos pedaços. E, mesmo que, lá pela metade da projeção, consigamos notar um vislumbre de luz no fim do túnel, a grande verdade é que a luz é enganosa, maldosa mesmo, pois Buñuel nos faz mergulhar mais profundamente ainda no macabro logo em seguida.

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14º Lugar: Nazarin

35 pontos

Imagine um espectador que nunca tivesse visto um filme de Luis Buñuel, apenas tivesse ouvido falar de sua iconoclastia, de seu desprezo às religiões, críticas ferrenhas à igreja católica e seus cargos de elite. Agora imagine este mesmo espectador assistindo Nazarin como introdução à obra do cineasta aragonês. Definitivamente ele iria achar que tudo o que se falou a respeito do “herege Buñuel” foi uma brincadeira de mal gosto.

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13º Lugar: O Alucinado

40 pontos

O Alucinado, batizado originalmente apenas de El, de 1953, é mais um exemplo de filme da fase mexicana de Luís Buñuel, um longo período de sua carreira em que ele flutuou entre filmes puramente comerciais sem suas assinaturas autorais, outros com alguma “cara” de Buñuel e grandes obras-primas. O Alucinado transita entre os dois últimos tipos de obras dirigidas e escritas pelo grande diretor durante essa época, ainda que o filme seja mais comumente considerado como uma obra menor do diretor.

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12º Lugar: Escravos do Rancor

44 pontos

Quando Luís Buñuel carregou nas cores melodramáticas em Uma Mulher Sem Amor, o resultado foi um novelão mexicano, daqueles de trincar os dentes de tão exagerado. Mas claro, sua liberdade havia sido tolhida e ele teve que dirigir um filme para as massas da época. Quando a adaptação de O Morro dos Ventos Uivantes, clássico romance gótico de Emily Brontë, caiu em seu colo para adaptar, Buñuel, sob o disfarce de dramalhão, fez uma de suas mais poderosas e viscerais obras.

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11º Lugar: A Via Láctea ou O Estranho Caminho de São Tiago

47 pontos

Provavelmente o filme mais subestimado e talvez o menos visto da 2ª fase francesa de Buñuel (ao lado de Esse Obscuro Objeto do Desejo), A Via Láctea é um amálgama de elementos como razão, fé, fanatismo, fatos históricos, sexualidade e críticas à igreja que o diretor abordou em suas obras de temática religiosa durante toda a carreira. O roteiro, assinado por Buñuel e Jean-Claude Carrière, não traz uma única história ou se centra em um único motor narrativo, o que torna o filme um exercício bastante exigente.

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10º Lugar: A Morte no Jardim

48 pontos

Exatamente como em Assim é a AuroraA Morte Neste Jardim (ou A Morte no Jardim, como também é conhecido aqui no Brasil) é um parênteses de produção na fase mexicana de Buñuel, quando ele teve produção e elenco franceses para realizar dois filmes. Essa situação voltaria a se repetir em 1959, com Os Ambiciosos, último filme com capital francês que o diretor guiaria antes de sua mudança definitiva para a França, no final dos anos 1960.

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9º Lugar: Esse Obscuro Objeto do Desejo

49 pontos

Usando mais uma vez o ator que viria marcar a fase final de sua carreira, o espanhol Fernando Rey, Buñuel nos narra uma história – inspirada por e, por incrível que pareça, bem próxima ao romance La Femme e le Pantin, de 1898, escrita por Pierre Louÿs – de paixão e amor “sem sexo” entre um francês mais velho (Rey, no papel de Mathieu) e uma bela jovem espanhola (Conchita, vivida por Carole Bouquet e Ángela Molina – mais sobre esse fato em um instante). A essa altura, Fernando Rey já havia se transformado em uma espécie de alter-ego de Buñuel diante das câmeras e vemos o ator muito confortável e brilhante em todas as cenas.

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8º Lugar: Simão do Deserto

50 pontos

Com Simão do Deserto (1965), Luis Buñuel finaliza o seu triplo ataque cáustico a tudo o que é demasiado, exercício iniciado em Viridiana, seguido por O Anjo Exterminador e terminado aqui. O filme é uma comédia cínica e desconcertante sobre o fanatismo, a idolatria e a suposta santidade de algumas pessoas e objetos. Ao contrário de Viridiana, Simão não é desvirtuado pelo pecado e pelos pecadores que o cerca. Por ser considerado um santo, ele é tentado por algo “mais forte”: o próprio diabo (Silvia Pinal).

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7º Lugar: O Fantasma da Liberdade

51 pontos

Já com 74 anos quando começou os trabalhos em O Fantasma da Liberdade, o cineasta aragonês Luís Buñuel provavelmente sabia que não teria muito mais tempo pela frente. Ele já queria ter se aposentado antes de O Discreto Charme da Burguesia, mas novas ideias o impeliram a continuar e essas ideias o levaram, talvez, aos momentos mais altos e inesquecíveis de sua longa e frutífera carreira.

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6º Lugar: O Discreto Charme da Burguesia

54 pontos

Luis Buñuel achava que estava se repetindo demais e havia decidido que, depois de Tristana, Uma Paixão Mórbida, encerraria sua carreira. Se ele estava fazendo charme ou não, nunca saberemos com certeza, mas a história nos mostrou que Buñuel dirigiria, em seguida, três de seus maiores clássicos, começando com O Discreto Charme da Burguesia, passado por O Fantasma da Liberdade e encerrando sua brilhante carreira com Esse Obscuro Objeto do Desejo.

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5º Lugar: Os Esquecidos

57 pontos

Os Esquecidos foi a primeira obra grandiosa que Luis Buñuel realizou em terras mexicanas. Sua jornada no país começou com o drama musical Gran Casino (1947), uma história de amor com canções entoadas por duas grandes estrelas da música mexicana na época. Dois anos depois veio o sucesso El Gran Calavera, filme que animou o produtor Óscar Dancigers a procurar outras parcerias e dar a Buñuel a liberdade de fazer um filme de seu gosto. O resultado veio em 1950, com Los Olvidados.

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4º Lugar: Um Cão Andaluz

57 pontos

Um Cão Andaluz foi criado para servir de rompimento ao padrão cinematográfico então vigente – na verdade até hoje vigente – que determina, em linhas bem gerais, que tudo que está na tela deve fazer sentido (direto ou indireto), fazendo parte de uma narrativa coesa. Quando Luis Buñuel trabalhou com o polonês Jean Epstein em filmes como A Queda da Casa de Usher (1928), ele aprendeu a firme técnica imposta pelo diretor. Tudo era calculado. Tudo seguia um raciocínio. Apesar de dever muito a Epstein, Buñuel decidiu partir para a ruptura total, literalmente trazendo sonhos para as telas. E como sonhos não necessariamente têm estrutura formal — um começo, meio e fim — assim ele fez, junto com Salvador Dalí.

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3º Lugar: Viridiana

58 pontos

Co-produzido por México e Espanha e vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o irônico Viridiana, é a abertura da trina desvirtude de Buñuel e o filme onde se encontra a sua primeira apóstata da fé. A película conta a história de Viridiana (Silvia Pinal), noviça que é convidada por seu solitário tio para passar alguns dias em sua casa. Durante todo o tempo, o tio tenta seduzi-la de várias maneiras.

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2º Lugar: A Bela da Tarde

60 pontos

A racionalização completa de A Bela da Tarde, que muitos críticos, analistas e psicólogos já tentaram, é infrutífera. Não como matéria para debate, pois aí sim muita coisa interessante pode sair, mas sim como tentativa de rotulagem, como carimbo, como algo definitivo. Grande parte das obras-primas de Luis Buñuel ultrapassam as fronteiras de definições e da necessidade que muitos têm de encontrar significado em tudo.

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1º Lugar: O Anjo Exterminador

61 pontos

Se em ViridianaLuis Buñuel dessacralizou a beatice e a caridade, instaurando a desvirtude através da apostasia, em O Anjo Exterminador (1962), o cineasta traria a desvirtude à aristocracia. Neste filme, o diretor despe a alta classe de seu “discreto charme”, retira a pompa da ocasião em que se reúnem, arranca as etiquetas, expele as verdadeiras personalidades de cada um e ainda critica a igreja, na sequência final do filme, quando a polícia abre fogo contra a multidão na praça e um bando de ovelhas entram na casa de Deus: providência divina de alimento para os que ali permaneceriam trancados… ou metáfora da união entre fascismo e igreja?

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